segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Trotsky, o homem da Revolução permanente e que papou Frida Kahlo...

  


 Esta semana foi rica em memórias, em discursos e em textos elogiosos ao Kamarad Trotsky. Quem é que não se lembra dele? E são ainda muitos os trotskistas pelo mundo a fora... E ninguém duvida de sua genialidade. Mas... cresceu demais e despertou a fúria maligna de seus camaradas, o principal deles, Stalin, el sepultero, como o chamou o jornal mexicano quando noticiou o assassinato, em Coyoacan, na casa de Frida Kahlo (agosto de 1940).

Obcecado pela Revolução Permanente, a trajetória de Trotsky foi cheia de obstáculos políticos e familiares. Confinado na Sibéria, abandonou sua mulher e suas duas filhas, em nome da revolução. Viveu exílios na Turquia, na Alemanha, Paris e, finalmente, um exílio definitivo, na Cidade do México. Seu filho morreu numa prisão de Stálin e uma de suas filhas suicidou-se em Berlim. 

Nos tempos em que vivi na cidade do México, era quase uma rotina, nos finais de semana, ser empurrado pela turistada à tumba de Trotsky, em Coyoacan, no interior da antiga casa de Frida Kahlo, a pintora surrealista e mulher de Rivera, quem, Trotsky teria papado, (a Frida) sob as barbas do grande e bonachão muralista, de origem judaica, como Trotsky, e que tinha um nome de batismo, pra lá de longo e bizarro: Diego Maria de la Concepción Juán Nepomuceno Estanislao de la Rivera y Barrentos Acosta y Rodrigues... 

O matador de Trotsky, segundo opinião universal, o fez a mando do velho Stalin, quem o acusava, entre outras coisas, de ser fascista e, claro, por problemas psicopatológicos oriundos ainda dos tempos de Cain.

Para alguns exegetas, o tal matador, que o fez com uma espécie de picareta (quebra gelo), foi um sujeito disfarçado de jornalista e conhecido (nome falso) por Ramon Mercader (esse nome, por si só, deveria ter chamado atenção de um homem tão antenado como Trotsky), o fez a mando de sua mãe, uma senhora belga que havia sido espia e militante comunista. Como se vê, a culpa é sempre da mãe! Mas isto, agora, não tem a menor importância!, o que é de lamentar, é que Trotsky, que acusava seus opositores de, em breve, irem para um monte de cinzas da história, acabou transformando-se, ele próprio, precoce e prematuramente, num deles. E que está lá, nos fundos do atelier da Frida, anunciado por uma lápide vertical onde há, em baixo relevo, uma foice imensa, símbolo de sua ilusão, quase rabinica.

Sim, também esteve em exílio em Viena, onde Freud, um pouco antes, havia publicado o seu texto: O porvir de uma ilusão.

Enfim, 80 anos depois daquele horror estúpido, os trotskistas, por um lado, seguem alimentando e fomentando uma mitologia; os stalinistas, outra; os leninistas outra; os anarquistas, outra e os verdadeiros fascistas, outra... a respeito desse homem. y asi se van los dias...

O que verdadeiramente importa, nestes dias, quase um século depois do assassinato de Trotsky, é que continuamos mais ou menos na mesma merda... E que, na semana passada, um opositor político de alguém, lá na mesma e velha Russia, foi envenenado. Picaretas e peçonhas! Y asi se van los dias... 

Comprovando que, como Trotsky gostava de dizer, quase num ato de fé: A vida é uma semente difícil de abrir!

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EM TEMPO: Um assunto que sempre me chama atenção é a troca de nomes, como o fez Trotski. Como se sabe, seu nome de batismo era: Lev Davidovich Bronstein. Depois de uma temporada na cadeia, resolveu adotar para si o nome de um de seus carcereiros: Trotsky. Freud explica! Também o revolucionário vietnamita Nguyen Sinh Cung, resolveu adotar o nome de um mendigo que conhecia: Ho Chi-Min. Também o Derrida, que originalmente se chamava Jackie Élie Derrida e que passou a chamar-se Jacques Derrida. O Machado de Assis, que tinha no batismo o nome de Joaquim Maria Machado de Assis e o Sarney, ex presidente da república cujo nome completo era: José Ribamar Ferreira de araujo Costa.  (O caso do Diego Rivera, não preciso repetir)

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