sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Beirute, Nitrato de Amônio, Gibran... e a tragédia anunciada...






Definitivamente, tudo o que acontece nos países do norte da África, nos comove, e de uma maneira especial. E não apenas o Líbano, mas do Magreb inteiro e Israel. O que é que nos liga tão afetivamente ao Magreb e arredores? Penso nas coisas da Babilônia/Bagdá, nas da Jordania, nas de Jeruzalém, nas do Cairo, da Argélia, da Mauritânia, da Palestina, da Faixa de Gaza, da Tunisia, de Tanger, de Marrakech... o deserto; o chá de hortelã; as tâmaras; os aromas; o falafel; as medinas; o canto saídos dos minaretes; as mulheres fiandeiras dos mercados; as arpas egípcias; os encantadores de serpentes; o rio Nilo; as dunas; os beduínos; a solidão dos desertos; os tragos do arak... 
E quem é que na sua adolescência não leu as poéticas metafísicas de Kalil Gibran? Lembram desta, que até está disponível no Google? "O vosso coração sabe, em silêncio, os segredos dos dias e das noites!"
 O que diria Gibran, agora, ao ver sua Beirute destroçada?  
Quantas vezes, vagabundeando, sem saber, por ignorância e por ingenuidade, pisamos e até dormimos sobre toneladas de explosivos? Estaríamos vivos por milagre!?
Lá ou aqui, a negligência dos Barnabés e dos burocratas não tem fim. Parece que o Terceiro Mundo (nem sei se ainda se usa esse clichê dos sociólogos-pavões - da Paris VII, dos anos 70) nem precisa das aves de rapina de fora para ser destruído, ele próprio se encarrega de promover seu auto-aniquilamento... 
Como é que aquelas toneladas de explosivos, puderam ficar cinco ou seis anos lá, estocadas num porto, com o país em guerra quase permanente, cheio de inimigos por todos os lados, e numa situação econômica precária? Inacreditável! 
E não faz a menor diferença querer saber, agora, se o motivo da detonação foi um míssil enviado de uma outra galáxia, um vaga-lume desnorteado ou uma singela bituca de haxixe... 

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