sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Viagem ao fundo dos galinheiros... OU: Por quem os galos cantam...(Uma hermenêutica dos claustros...)


Livro já disponível para compra nos semáforos, nos botecos noturnos e pelo link abaixo... COMPRE!
 Cultura, saber e dinheiro sempre andaram de mãos dadas e sempre fornicaram nas mesmas alcovas... Apesar de que, parafraseando a Whitman, as coisas que digo e escrevo não o faço por uns míseros dólares e muito menos para passar o tempo enquanto espero o ônibus...





orelha 1

orelha 2

 

 




A ciência e os moluscos hermafroditas do Mediterrâneo...




No mundo inteiro, os cientistas, que hibernavam há décadas, ou que viviam só se pavoneando em Congressos Internacionais (uns em Búzios, outros em Cancun, outros em Paris ou Shangai, outros em Veneza; todos regados a bons vinhos e etc.), foram acordados pelo vírus e agora se agitam, quase heroicamente, tentando  descobrir alguma coisa que barre a epidemia e que salve seu status quo perante os cofres estatais e perante o populacho.

Os jornais de hoje tratam de um artigo da revista Science (organizada, editada e publicada por eles) que menciona a tal plitidepsina, uma droga que teria um potente efeito pré-clinico contra a Covid 19. 

Quem é que, por mais mau caráter e catastrofista que seja, não está torcendo para que eles tenham sucesso e que essa merda toda se resolva?

O que me chamou mais atenção nessa droga sintética, é que ela é - segundo a revista - baseada numa substância produzida por moluscos hermafroditas, grudados em pedras no Mar Mediterrâneo. (Il mare nostro!) O assunto não lhes parece meio alternativo e até poético?

Por falar em hermafroditismo, me vem maligna e misteriosamente à memória o relato de Vargas Vila de que, em seu tempo, a Assembléia Nacional da Nicaragua ordenou aos clérigos de lá que abandonassem os arreios femininos e se vestissem como homens. Eles, segundo o historiador, protestaram veementemente contra essa medida que os obrigava à confissão publica do sexo.

E la nave va...


 



quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Pandemia: Da poção mágica da Ministra do Sri Lanka às gotinhas milagrosas do Presidente Maduro...


Apesar de doloroso, seria belo esse espetáculo: um porco de joelhos diante de uma estrela... Isto é, com as quatro extremidades absortas de adoração..."

Vargas Vila

(IN: Horário reflexivo, vol. 26, p. XIX)

 


Depois da ministra da Saúde do Sri Lanka (a senhora Pavithra Wanniarachchi), que na semana passada defendeu o uso de uma poção mágica a base de noz moscada e mel para combater o coronavirus, (segundo ela, e seu feiticeiro, a ingestão dessa pasta, protegeria o sujeito do vírus para toda a vida); agora foi o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro que no último domingo apresentou aos venezuelanos o seu bálsamo para conter a epidemia: Umas gotinhas milagrosas, às quais deu até um nome que impressiona: Carvativir. 

Charlatanismo metafísico! E não foi por acaso que seu pronunciamento televisivo foi feito num domingo, não é? Mas o mais curioso, é que muita gente que hoje está rindo desses receituários esdrúxulos e exóticos, também têm em casa suas gotinhas milagrosas para outros e litúrgicos fins, não é verdade? Quantos e quantos picaretas metafísicos, desde seus altares, púlpitos e tronos, fazem coisas semelhantes por aí, e até piores e mais delirantes, não só com a promessa de curar o corpo, mas principalmente a alma. E não só de garantir mais uns anos de vida, mas de assegurar a própria eternidade...

Quem é que não se lembra do charlatão Alejandro Abonutico que durante a Peste Negra na Itália, vendia pequenos poemas (oráculos, orações) para combater a peste? Bastava as famílias pregarem os "poemas" nas portas e janelas de suas casas para que a Peste não entrasse... Dio Mio!

Pode até ser exagero, mas isso me causa uma misteriosa vergonha...

Sinceramente, a pandemia veio mostrar-nos o quanto estamos imbecilizados e entalados na Idade Média e que, governados por esse tipo de gente, conseguir viver 40, 50, 60, 70, 80 anos tem sido um verdadeiro milagre... Sorte que ainda se pode ouvir a Sonata número 10, de Paganini...






Enquanto espero pelo habeas corpus e vou passando Bom-Bril nas frigideiras...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Wilhelm Reich, o "judeu pornográfico" e a FDA que incinerou sua obra...

 


Nestes dias em que não se fala em outra coisa além da ANVISA brasileira, da FDA dos Estados Unidos e de outras agências reguladoras pelo mundo a fora, vale a pena lembrar dos conflitos que Wilhelm Reich teve com a FDA dos Estados Unidos desde que fixou residência naquele país, até sua morte, em 1957, na penitenciária de Lewinsburg.

Wilhelm Reich, (quem é que passou por uma universidade e que não ouviu falar dele?)  Nascido em 1897, no antigo Império austríaco, estudou medicina e psiquiatria, foi discípulo e dissidente de Freud, tentou fundir psicanálise e marxismo (Freudomarxismo) e acabou sendo expulso pelos dois bandos. Austria, Alemanha, Suíça, Dinamarca… foi praticamente banido desses países por suas teorias, perseguido tanto pelos nazistas como pelos comunistas e psicanalistas, sob acusações de charlatanismo, de ser um “judeu pornográfico”, etc. até tornar-se professor nos EEUU, na New School for Social Research.

Suas teorias sobre o orgón atmosférico e a orgonomía; assim como suas principais publicações, (Análise do caráter; Psicologia de massas do fascismo; A função do orgasmo; Orgonterapia; A praga emocional no trabalho; A morte de Cristo; a luta sexual dos jovens; O caráter genital e o caráter neurotico; Escuta Zé ninguém) e, principalmente as atividades em seu laboratório de pesquisas instalado no Estado do Maine, levaram a FDA a convocá-lo para “explicações”. Convicto de que a ciência não tem que justificar-se a burocratas, recusou-se e foi preso. No dia 23 de agosto de 1956, em Nova Iorque, um caminhão com tudo o que havia recolhido no Orgonon Institute, foi queimado no incinerador de Gansevoort. 

 Morreu no dia 03 de novembro, de 1957, vitimado por um ataque cardíaco. (Ver obra de Carlos Frigola).

Enquanto isso… as agencias reguladoras do planeta inteiro, preocupadissimas com a cura da humanidade, ainda continuam mergulhadas em assuntos transcendentes como as aspirinas, as cloroquinas e os supositórios de vaselina…

sábado, 23 de janeiro de 2021

Os supostos Mestres e a ilusão de educar...

 



"PODER SEM SABER & SABER SEM PODER"
M. Tragtemberg

Não só aqui na cidade, mas no país inteiro, professores, pais e mães de alunos e o staff burocrático dos estados discutem se devem considerar perdido o ano escolar de 2020; se a pantomima do ensino ON LINE serviu para alguma coisa e se devem fazer-se de surdos e de cegos e considerar que todo aluno, por mais inepto que seja, por uma questão de humanismo e de caridade, deve ser empurrado-para-a-frente, "passar de ano".

Quê pressa é essa, caros burocratas? O vírus não lhes ensinou nada, ilustres gerontocratas?

Um estelionato! Uma delinqüência intelectual! 

Sorte que nem todo mundo está engolindo essa bobagem. Uma mãe, minimamente escolada, escreveu-me para saber minha opinião sobre o assunto e o que fazer com seus dois filhos, um no Primeiro e o outro no Segundo ano do Segundo Grau. Fiquei tentado a responder-lhe: Minha senhora! Caia na real! Não tenho a mínima idéia! Não me siga que eu também estou completamente perdido!, mas resolvi ser mais simpático.

Minha senhora, lhe escrevi. Não pense que ir a escola ou não, faz alguma Grande diferença. Dificilmente as crianças e os adolescentes  escaparão de uma educação para o conformismo. Observe, como a Síndrome do conformismo domina tudo. E como educar para a manutenção do Sistema e dos Dogmas é a meta fundamental das escolas, públicas ou privadas... Mesmo assim, admitir que seus filhos  "passem de ano" nestas condições, tendo estado todos esses dias da pandemia vendo filminhos americanos, coçando as virilhas e bocejando em casa, é empurra-los para o abismo e armar uma armadilha contra eles próprios. ("Cuidado com as generalizações, Bazzo!" escreveu ontem um otimista esotérico num comentário). Envolver seus filhos nessa trapaça, minha senhora, é uma traição porque, amanhã, sem saber diferenciar uma vírgula de uma exclamação, não terão outra alternativa senão incorporar-se a uma torcida organizada ou ir com o lupemproletariado, às 4 da manhã, à porta das fábricas implorar por 10 horas diárias de escravidão em troca, basicamente, de humilhações, de trapos e de comida...

Mas como saber o nível escolar em que eles estão? Me implorou ela.

Ora!.., minha senhora - Lhe respondi - pergunte-lhes, depois do Todinho com biscoitos, qual é a capital do Afeganistão ou qual é o mar que lambe as costas poluídas do Maranhão... E peça para seu filho que está no meio do Segundo grau para escrever vinte linhas sobre qualquer assunto. Sem querer depreciá-lo, duvido que já tenha ouvido falar algo a respeito do Afeganistão e do Maranhão, e que seu texto seja compreensível. Ao outro, ao que está no primeiro ano, basta pedir-lhe que escreva um parágrafo, apenas um parágrafo, sobre as evidencias de que é a terra que gira ao redor do sol e não o contrário... Não conseguem. E, mesmo assim, vão querer empurrar esses garotos para o fim da carreira? Para quê? Bucha de canhão? Deveria ser exatamente o contrário: um ano de pandemia? Dois anos a mais no currículo e a obrigação de ler, todas as manhãs, em voz alta, A delinqüência acadêmica, do Mauricio Tragtemberg. 

Um ano bocejando e coçando as virilhas em casa? Aprender alemão e aramaico em vinte lições...

Veja o exemplo aí, com nossos homens públicos de hoje. Ninguém entende o que dizem. Veja a situação de Manaus! Ninguém diz coisa-com-coisa! Parecem sempre estar falando outra língua. Dizendo uma coisa como quem quer dizer outra. Há uma confusão descarada de interpretações entre eles. Lembra da Torre de Babel? Além disso, minha senhora, não basta querer saber apenas o que os alunos estiveram fazendo durante a pandemia, é preciso saber o que os tais "mestres" e os tais "conselheiros", as "tias" e os "tios" fizeram nesse tempo todo, me entende? Ah, mas aí sim, o circo viria abaixo! 

Sei.., sei.., Bazzo... mas, pelo amor de Deus, não generalize! O niilismo não está mais na moda... 

A propósito, minha senhora, por falar em niilismo, a redação do último ENEM, foi sobre a Saúde Mental...

Seria importante que o Presidente da Sociedade Psiquiátrica; que o Suposto saber de um Instituto de Psicanálise e que o Chefe do Conselho Internacional de Psicologia, requisitassem junto ao MEC essas redações. A sociedade deveria ter o maior interesse em saber o que essa imensa legião de futuros subalternos e essa ingenua massa de manobra pensa e tentou escrever sobre o tema...





sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

A importância das janelas...

Praticamente um ano enjaulados! 

Que esta miséria e este horror sirvam para entender que as cadeias, as penitenciárias, os calabouços, os hospícios, toda essa parafernália estúpida de uma sociedade e de um Estado vingativos deve ser banida do mundo. E que enjaular um sujeito, seja ele um homem ou um rato, (pelo motivo que for), é uma cretinice abominável.  Mas, não quero aprofundar-me sobre este assunto porque, como dizia Jerome K. Jerome: "Não vou despejar sobre você tudo o que sei porque não quero encharcá-lo de conhecimento..."

Nestes meses todos, tenho sido salvo pelas janelas. Ir à janela é a  oitava maravilha do mundo! Não há tristeza e fúria que não se apazigue... Nesta manhã, por exemplo, ao abrir a vidraça e ao sentir além do sol e do vento in natura, o cheiro de uma queimada, foi um alívio e um bálsamo! Ervas queimando nos arredores da república! Ou seria a própria república? O cerrado em chamas ou seria simplesmente o fogaréu ali sob um viaduto, ao redor do qual quatro ou cinco indigentes fumam maconha enquanto outros ainda jazem num sono tão profundo como se estivessem em coma?

Quem já leu a obra de João do Rio (A alma encantadora das ruas), encontrou lá, nas crônicas da vida no Rio de Janeiro do século passado, relatos curiosos sobre a relação dos cariocas daqueles tempos com as janelas.

"O carioca vive à janela. Não é certa classe; são todas as classes. Há um bairro elegante, o único em que há menos gente às janelas. Mesmo assim, trinta por cento das casas nas ruas mais caras, mais cheias de villas em amplos parques, haverá desde manhã cedo gente às janelas.(...) Pela manhã, ao acordar, o dono da casa, a senhora, os filhos, os criados, os agregados, só têm uma vontade: a janela. Para quê? Nem eles mesmos sabem..."(p. 10)



quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Da chuva de dinheiro em Salvador...

"Há cento e noventa anos possuíam os portugueses esta terra e não haviam ainda construído as suas pontes..."

Padre Vieira 

(na Oração a S. Gonçalo) 



Desde os tempos das caravelas lusitanas; de Gregorio de Matos e da Irmã Dulce, a Bahia tem nos brindado com fatos antropológicos fascinantes. Na semana passada, foi um turista, não se sabe se português ou árabe (o DNA é o mesmo) que, estando hospedado em Salvador, no hotel Monte Pascoal, na Barra, passou a jogar dinheiro pela janela. Uns 15 mil reais em notas de 100 e de 50. Dizem que as notas iam planando e ziguezagueando pela Avenida Oceânica, no meio da brisa salgada do mar; umas se perdiam sobre as marquises corroídas pela maresia, outras eram arrastadas pelo vento até pousarem delicadamente sobre os carrinhos e os panelões ferventes dos acarajés... e dos potes abertos do Vatapá... A rua, segundo os jornais, ficou entulhada de gente de todos os pedigrees e o dia inteiro. As baianas do Caruru desligaram os fogareiros, os guias de dinamarquesas abobalhadas, voyeurs & centenas dos vadios-errantes (aqueles descritos por Flaubert), correram para a lateral do hotel e passaram o dia gritando, dançando, invocando seus orixás, com os olhos cravados na janela do anônimo Robin Hood, esperando que o surto reiniciasse...

Depois das imagens (2017) daquele apartamento/bunker lotado de dinheiro, e agora dessa chuva misteriosa, Salvador entrou para o radar dos que só pensam na buena-dicha, na buena-fortuna e na tal prosperidade... muita gente, só por curiosidade e por consolo, até voltou a ler a História da Riqueza do homem, do Leo Huberman...



quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Vacinas: O impasse comercial entre tupiniquins, mandarins e brâmanes...

"Perguntaram a Abú Saíd: O que é o mal e qual é o pior mal? Resposta: O mal es tu; e o pior mal es tu, quando não o sabes..."

Abu Saíd ibn Abil-Khayr


Os anais da epidemia da "Gripe Espanhola" (1920) parecerão sóbrias anedotas quando, no futuro, forem comparados aos do Coronavírus.  E os entraves comerciais do Brasil com a China e a Índia a respeito do pozinho para manipular as vacinas é quase uma bufonaria .  Convenhamos: é uma temeridade brutal colocar um tupiniquim negociando com um mandarim chinês de um lado e com um brâmane indiano do outro. É necessário ficarmos atentos, pois nossos representantes são capazes de penhorar a esses vivaldinos não apenas a Amazônia e o país, mas até nossas cuecas em troca do tal e milagroso "insumo farmacêutico". 

Você já foi à China? Você já circulou pela Índia? A loucura por dinheiro e por ouro por lá, coloca a ganância de nossos comerciantezinhos daqui, no chinelo.  

Nunca simpatizaram com a teologia da miséria implantada por aqui  e muito menos com o sentimentalismo babaca que a caracteriza.  O Ocidente, para eles, é mais ou menos o que o Haiti ou a Jamaica são para nossas pequenas elites. Um Nada. (E dizer que a China é comunista é uma idiotice e uma afronta, não apenas a Confúcio e a Marx, mas a qualquer bobalhão minimamente ilustrado)

Diante dos tais impasses "diplomáticos" e do vírus, se sobrevivermos, teremos que carregar o trauma da submissão a dois países onde, 90% da população ainda vive numa situação de Idade Média... Um, na Era do Carvão e o outro, mascando Bétel... Depender da tal diplomacia, para um assunto destes, é bizarro, uma vez que, todo mundo sabe: se um diplomata não gostar da cor ou do modelo da camisola do outro, no dia seguinte, todos os contratos podem ser cancelados ou adiados...  

E depois, tirando as castas burocráticas na China e tirando as castas brâmanes na Índia, apesar da Biblioteca Pública  de Beijing ser uma maravilha e do Taj Mahal de Agra, ser incomparável.., lá também, como na Jamaica e no Haiti, não sobrará quase nada. 

O IFA, (esse pozinho mágico, como dizem as sexis jornalistas) lembra, principalmente, a guerra do Ópio com a Inglaterra... Não lembra? E também o velho Ghandi, malandramente contemplando as luaradas por sobre o Himalaia e fingindo estar além do Bem do Mal...

Negócios!

Que isto nos sirva para entender que foi e que é uma idiotice ter passado 500 anos EXportando batatas, soja, vacas, porcos, esmeraldas, madeira, minérios, cacau; assaí; freiras e seminaristas... e IMportando luzinhas de natal; bijuterias, estatuetas de Buda ou de Shiwa; batedoras de ovos e ships de telefones... 

E que agora, diante da zona e do caos generalizados, não tem muito sentido passar a falar da ciência com a mesma lógica e argumentos desvairados como se ela fosse outra espécie de religião...

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15:30, EM TEMPO:   Muito bom o discurso de posse do Biden. 

Admiro neles a capacidade de traçar com singeleza os truques para continuar submetendo, de joelhos, o resto do planeta e o amor incondicional que dedicam a si mesmos.

Santo Agostinho (nascido na África do Norte); a Bíblia, vários refrões  humanistas e Deus, estiveram presentes, do inicio ao fim dos 21 minutos. Divinizou a pátria e mencionou até a própria mãe. Idolatria a si mesmo e aos seus mercenários...Uma fala para vigário e professor de filosofia nenhum colocar defeito.

Terra Sagrada! Disse umas duas vezes referindo-se ao território americano. Depois, mencionou a Luther King, mas omitiu os Panteras Negras.

Se não passarmos também nós a inculcar em nossas crianças esse delirante e místico  "sentimento de grandeza", ocuparemos para sempre um lugar exótico, secundário, de vira-latas e subalterno no tabuleiro mundial.




segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

E... naqueles tempos... lá pelos lados da Mouffetard...

A vulva da artista pernambucana...


 Um correspondente da Zona da Mata de Pernambuco, acaba de enviar-me esta imagem e noticias a respeito da vulva de Juliana Notari. Uma intervenção da artista no território de uma antiga usina de açúcar. Fato que está causando todos os tipos de sentimentos na população. Diz a noticia que a obra tem mais de 30 metros de altura por 6 de profundidade. Um vulvasso!

Achei a inspiração meia ginecológica e meia bíblica demais, principalmente porque, se não estou ficando míope, percebo que (pelo menos nesta imagem) faltou algo mais saliente, bem mais manifesto, na parte superior da peça. Mas, tudo bem. Espero que a artista tenha omitido esse detalhe, não apenas para "pegar leve" com o Galo da Madrugada e com o moralismo que os "holandeses" (antes de fugirem para a Amérika), deixaram plantado por lá, mas também para denunciar a negação e a repressão sexual feminina... Aliás, e é bom que a artista saiba, que sua obra tem também algo de anti-sexual, uma vez que, no imaginário masculino, a imagem da vulva e arredores, é algo muito, mas muito mais fascinante e idílico...

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EM TEMPO Sem exagero, o show de ontem, a respeito das vacinas, foi demais. Sei, sei muito bem que o pais está mergulhado num desespero sem fim, mas o que é que  nos impede de lidar com o horror do cotidiano de uma maneira um pouco menos surrealista? E o governador de São Paulo, como um garotinho de 9 anos, correndo para ser o primeiro a fazer o papel de mocinho? E a escolha da primeira pessoa a ser vacinada? Por que uma mulher negra de Itaquera e não uma japonesa da Liberdade?....., ou uma judia do Bom Retiro ou uma italiana do Bixiga? Ou uma mocinha monarquista do Ibirapuera? Demagogia barata. Racismo invertido. "Formação reativa". Uma imitação bufa do que os gringos fizeram lá nos EEUU, na semana passada... Duvido que os negros sejam ingênuos ao ponto de acreditar nesse tipo cabotino de manifestação humanística/democrática.

domingo, 17 de janeiro de 2021

La Pasionaria... O mito...

  •  

    Quase todos os dias, de domingo a domingo, passa aqui em baixo de minha varanda, um homem de uns 35, 40 anos implorando por ajuda. Não tem o aspecto clássico de um mendigo e fala em nome de Deus. Por favor, me ajudem, em nome de Deus. Por misericórdia! Qualquer comida; qualquer coisa... Estou desempregado e tenho mulher e filhos... Tenho fome. Preciso comprar remédios... Por amor de Deus! Me ajudem...
  • Por trás das cortinas das janelas os moradores se movem. Espiam. Querem, pelo menos, ver o perfil daquele desgraçado. O homem vai mudando o tom de seu lamento. Tenham piedade! As cortinas se movem...
  • Apareci de corpo inteiro na janela. Ele me olhou, inicialmente, com submissão e esperança, achando que eu poderia jogar-lhe um pacote de grão-de-bico ou um salame da Sadia. Mas, quando percebeu que eu era mais um curioso, um espectador de sua miséria, passou a olhar-me diferente, como se estivesse me amaldiçoando: Pequeno-burguês de merda!  Funcionário público de bosta! Que Deus lhe dê em dobro...
  • Fechei delicadamente a janela e voltei a ler a história da Pasionária, daquela velha comunista espanhola, meio Madre Tereza, meio Stalinista, meio franquista... Um mito que todo proletário espanhol tem emoldurado e pregado às paredes de seus 
  • casebres, ao lado de um touro e a quem queima diariamente incenso e canta a Internacional... 
  • Na página 68, a estrofe de uma canção que a velha Pasionaria havia aprendido das freiras:

  • "Arriba parias de la tierra,
  • en pie, famélica legión.
  • Atruena la razón en marcha,
  • es el fin de la opresión..."

  • Agito a colher para dissolver o cacau no fundo da xícara com contornos azuis que me foi enviada da Romenia... Lá de baixo, continuava vindo até minha varanda a voz daquele homem caído em desgraça e se debatendo na mais terrível das humilhações: por misericórdia! Me ajudem... Em nome de Deus! Qualquer coisa para alimentar meu filhos... Uma vergonha imensa corre-me pela medula.
  • Atrás das cortinas dos apartamentos, as sombras espiavam e  continuavam se movendo...  todas impotentes e travadas... intoxicadas pela  desculpa de que como O fim dos tempos está próximo é melhor seguir ardentemente esperando pelo retorno do Messias... (Afinal, essa espera já dura, no  mínimo, mais de dois mil anos...)
  • Lá de baixo, a voz grave implorando outra vez: PELO AMOR DE DEUS!
  • Como é possível ficar indiferente a isso?

  • sábado, 16 de janeiro de 2021

    Mario Quintana.., o filósofo gaúcho... Uma maravilha!

     Neste sábado, 16 de janeiro de 2021, com o mundo transformado num verdadeiro inferno, descubro que Mario Quintana (o filósofo gaúcho) parece ter escrito especialmente para tempos de epidemia. Leiam. Uma maravilha. Com ele se pode aprender o essencial para a vida: a pensar, a raciocinar, a falar e a escrever. 

    Como as livrarias faliram ou estão temporariamente fechadas, reproduzo abaixo, para outros prisioneiros à beira do abismo, como eu, algumas de suas geniais reflexões que estão aqui em seu livro: DA PREGUIÇA COMO MÉTODO DE TRABALHO:

    1.  Nada foge de seu destino histórico, seja um império que desaba ou uma barata esmagada.

    2. A preguiça é mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda. Não poderia  viajar pelo mundo inteiro.

    3. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a eternidade.

    4. Está fazendo 35 graus à sombra, e vai piorar, graças ao Diabo.

    5.  Mas quem sabe se o diabo não será o Mister Hyde de Deus?

    6. O que eu mais temo não é o Sono Eterno, mas a possibilidade de uma insônia eterna.

    7. Todo mundo sabe que o único que sabe a Bíblia de cor, tintim por tintim, é o Diabo.

    8. Não sou repórter, as informações aborrecem-me, não acredito na observação direta, não sei o que fazer quando me apresentam a uma paisagem.

    9. Nunca se deve atacar ninguém com a faca enferrujada; pode trazer consequências imprevisíveis...

    10. "O Universo é uma nódoa na perfeição do Não-Ser."

    11. Mas a verdade é que choro de criança sempre me provoca o complexo e Herodes...

    12. Se há coisa mais incurável que um poeta é o leitor de poemas...

    13.   Dante exagerou: Paolo e Francesca não poderiam sofrer tanto assim, pois mesmo no inferno continuavam juntos. Ou quem sabe se não seria exatamente este o castigo? Eternamente juntos!

    14.  Há críticos que, em vez de me julgarem pelo que sou, julgam-me pelo que eu não sou. É como quem olhasse um pessegueiro e dissesse: "Mas isto não é um trator!"

    15. O que não está na Bíblia está em Shakespeare ou vice-versa.

    16. Imagino o alvoroçado cacarejo de uma franguinha nova ao botar o primeiro ovo: "Enfim! Já sou mulher!"

    17. Nunca perguntes que horas são na presença de um defunto.

    18. Imagino a dona Gertrudes de biquini e tapo os olhos.

    19. Não é só quando eu estou trabalhando que as visitas importunam: é quando não estou fazendo nada.

    20.  Último bilhete deixado por um obstetra suicida: Parto sem dor.

    21.  Não era porque não acreditássemos em Deus que a  religião começou, um dia, a decair. Era que  ninguém mais acreditava no Diabo.

    22. Mas há as que nos compreendem... Ah, essas são as piores!

    23.  Em nossa vida ainda ardem os lampiões de esquina... e é tolice indagar onde é que estão agora.

    24. O infinito não passa de um oito deitado. A eternidade, de um relógio sem ponteiros.

    25. Sou um herege de todas as religiões.

    26. E se eles te apertarem muito sobre o que quiseste dizer com um poema, pergunta-lhes apenas o que Deus quis dizer com este mundo...


     



    sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

    Sorte que existe a memória e a fantasia...

    MANAUS... A ZONA Franca... (francamente...)

     A falta de oxigênio para os doentes em Manaus tira até o nosso fôlego e asfixia o país inteiro.

    Finalmente, entendemos agora, porque Manaus é chamado de Zona Franca. Zona Franca de Manaus! Uma zona!

    Acabo de ouvir uma autoridade de lá declarando que estão para chegar cilindros de oxigênio, mas.., mas... como estão chegando de barco, de caravelas, ninguém sabe o dia e nem a hora que chegarão... 

    Inacreditável! 

    Estamos na Idade Média? Esse barco fantasma está vindo do Oceano Índico? 

    E os aviões, e os helicópteros e os iates, que qualquer politicozinho de merda usa nos finais de semana para ir rebolar nas galerias do Rio de Janeiro? 

    Inacreditável! Mas é importante registrar que toda essa paralisia, que toda essa falácia e esse comprometimento psíquico é o resultado do péssimo e fajuto Primeiro e Segundo graus dos últimos cinquenta anos... E que o comportamento da facção que esteve no poder ontem de ficar sabotando a facção de hoje, não é política, é pratica secular e corriqueira das senhoras, lá no interior dos puteiros...

    Enfim: uma Zona surrealista que deve estar apavorando até o vírus.. E começo a desconfiar que Nietzsche, contrariando a Darwin, estava certo: "As espécies não caminham para a perfeição, os débeis acabam por se converterem em senhores dos fortes porque têm em seu favor o número e também são os mais astutos..."


    O Mendigo K, Henry Ford e seu antissemitismo...

     O Mendigo K reapareceu. Trazia em pauta o assunto da tal FORD que, cansada dos favores de velhos corifeus nativos e de mamar nas tetas estatais, resolveu cair fora. Com os subsídios que  foram destinados a ela,  - foi logo dizendo - se poderia ter cortado o país de ponta a ponta, com estradas de ferro. Vagões luxuosos com barris de vinho nos camarotes; ciganas clandestinas tocando violino na boleia noite a dentro; beirando montanhas, penhascos e por cima dos mares... e... além disso, claro, ter evitado e combatido a religião do automóvel aqui nos trópicos. Essa canalhice dos urdidores públicos... Esse fetiche pequeno burguês ao redor dessas carroças motorizadas que qualquer pé-de-chinelo sacrifica trinta anos de sua vida para ter uma...

    Falava com entusiasmo e, num surto meio gramscista, bradou: que os operários se apropriem das fábricas. Não é possível que não saibam administrar sozinhos uma merda dessas, que precisem de um fuhrer para os comandar...

    E por falar em Fuhrer, - passou a falar do antissemitismo de Henry Ford e foi dando uma aula -: Henry Ford, em 1929, publicou um livro nos EEUU que enfureceu os judeus: The international jew = O judeu Internacional. Livro onde acusava os judeus, entre outras coisas, de serem todos bolcheviques.., obra que, inclusive, pautou parte dos crimes terríveis dos nazis contra aquele povo. Como percebeu minha descrença, retirou da mochila o tal livro já em pedaços e o jogou sobre a mesa. Traduzido para o espanhol, com o titulo: El judio internacional. Autor: Henry Ford, Promolivros Editores, México em 1979.




    quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

    Trump, o Twitter e a fabula da democracia... (O grande pai! Depois do "celeste", o terrestre...)



    Com a censura e a interdição do acesso de Trump ao Twitter, muitos papagaios, uns supostamente de esquerda, outros supostamente de direita, estão comemorando, eufóricos, e até tentando legitimar a atuação de uma confraria ditatorial anônima, com o argumento de que ela é legítima porque vai contra um personagem non grato. Observem como, paradoxalmente, a acusação e a perseguição contra  fascistas tem encoberto e justificado atos fascistas... E como, com o pretexto de combater o fascismo, se tem atuado fascistamente! Democracia? Livre arbítrio? Liberdade de expressão? Fabulas.  Escravidão parcialmente voluntária...

    Uma frase na contramão da moral, dos trustes e dos monopólios vigentes e eis que o castigo paterno é acionado. O Grande Pai, sem nome e sem CPF, emerge das sombras com seu chicote supersônico... E os gerentes da Grande Ordem Planetária acionam o chicote moral e o cabresto cibernético.

    Nos anos 80, uma moça revolucionária latino-americana publicou  um livro com este título simplório: Si me dejam hablar... Agora, calaram a boca do Trump. Do imperador Trump...  Imagine então o nada que será necessário para calar a tua. A imbecilidade globalizada. Embusteiros e impostores... Mas, calma. Calma, que mugir nos currais ainda está permitido. E não é por acaso que muitos compatriotas alienados ainda temem que, junto à poção das vacinas se vá injetar um botão microeletrônico sub-cutâneo no rebanho... e que, a partir de então, cada um de seus berros (em russo, em mandarim, em inglês ou em esperanto) repercutirá lá nos gabinetes das corporações... E que no outro dia, aparecerão caixeiros viajantes em suas casas e estrebarias para vender-lhe ferraduras fashion, arreios anti-alérgicos; um outro Smart fone; afrodisíacos; outro evangelho e outro Deus... Tudo dominado. Mas sem razão. Qual seria, afinal, a razão e a finalidade dessa escravidão pós-moderna e desse aprisionamento consentido? Desses giorni senza domani?

    Independente de toda essa putaria psicopatológica, é importante lembrar - dizia o Mendigo K. "que para conservar-se jovem é preciso que a alma não descanse, que a alma não solicite a paz"...



    domingo, 10 de janeiro de 2021

    O efeito das vacinas, a longo prazo...



    Agora.., que as vacinas contra o coronavírus já estão quase disponíveis, o rebanho começou a manifestar outra neurose e estão indo em fila aos oráculos perguntar aos astrólogos, aos Pais de Santo e até ao papagaio do realejo:

    -Mas... e os efeitos colaterais dessa vacina no nosso organismo, a longo prazo?  

    Em primeiro lugar, quem já tem mais de 60 anos, pode ficar tranquilo, não precisa ter preocupação alguma com o "longo prazo". E em segundo lugar, essa mesma pergunta poderia ser feita também a respeito dos Tortelli ou do Vermouth

    - O quê os Tortelli com asparagi veronesi, a longo prazo, poderão vir a causar no nosso organismo? 

    - O quê o Vermouth, mesmo aquele feito ainda com a fórmula antiga engendrada pelo velho Hipócrates, poderá, daqui a uns anos, vir a causar em nosso esqueleto?

    Idiotices paranoides! Um medo primitivo que nos vem ainda dos tempos em que tínhamos que ficar fungando, de cócoras, ao lado das fogueiras, ou à beira dos mares, para não sermos papados pelos tigres, pelos leões, pelos tubarões ou por outras centenas de inimigos tenebrosos que habitavam mais em nosso inconsciente do que nas florestas e nos oceanos...

    O sol começa a aparecer... Lá em baixo.., no meio dos jardins e dos hibiscos, uma velhinha que passeia amorosamente com seu cachorro e o antigo afiador de facas, oferecendo aos gritos seus serviços e nos fazendo ouvir, de seu gravador: La casa D'Irene... (Giorni senza domani...)


     

    sábado, 9 de janeiro de 2021

    Enquanto isso... Em Madrid e seus arredores...











     

    O prazer e o horror das palavras...

    Se você já está sufocado pelo tédio e de saco cheio de ficar em casa ouvindo as profecias e os "consolos" dos infectologistas; vendo filminhos pornográficos; esperando que o vírus volte para a China ou que as multinacionais de medicamentos te ofereçam um vade mecum para a pandemia, leia estes três livros. Eles podem ser mais prazeirosos e úteis do que o teu Primeiro e Segundo graus juntos, e até mesmo do que todas tuas "especialidades"... feitas nas axilas e nas coxas... E observe, como o problema nacional mais grave, nos últimos 50 anos, tem sido a linguagem. Estariam falando grego? Ouvir o ministro da saúde falar sobre o vírus, as vacinas, e etc. - por exemplo - é mais ou menos como ouvir um eunuco falando do KamaSutra...



     


    sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

    O trabalho e o direito à preguiça...

    "Esta locura es el amor al trabajo, la pasión moribunda por el trabajo llevado hasta el agotamiento de las fuerzas vitales del individuo y de su prole. Los curas, los economistas, los moralistas en lugar de reaccionar contra esa aberración mental, han sacrosantificado al trabajo. Siendo hombres ciegos y de corta entendederas, han querido ser más sabios que su Dios; siendo hombres débiles y despreciables, han querido rehabilitar lo que su Dios había maldecido...(...)
    Y el proletariado, la gran clase que abarca a todos los productores de las naciones civilizadas, traicionando sus instintos e ignorando su misión histórica, se ha dejado pervertir por el dogma del trabajo. Su castigo ha sido rudo y terrible. Todas las miserias individuales y sociales que nos aquejan, son hijas de su pasión por el trabajo... (...) Trabajad, trabajad noche y dia, pues trabajando hacéis crecer vuestra miseria, y ésta nos dispensa de imponeros el trabajo por la fuerza de la ley; la imposición legal del trabajo...(...) El trabajo es la causa de toda propensión a la degeneración intelectual del individuo, de toda deformación orgánica. Compárese, por ejemplo, el puro-sangre de las caballerizas de Rothschild que tiene a su servicio a una chusma de bímanos, con el torpe animal de  las masadas normandas que labra la tierra, transporta el estiércol, trilla, etc. sin descanso. Contémplese al noble salvaje que todavia no ha sido corrompido por el cristianismo de los misioneros del comercio y los comerciantes de la religión, y obsérvese a continuación a nuestros miserables esclavos de las máquinas..."
    (Paul Lafargue in: El derecho a la pereza)

     



    quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

    Várias...

    "Les gens ne sont ni bons ni mauvais, 
    ils sont simplement rusés..."
    A. Christie

    David Dalla Venezia

    I. O mundo amanheceu com os olhos voltados para a Amérika... Para o capitólio. Haveria fumaça? A submissão aos gringos é universal. Ouvi de energúmenos de todas as laias e de todos os credos que "viam com tristeza a avó de todas as democracias estar sendo pisada & maculada por um bando de bárbaros..." Lembram do Stockolmssyndromet? Da síndrome ou do Complexo de
     Estocolmo? 

    II. Assistindo a uma entrevista concedida por um deputado e advogado que recentemente teve a casa vasculhada pela Policia Federal, achei curioso ouvir que ele dizia, até meio  emocionado, que 'o que mais o havia indignado e humilhado naquela "visita", foi o fato dos policiais revirarem, inclusive, as gavetas onde estavam as calcinhas e os soutians de sua mulher'. Não lhes parece curioso!? De onde nos teriam vindo estes e outros tipos de fetiches e de tabus, relacionados às regiões femininas mais íntimas, interditadas e ocultas?

    III. Hoje o Mendigo K apareceu dizendo que a pandemia e os oito meses de confinamento o levaram a inventar e a patentear duas utilidades domésticas importantes: Um liquidificador silencioso, e um relógio que vem anexado ao bujão de gás. O primeiro, para preservar os tímpanos, e o segundo, para que as donas de casa saibam a quantas anda o combustível de seus fogões e para que não sejam pegas de surpresa com as panquecas na frigideira. E seguiu fazendo elogios a outros objetos domésticos, principalmente ao robot que limpa seu barraco todas as manhãs e à outras maravilhas da tecnologia mas, - foi me dizendo com ênfase - Tecnologias? Tudo bem! Mas de uma coisa eu não abro mão... de minha estagiária de 18 anos que mantém pulcra e organizada minha biblioteca...

    quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

    Jonas e a esquerda... no ventre da Baleia...



    As disputas e discussões entre a suposta esquerda e a suposta direita  ao redor do tal Baleia Rossi, candidato para a presidência da câmara, estão no auge. Indagam-se: a suposta esquerda deve apoiá-lo ou não, para derrotar o preferido do Bolsonaro? Nos botecos, nos sindicatos, nas igrejas, nos labirintos do Congresso Nacional, nas churrascadas, na internet, por todos os lados, as discussões são intermináveis. E o fazem como se a vitoria de um ou de outro fosse mudar os destinos da pátria. Estrábicos. Mais ou menos como o curandeiro que investe toda sua ciência para tratar um furúnculo, sem estar minimamente interessado em suas causas sistêmicas e naquilo que o sintoma está querendo dizer...  E discutem com o mesmo fervor e com a mesma dialética de pastores de seitas diferentes na disputa pelo rebanho... Nada real, como uma estrada de ferro, por exemplo. Religião laica; onanismo ilusório. Ideologicamente os dois bandos são fakes. As idiossincrasias são as mesmas. Fumam no mesmo cachimbo. Lembram da teoria da Ferradura?

    Tenho passado horas bizarras assistindo essa turma. A baleia, como metáfora, é o máximo. Vou Intercalando as discussões desses 'revolucionários' e a leitura da anedota judaica da baleia e do velho Jonas. A indexo abaixo, para que se perceba, como, essa pantomima, tem tudo a ver com aquela...

    Mas relaxem: depois de tres dias e três noites, a baleia vomitou Jonas, são e salvo, na praia! Ufa!

    Jonas

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    Jonas[a], na Bíblia Hebraica, é um profeta do norte do reino de Israel que viveu por volta do século VIII a.C. Ele é a figura central do livro de Jonas, no qual ele é chamado por Deus para viajar até Nínive e alertar seus moradores do iminente castigo divino. Em vez disso, Jonas decide por embarcar em um navio com destino a Társis. Preso em uma tempestade, ele ordena que a tripulação do navio o jogue ao mar, e após isto, ele acaba sendo engolido por um peixe gigante. Três dias depois, Jonas concorda em ir a Nínive, e então o peixe o vomita na praia. Jonas convence com sucesso toda a cidade de Nínive a se arrepender, mas espera fora da cidade na expectativa de sua destruição. Deus protege Jonas do sol com uma planta, mas depois envia um verme para fazer com que ela murche. Quando Jonas reclama do calor amargo, Deus o repreende.

    No judaísmo, a história de Jonas representa o ensino de teshuvá, que é a capacidade de se arrepender e ser perdoado por Deus. No Novo TestamentoJesus se denomina "maior que Jonas" e promete aos fariseus "o sinal de Jonas", que é a sua ressurreição. Os primeiros intérpretes cristãos viram Jonas como uma tipologia para Jesus. Mais tarde, durante a Reforma Protestante, Jonas passou a ser visto como um arquétipo do "judeu invejoso". Jonas é considerado um profeta no Islã e a narrativa bíblica de Jonas é repetida, com algumas diferenças notáveis, no Alcorão. Em sua maioria, os principais estudiosos da Bíblia consideram o Livro de Jonas como fictício e frequentemente afirmam que ele é parcialmente satírico,[3] mas que o caráter de Jonas pode ter sido baseado no profeta histórico com o mesmo nome mencionado no Segundo Livro dos Reis.[4][5]

    Embora a palavra "baleia" seja frequentemente utilizada nas versões em português da história de Jonas, o texto hebraicona verdade usa a frase dag gadol, que significa "peixe gigante". Nos séculos XVII e início do XVIII, as espécies de peixes que engoliram Jonas foram objeto de especulação para os naturalistas, que interpretaram a história como um relato de um incidente histórico. Alguns estudiosos modernos do folclore notaram semelhanças entre Jonas e outras figuras lendárias, especificamente Gilgamesh e o herói grego Jasão.


     


    terça-feira, 5 de janeiro de 2021

    Boquetes em nome de Deus...

     


    E os padres, desde suas alcovas sagradas e por debaixo de seus arreios sacerdotais, continuam escrevendo uma história meia estranha, quase macabra e recheada de aventuras clandestinas com seus sacristãos e coroinhas. 

    A velhinha que costumo encontrar no mercado, hoje estava indignada com as noticias que viu na TV e leu nos jornais, sobre um arcebispo que está sendo denunciado por meia dúzia de beatos, de ter abusado sexualmente deles. Em outras palavras, que gostava de fazer boquete em crianças/adolescentes, e que, em seguida, os obrigava a praticar com eles, algumas posições do KamaSutra... tudo, evidentemente, em nome da cura de todos os males; da iluminação; das chaves do paraíso e, finalmente, de Deus.

    Enquanto selecionava um meio quilo de inhame, aquela senhora, que transpira fé e devoção por todos os poros, chegou a citar um filósofo alemão: O que diria Nietzsche, de toda essa putaria? Ele que acusava essa seita de ser uma religião de mendigos? E seguiu resmungando outras indignações, mas em voz muito baixa, me impossibilitando de entender. Perguntei-lhe, por fim, o que se poderia fazer para evitar que eles continuassem "comendo criancinhas", e ela me respondeu a queima-roupa: ora, que as paróquias usem o dízimo também para pagar umas putas para esses porcos de batina!

    Quando ela falou em batina, lembrei imediatamente de Vargas Vila, que escreveu em algum lugar de sua vasta obra:  "O misticismo é um fenômeno de degeneração individual; o clericalismo, de degeneração social. A patologia do misticismo só tem em comum com a patologia do clericanismo o fato das duas serem uma aberração..."

    domingo, 3 de janeiro de 2021

    O Mendigo K e seu espírito filantrópico...

    "Y  Jehová, el dios barbudo y hosco, dio a sus adoradores el supremo ejemplo de la pereza ideal: tras seis dias de trabajo, descansó toda la eternidad..."
    Paul Lafargue
    (IN: El derecho a la pereza)




    Nesta manhã radiante de sol dominical, quando os vagabundos de todos os pedigrees estão por aí espichados ao sol encontrei o Mendigo K. sentado num meio fio conferindo seu bilhete de loteria, aquele do fim de ano, de 300 milhões. Ainda não foi desta vez! resmungou.

    Perguntei-lhe o que faria se tivesse acertado os 7 números. Ele foi falando com um certo prazer:

    Alugaria cinco ou seis helicópteros, contrataria meia dúzia de cineastas e de caricaturistas e jogaria todo o dinheiro, em notas de 200, de 100, e de 50, sobre a cidade. Sobre os presídios; os asilos, as igrejas, as universidades, os cemitérios, os cabarés... Os cineastas e os caricaturistas teriam a função de registrar as cenas do populacho, da plebe, da burguesia e dos novos ricos delirantes (de toda essa gente pré-coperniana, que ainda acredita que é o sol que gira ao redor da terra), se atropelando e até se matando pelo vil papel. Seria um longa metragem nunca produzido e visto até então, sobre a miséria e a desgraça humana...

    E, como isto aconteceria numa sexta-feira à tarde, só na segunda-feira, depois das 11:00 é que os larápios, ao chegarem nos bancos para depositarem aquela fortuna caida dos céus, se dariam conta que se tratava de notas falsificadas... Só que nesse momento, meu jato já estaria pousando num aeroporto VIP de Pasargada ou de outro paraíso qualquer...

    sábado, 2 de janeiro de 2021

    Nem deusa e nem mártir...

     Neste sábado, segundo dia do Novo Ano, encontrei  o Mendigo K num café que acaba de decretar sua falência. Estava com umas roupas novas, recebidas de uma beata, nos dias de Natal. Visivelmente interessado pela vida, exibia um livreto que havia recebido de outra mulher, esta, uma divulgadora e militante do puzzy power.

    Fez questão de dizer-me que aquela leitura o fez concluir que "o matrimônio é para as mulheres que falharam em todo o resto". 

    E passou a mostrar-me outras páginas da tal obra: