quarta-feira, 6 de dezembro de 2023
terça-feira, 5 de dezembro de 2023
Vexame no desempenho dos alunos brasileiros... E agora, os larápios de turno, estão querendo culpar até a pandemia pelo analfabetismo generalizado..
Um território com um nome desses, "Essequibo", deveria ser ignorado por todos e para sempre...
De minha parte, sempre que ouço falar em Colombia, em Venezuela ou em outra das tribos latino-americanas, me é difícil não pensar nas maracas, na rumbia e em Vargas Vila, um dos escritores mais venenosos, loucos e selvagens da América Latina. Nele que conviveu com José Marti e Rúben Darío; que foi editor da revista literária Némesis; secretário privado de Joaquin Crespo, quando este invadiu a Venezuela (1890) e que foi excomungado pela Santa Sé, depois de publicar seu livro IBIS.
Olho para sua Obra Completa que dignifica minha biblioteca e me pergunto: O que diria Vargas Vila da disputa por esse ridículo pedaço de selva chamado Essequibo? (Que nome!) E ouço uma voz soberba e impotente que sai lá de entre as brochuras:
1. Não sou vil o bastante para ser amo de meus compatriotas, nem serei nunca vil o bastante para tolerar os seus amos... E depois.., rogar? Rogar a quem, camarada Bazzo? E contra quê? Contra quem? A mesma mudez e a mesma solidão refletirão o gesto tanto daquele que dobra a cabeça e se ajoelha como daquele que, colérico, levanta os punhos no vazio e cospe contra o céu deserto... (De sus lises y de sus rosas p. 226)
2. Presto atenção e ele continua: O mundo agoniza com as veias abertas sobre os campos devastados, aos pés de seus deuses inúteis, incapazes de protegê-lo e de vingá-lo... (Ante los bárbaros, p.4,5)
3. Nada é mais funesto a um país do que o império das frases; por isso os governos dos grandes oradores têm sido sempre tão fatalmente estéreis. Não existem piores homens de governo que os homens de frases. As grandes frases têm sido tão fatais aos povos como os grandes crimes... (Laureles rojos, p. 68,69)
4. Quando um argumento é convincente, perde todo o encanto, só o sofisma tem vitalidade, porque faz crer na verdade, mas não a revela... (De los viñedos de la eternidade, p.34)
5. A única vitória que me reservou o destino, foi a de ver cair um a um todos os tiranos que feri com minha caneta...(La muerte del condor, p.16).
6. As democracias têm isto de triste: escolhem sempre um escravo que as governe. E o que pode ser o governo de um escravo, senão uma escravidão? (De los viñedos de la eternidade, p.152).
7. O grande felino esquelético viaja solitário pelos cumes áridos e não tem nada a ver com o festim das raposas na selva exausta... (Laureles rojos, p.233).
8. O direito ao voto me parece um direito ao envilecimento; votar é abdicar; é eleger-se um amo; é dar-se a um amo; é mais vil que suportá-lo. Um homem livre não consegue aproximar-se de uma urna eleitoral se não é para quebrá-la. Votar é perpetuar a vida do tirano, daquele tirano que nos escraviza e nos envilece a todos: o Estado. (El Minotauro, p. 71)
9. Se estes são os homens de amanhã, que será desta pátria amanhã? (Horário reflexivo, p. 47).
10. Não acompanhei nunca o Carro de Triunfo de nenhum vencedor, por maior que parecesse e nunca tirei meu chapéu quando passavam por mim, e quando não os ataquei com minhas injurias, lancei sobre eles a mortalha de meu silêncio. Nem minhas mãos se estenderam nem meus lábios se abriram para aplaudi-los, jamais... (La república romana, pp XII, XIII).
11. Sem dúvida, Kant tinha razão ao afirmar que a Providência é mefistofélica e que persegue o bem da espécie através do mal do indivíduo. E para isso se fez a resignação, a resignação que é uma paixão de bestas... (Huerto agnóstico, p.118)
12. O homem, segundo Sócrates, como o homem segundo Schopenhauer ou o homem segundo Nietzsche, é um ser falso, um ser absurdo e absolutamente metafísico, uma vez que vai em busca da perfeição. O homem verdadeiro é o homem de Hegel e de Stirner, o homem fisiológico, com suas dores inconsoláveis, suas enfermidades indestrutíveis e sua morte inevitável... (Huerto agnóstico, p.136)
13. Na Nicaragua, a Assembléia Nacional ordenou aos clérigos que abandonassem os arreios femininos e se vestissem como homens. Eles protestaram contra essa medida que os obrigava à confissão pública do sexo. Sentiam a nostalgia do disfarce e a doce carícia de suas envolturas bissexuais... (Laureles rojos, p.134)
14. Não existe nada mais vil na escala dos despotismos do que o escravo intelectual ou, melhor dizendo, do que o intelectual escravo, que tendo consciência de sua baixeza, não renuncia a ela... (La voz de las horas, p.173)
15. A verdade é de tal maneira odiosa aos homens, que quando mencionam uma, a colocam na boca de um louco como Hamlet... (De los viñedos de la eternidade, p. 62)
segunda-feira, 4 de dezembro de 2023
De Gounod, e de Franz X. Gruber... a Astor Piazzolla...
Ontem, domingo, com a cidade já entrando na clássica depressão de 'fim de ano', tonta, tropeçando nos próprios calcanhares, caindo pelas beiradas, reencenando traumas infantis imaginários e em clima de surto... (Bah! Nada é mais brochante do que ouvir um velhinho ou uma velhinha de 80, nestas épocas de teatralidade natalina, choramingando porque aos sete anos de idade o Papai Noel lhe negou um pirulito...) fui surpreendido por um morador de rua, em farrapos, embaixo de minha varanda, quase um faquir, tocando, sem partitura em um instrumento de sopro improvisado, nada mais nada menos que Romeu e Julieta, seguida da Ave Maria, as duas de Gounod, e por fim, a clássica, melancólica, 'ilude babaca' e ridícula Noite Feliz, composta por aquele pueril professorzinho austríaco conhecido por Franz X. Gruber
Quando o vi, estava na esquina de um prédio e ia se deslocando sutilmente com o bocal do instrumento nos lábios, na direção das janelas semi-abertas dos outros prédios, - onde, em umas tremulava a bandeira sionista e em outras a do Hamas... - como se quisesse afetar com suas melodias a todos os moradores da quadra. Claro, as velhinhas que são taradas por um Papai Noel, (que, aliás, este ano abandonou a fantasia da Coca Cola e está vestido de branco) ainda enroladas naqueles roupões anti-sexuais, numa espécie de vertigem ilusória, batiam palmas, lhe jogavam moedas e lhe desejavam uma linda, amorosa e inesquecível madrugada, no dia 24. Houve até uma que, - depois de dizer-lhe que irá passar as festas em Maceió, antes que a Braskem (a mesma que, dias atrás, esteve lá na COP 28 junto com outros apóstolos internacionais defendendo o meio ambiente) enterre definitivamente aquele pobre vilarejo - lhe garantiu que Cristo (como Godot) está para chegar e que ele - o mendigo -, seria levado para sentar-se ao lado direito do Pai Eterno... Muitas, muitíssimas baboseiras semelhantes de arrepiar... E ele, que teve os avós e os pais nascidos em porões da pequena burguesia ou na sarjeta (como ele próprio) e que, para sobreviver, passou por todas as putarias do mundo; que sempre que dava um passo além do rebanho tinha que lutar com a ralé que queria puxá-lo de volta para à mediocridade, ele que conhecia, como ninguém a hiena que hiberna nas tripas dessa raça patética, fingia acreditar naquela pantomima beata e febril e seguia soprando aquele misterioso instrumento, mas com fogo nos olhos... Do meio das nuvens surgiu inesperadamente, uma trovoada... A cena, acreditem, superaria a todas as criadas e encenadas artificialmente por Eurípedes ou por outros clows da modernidade...
Quando me viu, fez aquele gesto subalterno e cabotino dos músicos manipuladores de cabarés, como me implorando uma ajuda.., um pix.., qualquer coisa... Achei que ele realmente a merecia e atirei-lhe, como quem joga pérolas aos porcos, a partitura completa de OBLIVION, de Astor Piazzolla...
Apesar de toda a baboseira vigente, o domingo estava metafisicamente ganho...
Mas seria hipócrita se não admitisse que me envergonho de não possuir a leveza das nuvens e a profundidade dos abismos...
domingo, 3 de dezembro de 2023
PADRE VIEIRA ... Uma curiosidade inacreditável...
"... Para ter certeza de estar publicando
uma notícia inédita, basta inventá-la..."
(Pitigrilli)
Os ilustres vereadores do Rio de Janeiro acabam de aprovar uma Lei que possibilitará aos lacaios municipais arrancar e dar um fim ao busto do Padre Antonio Vieira, instalado na PUC/Rio desde 2011, peça que foi doada ao Brasil pela Câmara Municipal de Lisboa. Motivo? Vieira, em sua gestão, teria sido racista e responsável por um massacre de negros...
Acreditem! Não é fake news...
Mesmo quem não tem lá grandes paixões por esse trapaceiro metafísico, está impressionado com a revolucionária decisão do monstruário vigente...
O Mendigo K me garantiu que está enviando um memorando para os jesuítas da PUC, sugerindo, no lugar do Viera, erigir uma estátua do Marques de Pombal. Ou então, já que o surrealismo não tem fim, que tal implantar lá o busto de Luz del Fuego?