quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

O discurso de nossa postulante ao Ministério do Trabalho... Do trabalho ou do ócio?


"O homem é uma criatura volúvel e de reputação duvidosa..."
Dostoievski


O país amanheceu ainda afetado pelas declarações da moça que esta cotada para ser nossa ministra do trabalho. 
Eu, sem nenhuma demagogia, acho que com suas breves declarações, extremamente breves, ela esta fazendo para uma melhor compreensão do Brasil, bem mais do que as faculdades de filosofia da USP e da PUC juntas. Incluindo aí todos os padres, pastores e coroinhas que controlam e dominam esses setores desde Cabral (O Cabral das caravelas!)... Claro que um espírito maligno cochichou em meu ouvido: Bazzo, eis aí um dos efeitos colaterais do empoderamento!. 
Bazzo, eis aí uma mulher empoderada! 
Mas foi só uma manifestação de malignidade. O certo - me dizia o mendigo K. - é que ela representa o Brasil e boa parte das nossas queridas mulheres, de ponta a ponta. Inclusive no estilo linguistico. Gostem ou não gostem... 
Depois de ver e ouvir o video, fui reler um texto quase misógeno do brilhante escritor mineiro, Rosário Fusco, que não cito aqui por uma questão de "segurança nacional".
Que a moça em questão se lançou voluntariamente no abismo, ninguém tem dúvidas, mas ela parece ser daquelas que dão mais valor a uma fossa comum do que aos hipócritas e melancólicos funerais nacionais...


segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

República laica!? Realmente... o país não tem futuro... Vejam a noticia abaixo. Claro que são os lacaios e os subalternos rezando para que seus padrinhos e chefes não sejam enviados à curitiba... Tudo bem, mas o problema é que se sabe que quando a alma esta doente é raro que o cérebro esteja intacto...

"Órgãos públicos abrem espaços para a realização de cultos religiosos"

Prática, vedada pela Constituição, pode ser punida como improbidade administrativa. No Rio, ex-diretor terá de pagar custos




Marcia Foizer/Estação Um/Divulgação

"Das repartições públicas partem leis, políticas públicas e decisões que mexem com a rotina de toda a sociedade. Essas mesmas salas ganham status espiritual para a realização de cerimônias religiosas. Cultos e missas ocorrem com dia e horário marcados em pelo menos 10 órgãos do Executivo, Legislativo e Judiciário. A Constituição Federal destaca que é garantido o direito à expressão religiosa, mas deixa claro que estruturas públicas não devem ser empregadas na realização desses eventos.

Durante uma semana, o Correio mapeou órgãos que mantêm ou cederam espaço para ritos religiosos. Instituições como a Câmara Legislativa, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), a Terracap, a Secretaria de Educação e as administrações regionais são alguns exemplos. Na esfera federal, a Câmara dos Deputados, o Senado e o Ministério da Defesa recebem cerimônias. 

Em 16 de janeiro, a reportagem participou de uma cerimônia na Câmara Legislativa. A casa cedeu o apoio do serviço de sonorização por quatro horas (das 18h às 22h) a uma reunião de pastores evangélicos. Há oito anos, a Câmara autorizou em seu regimento interno a cessão de um espaço para a realização de cultos evangélicos semanais.

Especialistas em direito constitucional afirmam que a prática fere a Constituição. Em novembro de 2017, a Justiça Federal do Rio de Janeiro condenou o ex-diretor do Arquivo Nacional José Ricardo Marques por ele ter promovido cultos evangélicos semanais no auditório principal da instituição.

Algumas cerimônias realizadas na capital federal seguem o mesmo padrão das que foram alvo do MPF no Rio. Na Câmara Legislativa, por exemplo, cultos evangélicos ocorrem às segundas-feiras, às 12h, na Sala de Comissões. A casa retorna às atividades em 5 de fevereiro. Na Câmara dos Deputados, as reuniões são às quartas-feiras, às 8h30, no auditório Freitas Nobre — subsolo do Anexo 4. No Ministério da Defesa, o encontro é também às quartas-feiras, às 12h30, na sala 148. Lá, os militares participam do culto fardados. O colégio Setor Leste, na 611/612 Sul, realiza, aos fins de semana, cultos no auditório.

“Religiões majoritárias”

Para o pesquisador da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB) Henrique Blair de Oliveira, especialista em direito constitucional, o Estado não deve em hipótese alguma abrigar nenhum tipo de expressão religiosa. “Isso não quer dizer que os servidores de um determinado órgão não têm o direito de expressar sua religiosidade. Eles podem usar um crucifixo, no caso dos católicos, ou guias, comuns aos adeptos da umbanda e do candomblé”, explica. 

Blair destaca que é preciso observar se as cerimônias são restritas a uma religião específica e se acarretam custos ao órgão, como para ornamentação, disponibilização de água e café, além do uso dos equipamentos públicos (energia elétrica, aparatos de áudio e vídeo etc). “Só temos a garantia de expressão religiosa quando o Estado é laico. Se o Estado adota uma religião, ela se torna obrigatória. O que vemos acontecer é o uso das instalações por religiões majoritárias”, conclui. 

Em órgãos como MPDFT, TJDFT, Terracap, Secretaria de Educação, administrações regionais e no Senado, os encontros são esporádicos. As missas e os cultos são realizados em datas e eventos comemorativos, como Dia das Mães, Páscoa, entre outros. Missas no aniversário do órgão ou quando algum servidor ou funcionário morre são recorrentes. A prática no DF perdura desde 2011. Em 2014, a Arquidiocese de Brasília chegou a divulgar, no fim do ano, uma relação de missas realizadas em repartições públicas. Naquele ano, uma missa em ação de graças foi realizada no TJDFT. 

Erick Wilson Pereira, advogado especialista em direito constitucional, defende a criação de regras, como portarias, resoluções e regimento interno, para a realização de ritos religiosos em órgãos públicos. “É preciso regular o uso, como quais dias, horários, quem pode usar, entre outros detalhes. Não pode ceder apenas a uma religião, não pode desviar a finalidade do espaço do órgão”, avalia. Ele acredita que a realização sistemática de cerimônias religiosas pode ser punida como improbidade administrativa. 

Dinheiro de volta

De acordo com denúncia do Ministério Público Federal, José Ricardo Marques, nomeado em fevereiro de 2016, determinou que os encontros evangélicos ocorressem no auditório principal da instituição. Na ação, o MPF afirma que a conduta causou perda patrimonial e desvio de recursos públicos, além de atentar contra os princípios da legalidade, imparcialidade, honestidade e lealdade às instituições. Os cultos só cessaram em julho de 2017.  Pela sentença, José Ricardo terá que ressarcir os custos com os eventos, no valor de R$ 24 mil, e pagar multa de R$ 36 mil. 

O que diz a lei

A Constituição Federal de 1988 garante a expressão religiosa, mas proíbe que o Estado mantenha relações com religiões. Esse é o princípio do Estado laico. No Artigo 5, a lei destaca: “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. 

Já no artigo 19, o texto determina que: “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”. 

O que eles dizem?


Câmara dos Deputados
» O órgão aceita todos os pedidos, desde que não interfiram na atividade da casa e observem a antecedência de 15 dias.

Senado
» As reuniões são autorizadas, segundo o órgão, desde que o horário e o número de pessoas não interfiram nas atividades da instituição.

Governo do Distrito Federal
» O Executivo local, que responde pelas secretarias e administrações, diz seguir o princípio constitucional que assegura liberdade de consciência e de crença, e livre exercício dos cultos religiosos. 

Câmara Legislativa
» Há oito anos, a CLDF autorizou a cessão de espaço para cultos evangélicos semanais. Não há restrição para que outras religiões ou correntes façam pedidos similares.

Ministério Público 
» O MPDFT não incentiva nem proíbe manifestações nesse sentido, apenas disponibiliza o espaço para grupos de todas as religiões se reunirem. 

Tribunal de Justiça 
» Não há regras escritas, mas procedimentos informais. Normalmente, as cerimônias ocorrem no auditório do TJDFT.

Ministério da Defesa
» Não respondeu ao pedido de informação da reportagem.

Presidência da República 
» A Secretaria de Governo, que responde em nome dos órgãos federais, não respondeu ao pedido de esclarecimento da reportagem." (Correio Braziliense de hoje)

domingo, 28 de janeiro de 2018

Nossos irmãos & camaradas... os ratos...

Y así se van los dias...



"Os cordeiros vão ao matadouro, nada dizem e nada esperam. Mas ao menos eles não votam no açougueiro que os matará e no burguês que os comerá. Mais besta que as bestas, o eleitor elege seu açougueiro e escolhe seu burguês. Aliás, as revoluções, até agora, foram feitas quase que unicamente pela conquista desse ignóbil direito... 
Mirbeau

Um dos jornalistazinhos de merda que vieram do exterior cobrir o julgamento do Lula em Porto Alegre ligou-me, no dia 24 pela manhã, completamente transtornado querendo saber como e onde poderia comprar umas gotas de rivotril. Jurou-me com os trejeitos de uma legitima senhorinha-histerica, que nunca havia sido colocado diante de tamanha ambiguidade, nem mesmo em sua estadia em Cabul, no Afganistão. Se olhava para a direita via um tipo chocho de gente. Se olhava para a esquerda via outro tipo chocho de gente. Se olhava para o centro, via, com surpresa, de mãos dadas, a mistura daqueles dois tipos chochos de gente. Os advogados, os juízes, os defensores e os acusadores, as secretárias, os guardas, a polícia, as massas lá fora, as bandeiras vermelhas, verde e amarelas, os slogans, as bombachas, o chimarrão (herdado dos guaranis), o analfabetismo cultural, a seita lulista, os crucifixos nas paredes, o lenço vermelho no pescoço e a faca na cintura dos gaúchos... tudo parecia de uma superficialidade de dar dó, coisa de outro mundo. Sem falar dos discursos e da falsificação da linguagem e dos caminhos ziguezaguentes de nossa justiça. Condenado porquê ganhou um triplex? Mas não foi ele que tirou da miséria 30 milhões de fodidos? Se deu casa para tanta gente, por que não poderia ganhar uma? Mas... a periferia da cidade, o outro lado do Guaíba... ainda está infestado por indigentes! Como explicar isto a um jornalista estrangeiro? Apesar das luzes fosforescentes do Mac Donald, quantos milhões há ainda no outro lado do Guaíba? 3X0. Condena mas não prende? De onde piratearam esse fajuto código penal? O céu e o espaço aéreo interditados. As águas contaminadas do rio sob vigilância. As estradas controladas por policiais com os salários atrasados e a febre amarela comendo solta. Um mendigo cínico/provocador lembra o recente escândalo da exposição do Santander acontecido a alguns quilômetros dali a uma senhora enrolada em medalhas legítimas e bentas, recebidas do Vaticano. Uma delas traz em alto relevo a cara de tangueiro do papa argentino. Ela confidenciava acreditar piamente que o diabo veste vermelho! Que a bandeira vermelha é do diabo. A verde/amarela, esta ainda representa o antigo purgatório lusitano. A brilhantina nos cabelos ralos do advogado de defesa. Para quem imaginava ouvir um orador que lembrasse a Cicero (aquele da república Romana) foi uma frustração imensa. E ninguém fala em revolucionar o adestramento desses doutores. Doutores? Bacharéis. Embargos infringentes? Que porra é essa? Uma filósofa da região, as perninhas juntas, os cabelinhos recém ensaboados, defende o condenado com argumentos da psicanálise e do evangelho. Freud e Judas! Bah!!! Tudo remete não apenas ao samba do criolo mas também ao xote do sulista doido! 
Sem rivotril, o jornalista não sai do whatsapp e passa seu tempo digitando com a mamãe. Diz que está profundamente decepcionado porque nada, absolutamente nada aqui nos cafundós dos trópicos se parecia ao julgamento de Nuremberg que foi coberto por seu avô e muito menos ao de Sacco e Vanzetti (1920) registrado nos anais da polícia de Massachusetts... Que aqui só se fala em churrasco e que não sabia muito bem o que queria dizer a palavra Lula (seria algo como Dada? O Dada do dadaísmo?) nem a palavra Temer, que quando a ouvia vindo lá de fora, saindo da boca voraz da turba, só conseguia associá-la ao verbo temer. Eu temo, tu temes ele teme... Mas que não eram só estas palavras que o confundiam, confessava. Ouvia também falar com estusiasmo em Collor, em Marina, em Maluf, em F.H.C, em Enéias, em Eymael, Bolsonaro, Cristovam etc... e até mesmo em Anita Garibaldi... O quê tudo isso quer dizer, mami...?
Enfim, foi mais uma explicitação de nossa miséria e mais um vexame para ele e para nós.
_________________________________________
EM TEMPO - Horas mais tarde alguém me dizia ter ouvido a voz de sua mãe, vinda lá do outro lado do planeta, falando um idioma estranho e que o aconselhava: "filho, aguenta firme aí  e não ria tanto de tudo, porque quem acha tudo gozado é faxineira de motel..." 



sábado, 27 de janeiro de 2018

Enquanto isso... Para nenhum sexagenário botar defeito...

Tradições ocultas dos ciganos...

"Se te livras - eu lhe dizia na última noite, a da partida -, se te livras e se passas de novo por Paris, deixa teu sinal no batente da porta de Notre-Dame, não importa quando, mesmo que seja daqui a vinte anos. Assim eu saberei que existes em algum lugar..." P. 92

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Una noche en Nápoles...

Trump pede um Van Gogh emprestado ao Museu Guggenheim e o museu lhe oferece um vaso sanitário de ouro...




In un impulso di amore per l’arte, Donald Trump aveva chiesto in prestito dal museo Guggenheim di New York un dipinto di Vincent van Gogh per il suo appartamento 

Panorama con Neve del 1888: era il quadro che voleva Trump
Panorama con Neve del 1888: era il quadro che voleva Trump 

privato alla Casa Bianca con la first lady Melania. In cambio gli è stato offerto un wc d’oro massiccio completamente funzionante, stimato oltre 1 milione di dollari, opera dell’artista italiano Maurizio Cattelan. In una email il curatore del museo, Nancy Spector, che non ama Trump, è stata educata ma ferma: nessuna chance di ottenere il Van Gogh «Landscape With Snow» («Paesaggio con neve» realizzato nel 1888 dall’artista olandese nel suo lungo soggiorno ad Arles in Francia). Invece è disponibile la toilette del 2016 che l’autore Maurizio Cattelan ha battezzato «America». Opera che lo stesso autore definì un simbolo della società degli eccessi e della ricchezza Usa. 
Il gabinetto disponibile dopo l’esposizione 
Per un anno il Guggenheim ha esposto «America» in un bagno per i visitatori al quinto piano del museo, consentendone l’uso senza problemi. Ma la mostra è finita e ora, ha spiegato Spector, il gabinetto d’oro massico è disponibile «se il presidente e la first lady dovessero essere interessati ad installarla alla Casa Bianca», aggiungendo che Cattelan, 57 anni, «amerebbe offrirla alla casa Bianca per un prestito a lungo termine. Ovviamente è di grandissimo valore e in qualche modo anche fragile ma saremo lieti di fornire tutte le istruzioni per la sua installazione e manutenzione». La mail è stata inviata il 15 settembre scorso da Spector (che lavora al Guggenheim da 29 anni) a Donna Hayashi Smith, curatrice delle opere della Casa Bianca, che non ha risposto all’offerta: lo rivela il Washington Post che è entrato solo ora in possesso della corrispondenza via mail tra Casa Bianca e museo . 
La fila per fare pipì nel bagno d’oro 
Trump adora gli oggetti d’uso comune d’oro e se ne è circondato nelle sue case ed anche sul suo jet privato: è probabile che l’offerta, rimasta senza risposta, avesse un ironico riferimento a questa sua passione. Resta il dubbio se vista la sua mania per l’igiene, Trump avrebbe accettato di usare un wc «usato« da altri benché a prova di germi. Sono stati oltre 100.000 i visitatori del museo che fecero la fila per potersi sedere su «America» ed ogni 15 minuti membri dello staff del museo entravano a pulire. La richiesta di Trump non è affatto irrituale. Altre famiglie presidenziali chiesero ed ottennero opere d’arte in prestito. Il Post ricorda che ai Kennedy lo Smithsonian di Washington prestò un dipinto di Euge’ne Delacroix, «The Smoker» del 1923, forse per l’influenza europea della first lady Jacqueline. Gli Obama preferirono l’arte moderna con opere di Mark Rothko (di origini russe) e Jasper Johns. 
© RIPRODUZIONE RISERVATA

p

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Da fobia ao comunismo e da eutanásia do Lula...

Por incrível que pareça ainda tenho uma meia dúzia de amigos esquerdistas vivos aqui no planalto. (leninistas, stalinistas, trotskistas, bakuninistas gramscistas e etc) e praticamente todos amanheceram  tontos e mareados com a nova condenação do Lula. Agora fazem de tudo para culpabilizar a direita, a burguesia, o judiciário, o stablishment, a CIA e até as forças ocultas que, segundo eles, lá pela meia noite, emanam de alguns centros espíritas burgueses... 
Os mais exaltados, aqueles que passaram 40 anos sonhando com o paraíso na terra, citando Mao Tsé Tung e queimando incenso sobre os três volumes da obra de Marx andam por aí chutando o meio fio e amaldiçoando, não apenas os três desembargadores "sulistas" com "sobrenomes alemães", mas quem quer que cruze por seu caminho. Nos acusam de comunistas! Resmungam. Que absurdo! Como poderíamos ser comunistas se ainda somos uma sociedade que nem sequer chegou a ser capitalista? Esses idiotas não lerem a Marx! Passaram 40 anos nos acusando e nos prendendo com o argumento de que comiamos criancinhas, quando na verdade quem as estava comendo eram os padres!!!
Os mais jovens, mais esclarecidos e militantes da turma de Gramsci, se permitem fazer uma auto-critica e acusam a esquerda nacional de ser burra, caipira e semi alfabetizada, motivos principais - segundo eles - que a levaram voluntariamente ao fracasso total e ao matadouro e, por incrível que pareça, depois de haver estado quase por duas décadas no poder. Não querem, em hipótese nenhuma que Lula seja preso e sugerem que em sua ida para a Etiópia, na semana que vem, ele fique por lá, refrescando os miolos e pegando umas ondas nos mares da Somalia. Os stalinianos são os que estão mais furiosos, não com o judiciário "burguês" mas também com a própria esquerda que acusam de ser delicada demais, quase feminil, romântica e beata... em síntese: de lhe faltar testosterona. Os leninistas, mais elegantes, com paletós engomados e camisas de $ 370,00 reais lembram a premissa de Lênin de que se deve sim expropriar o luxo e o dinheiro da burguesia e até fazê-la pagar a corda com que será enforcada. Segundo eles, foi nesse terceiro passo que a esquerda nacional vacilou, deixou-se pegar. E por isso foi aniquilada...
Já, os anarquistas, entre uma garrafa de vinho e outra, entre um baseado e outro, entre uma vulva e outra, numa tentativa de digerir o horrror da decisão do "judiciário burguês", repetem entre eles, quase em alucínio, uma frase que dizem estar lá na Odisséia de Homero (IV, 220) onde, aquele poeta, também delirante, escrevendo sobre os efeitos da Nepenthes, planta que na época era usada como tranquilizante, afirmava: "Aquele que está sobre o afeito da Nepenthes, não derramará nenhuma lágrima em sua vida, mesmo se seu pai ou mãe morrerem em sua frente. Mesmo se um irmão ou um filho-amado forem degolados sob seus olhos por um inimigo cruel".
O mendigo K que ouvia atentamente dois desses grupos discutindo exaltados madrugada a dentro, colocou as mãos na cabeça e, antes de retirar-se, esbravejou: não dá mais para seguir se enganando! É necessário admitir que "existe uma estranha solidariedade entre o doente e sua doença..."




segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

A filosofia da miséria... Davos... ou as malandragens da espécie...

"...a natureza de um rio ou correnteza, que carrega até nós tudo o que é leve e inflado, mas afunda e afoga tudo aquilo que tem peso e solidez". (Francis Bacon)
Todos os anos as noticias nos remetem a DAVOS onde os multi-milionários do planeta vão fumar seus charutos, friccionar-se as tetas e as nádegas, exibir, comparar suas fortunas e, claro, fazer uma análise liberal do comportamento bovino/caprino dos rebanhos... certos de que a inveja nos currais, congestionados, silenciosos, e obedientes, vai se tornando, apesar de cada vez mais psicopatológica e impotente, digna de maior atenção e vigilância...  
Apesar das nevascas suíças, o clima lá é ideal para a consolidação da filosofia da miséria... Para a apologia das esmolas internacionais, das cotas, das bolsas, dos restos de comida, dos salários-desemprego e dos dízimos, das aposentadorias, das doações, das especializações, vale transporte, vale alimentação, vale funeral, remédios para hipertensão e até viagra para os velhos, tudo de graça... Tudo organizado para manter a turba semi-saciada, servil, adormecida e quieta, crente e cada vez mais convicta de que seu Reino NÃO é deste mundo e de que seu cheiro e sua simples existência é um incômodo para o mundo perfumado dos magnatas e dos ricos e que deve absolutamente "tudo o que tem" a eles, aos chefões, aos gatunos e aos crápulas. Como interferir nessa crença e nesse comportamento de escravos? Nesse inconsciente de subalternos? Nessa culpabilidade por existir?
Na pesquisa deste ano (para dar fôlego e esperanças aos miseráveis e aos semi-miseráveis) falam logo no primeiro dia do Clube dos 2000 bilionários que são donos do planeta. E não se cansam de cacarejar sobre a necessidade de distribuir renda já que de toda a riqueza gerada no ano passado no planeta, 80% foi parar diretamente nos bolsos dos milionários... e para os fodidos? Ora, para os fodidos a bolsa escola, a bolsa família, a bolsa maternidade, a bolsa aquilo, a bolsa isto, a ajuda de custo em caso de doenças graves quando os medicamentos produzidos na Alemanha ou não Suíça não são acessíveis aos doentes dos "países de merda", para citar o Trump. Duvido que em Davos alguém pense diferente do Trump sobre o mundo e as coisas. Para eles não só os países mas os habitantes daqueles países miseráveis são de merda. E a neve cai silenciosa e espetacularmente sobre Davos. Davos é um paraíso! Nossas cidades comparadas a Davos são aldeias insalubres, melancólicas, banhadas em sangue e desertas... Como emancipar-se? Como livrar-se do messianismo cretino que disseminou sutilmente sobre nossos rebanhos a idéia de que há mérito na submissão e na filosofia da miséria?

A arte do discurso... Ou: porquê o LULA é politicamente invencível...

e

domingo, 21 de janeiro de 2018

Parole, parole, parole... Ou: sobre sexo e dinheiro ninguém diz a verdade...






 Les hommes féministes sont-ils de meilleurs partenaires sexuels ? (Publicado no Le monde, de hoje)







"L’inquiétude court parmi les adversaires du #metoo : les féministes vont détruire la séduction, la bonne entente sociale, le sexe, et le climat aussi, tant qu’à faire. Le postulat est intéressant : il implique que ces activistes, dont les avancées ont considérablement facilité la liberté sexuelle, aient subitement changé leur sécateur d’épaule afin de pourrir leur existence personnelle et limiter leurs propres libertés. Faute de tomber la culotte, voilà qui constituerait un intéressant retournement de veste. Et de paradigme.

Reprenons donc les choses calmement. Le féminisme peut-il sauver le sexe ? Personne ne contestera que le sexisme malveillant ne s’intéresse pas au bien-êtredes femmes. Ses supporteurs se contenteront d’une sexualité phallocentrée égoïste, sans chichis (« La beauté est un truc de nana ») et probablement sans plaisir (« Les gonzesses n’en valent pas la peine »). Cette misogynie brutale déteste les femmes sexuellement compétentes, culpabilise les séductrices et menace la sécurité de toutes : bienvenue au bagne. S’il fallait trouver un avantage au machisme, ces hommes tendent à avoir plus de partenaires sexuelles. Mais moins d’intimité, et des relations antagonistes.
Sauf que, en 2018, les sexistes malveillants se planquent, dans des grottes, et apparemment sur Twitter. Le misogyne lambda, disponible au café du commerce, défend plutôt le bon sens de papi : la complémentarité naturelle des genres, fixée dans l’ADN – le fameux chromosome du tutu rose. Comme plus personne n’oserait annoncer en public « Les femmes sont des êtres inférieurs », nous nous coltinons la version light : « Les femmes sont plus faibles que les hommes, mais tellement courageuses/matures/belles/intuitives, notamment quand elles portent un tutu rose. »
Ce sexisme bienveillant place les femmes sur un piédestal, leur accorde des traitements de faveur, revendique son paternalisme et ses comportements chevaleresques. Or quelle femme ne voudrait pas profiter d’un amant totalement dévoué à son plaisir ? Le souci, c’est qu’en jouant les descentes de lit imprimées léopard, le vassal impose une division des tâches sexuelles qui va considérablement amputer le Kama-sutra : homme actif, femme passive, homme chargé du plaisir, femme chargée du désir, adieu veaux, vaches, cochons, adieu aussi jeux de rôles, transgressions, BDSM, pénétrations prostatiques, sex-toys, etc. L’heureuse élue sera priée non seulement d’être parfaite en toutes circonstances (le fameux missionnaire sans transpiration), ce qui interdit la perte de contrôle, mais elle devra aussi ne jamais exprimer ses préférences (« Les mots du sexe sont sales dans la bouche d’une femme en tutu rose ») parce que le paladin est un homme, donc il sait. Pire encore : le sexisme bienveillant empêche les femmes de donner du plaisir aux hommes. Elles sont réduites à un réceptacle. Adoré, certes. Mais ennuyé.

Débarrassées de l’obligation de jouer un rôle

Reste les hommes féministes. Remarque préliminaire : un homme capable d’une telle revendication, même en 2018, a du courage. Or sous la couette, ça n’est pas complètement anodin : la confiance en soi limite les accidents d’impuissance (ce sont les hommes les plus machos qui ont le plus de pannes). Savoir contester les normes sociales étend évidemment les possibilités sexuelles. Un allié de la cause sera débarrassé de toutes sortes de croyances incapacitantes : « Les femmes sont compliquées » (pas vraiment, quand on s’intéresse à leur corps), « les femmes ont forcément moins de désir » (pas vraiment, quand on fait un effort), « le rapport s’arrête après l’éjaculation » (car comme chacun sait, la Terre cesse instantanément de tourner une fois la sainte semence répandue).
En prenant en charge sa part des tâches domestiques (pour rappel, la moitié, c’est 50 %), l’homme féministe laisse plus de temps à sa compagne pour les acrobaties nocturnes, et la met de meilleure humeur (Journal of Family Psychology, 2016 ; seules les anciennes études montrent qu’une répartition traditionnelle des corvées aboutit à des relations sexuelles plus fréquentes. Les temps ont changé. Et de toute façon, la fréquence ne garantit pas la satisfaction).
Avec 200 millions de femmes excisées dans le monde selon l’Unicef, il faut une solide dose de mauvaise foi pour accuser la libération des femmes (qui lutte contre l’excision) de vouloirdynamiter nos samedis soir
Les possibilités d’échange de savoirs sont également multipliées : débarrassée du devoir de jouer les oies blanches, la partenaire d’un féministe s’exprimera plus librement, sans craindre de blesser, et pourra proposerdes jeux moins phallocentrés. Ses demandes seront écoutées, et cette bienveillance se répercutera sur des aspects bien concrets de l’intimité : la prise en compte des insécurités, des complexes, des limites. Les hommes féministes créent un climat sécure, où les femmes ne sont ni culpabilisées pour leur désir ni menacées dans leur plaisir. C’est-à-dire qu’elles sont enfin débarrassées de l’obligation de toujours jouer un rôle (goodbye simulation !). Or, que se passe-t-il quand on laisse de la place au désir et au plaisir ? Comme toute tache d’encre qui se respecte, ils s’étendent.

Erosion rapide de la stigmatisation liée au féminisme

Enfin, que dire des femmes féministes elles-mêmes ? Mal baisées, mal baisantes, comme le veut l’adage ? Pas quand on demande aux spécialistes ! Selon une étude de Rudman, L.A. & Phelan (« Sex Roles », 2007), leurs partenaires masculins trouveront aux côtés de ces terribles marâtres… des relations plus stables et un meilleur épanouissement sexuel. Constat identique chez Bay-Chang et Zucker(Psychology of Women Quarterly, 2007) : les femmes féministes sont plus érotophiles que les autres, c’est-à-dire qu’elles sont plus ouvertes sexuellement, plus en contrôle de leur contraception, et qu’elles disposent de plus de connaissances sexuelles.
Au cas où vous voudriez un dessin, ce sont de meilleurs coups. Par ailleurs, le mouvement sex-positif, avec son infini champ des possibles, sa tolérance, son ludisme revendiqué, est depuis les années 1980 inextricablement lié au féminisme : on parle de féminisme « pro-sexe » ou « sex-radical ».
Si vous ajoutez à ces super-pouvoirs une érosion rapide de la stigmatisation liée au féminisme (Beyoncé, Emma Watson, Eva Longoria, Barbra Streisand, mais aussi Daniel Radcliffe, Will Smith ou Barack Obama ont toutes et tous rejoint le mouvement), l’homme contemporain ne risque plus grand-chose à faire partie des alliés – au contraire.
Enfin, rappelons que si nous continuons d’entendre sporadiquement que le féminisme castre les hommes et que le mouvement #metoo veut imposer la chasteté générale (aucun de ces deux événements ne s’étant produit, à ma connaissance, mais on peut discuter), il faut dire, et redire, que la misogynie castre des femmes à tour de bras, et pas de manière figurative. Avec 200 millions de femmes excisées dans le monde selon l’Unicef, potentiellement privées à tout jamais de leur potentiel de plaisir, il faut une solide dose de mauvaise foi pour accuser la libération des femmes (qui lutte contre l’excision) de vouloir dynamiter nos samedis soir.
Ce sont les porcs qui ruinent le sexe, pas celles qui les balancent".

Está vendo este ovo?









"Está vendo este ovo? É com ele que se derrubam todas as escolas de teologia e todos os templos da terra..." (Diderot, 1769)

sábado, 20 de janeiro de 2018

É que vocês não conhecem os inconvenientes da saúde e as vantagens da doença... (Cioran) Ou: mensagens do mosquito 'Haemagogus leucocelaenus' aos sanitaristas...

Os mosquitos, tanto os urbanos como os silvestres não estão interessados - como se pensa - apenas em enfiar-nos o vírus da febre amarela nas veias. Não! O que pretendem, é explicitar novamente a incompetência administrativa do Estado e de seus lacaios. Em administrar o quê? Qualquer coisa. Vejam o inferno em que está transformado o simples processo de vacinação! É evidente que há, além de uma canalhice cromossômica um deficit cognitivo em nossos gestores e em nossas governanças! E que se tivessem ensinado Descartes nas escolas, ao invés do Padre Cícero, tudo seria mais objetivo, prático e eficiente. E que se as universidades ao invés de se preocuparem obsessivamente em publicar artigozinhos de bosta em "revistas científicas" e em produzir monografias também de bosta dessem mais prioridade ao SABER, tudo seria diferente.
Sem nenhuma babaquice doméstica, é melancólico ver que100 anos depois da morte de Osvaldo Cruz e depois de tanto dinheiro enfiado nos bolsos e nas contas dos bacteriologistas, dos epidemiologistas, dos sanitaristas e de suas famílias a coisa ainda esteja neste estado*! Bah! E o surrealismo, as contradições, os absurdos e a burrice é tanta, que muita gente que estava na fila para receber a vacina, foi descobrindo que tem muito mais empatia pelos  mosquitos do que pelos burocratas e desistiu. Concluiu que a pior e mais letal de todas as "moléstias tropicais" é a inércia, a alma de escravo, o lero-lero, a mentirada instituída e a estupidez...  e preferiu aliar-se ao Haemagogus leucocelaenus... E não me acusem de pessimista, pois eu tenho um verdadeiro amor por este mundo desgraçado!   
____________________________________________________
* Como diria Ernest Rutherford (1937) "Se um jovem cientista que trabalha comigo me procurasse depois de dois anos de trabalho (em pesquisa) e perguntasse qual deveria ser o passo seguinte, eu o aconselharia a abandonar a ciência. Se depois de dois anos de trabalho uma pessoa não sabe o que fazer em seguida, então ela jamais se tornará um verdadeiro cientista..."

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Quão solitária pode ser a maternidade no século XXI (Ver EL PAIS de hoje)


"Para Sem Campón, designer gráfico e autor do blog Y yo con estas barbas, um encontro com uma mãe e sua filha no parque o fez repensar quão sozinhos estamos na criação de nossos filhos. Sozinhos e muitas vezes perdidos. Aquela mulher passava por uma situação difícil e ele estendeu sua mão com um cartão de visitas e um pouco de papo e empatia. Contou essa história em um post, que teve centenas de visitas e com o qual muitas mães, e também pais, se identificaram: “Os pais devem se ajudar entre si. No que possamos e saibamos. É um preceito de ética básica que gostaria de aplicar na educação de meus filhos e não conheço nada melhor do que ensinar com o exemplo”, diz no fim do post.
Quão solitária pode ser a maternidade no século XXI era algo que já se discutia há alguns anos. Carolina del Olmo, formada em filosofia e diretora de cultura do Círculo de Bellas Artes de Madri, fala a respeito em Dónde está mi tribu, um livro em forma de ensaio que se tornou referência e quase uma bandeira de compreensão, para muitas famílias e profissionais interessados nas práticas maternas. Uma solidão que inevitavelmente chega se coube a você viver a maternidade em uma cidade sem muito ou nenhum apoio familiar ou com esse apoio a centenas de quilômetros. Inquestionável se forem mães sozinhas por escolha que não têm uma rede ao redor.
Para a socióloga Teresa Jurado, um aspecto que influi é que as mães deste século têm muito menos filhos do que dos séculos anteriores. “Na Espanha estamos há mais de três décadas com um índice de 1,3 e 1,5 filhos por mulher. Há uma alta proporção de mães que só têm um filho e cada vez há menos mães que têm três filhos ou mais. Por haver menos filhos, muitas mulheres quando têm seu primeiro, não tiveram uma experiência próxima que lhes permita aprender a prática de cuidar de crianças. Isso pode fazer com que se sintam sozinhas diante de um desafio que não sabem bem como enfrentar sobretudo se não vivem perto das avós e de outras mulheres de sua família com experiência em criação de filhos”, explica.
María José Garrido, doutora em Antropologia especializada em maternidade e infância, compartilha essa ideia. Para ela, o contexto de criação em nossas sociedades ocidentais “é o resultado da solidão física, da falta de referências e do desconhecimento real da maternidade”. Garrido relembra que muitos dos pais e mães recentes pertencem a uma geração que não pôde resolver muitas dúvidas com suas famílias porque “foram criados com pautas modernas, distantes das necessidades biológicas e emocionais dos filhos”.
É exatamente isso que viveu Paula, de Alicante, mãe de 33 anos, apesar de sempre ter seguido na mesma direção que seu marido (“ele sempre me apoiou em tudo”). Ela sentiu a necessidade de estar acompanhada de mais pessoas com quem compartilhar a criação de sua filha que agora faz três anos. “Nem amigas, nem família, ninguém entende nossa forma de criar os filhos. Como não é o modelo entendido como ‘tradicional’, ficam esperando que erremos a qualquer momento. De fato, o criar de forma diferente significa que em muitos momentos, além de nos julgar, nos deixam de lado e não contam conosco da mesma forma que antes”, lamenta.

Diga-me como vives e te direi como viverás

Pilar foi mãe há pouco mais de um ano, em 20 de dezembro de 2016. É jornalista e cofundadora de uma empresa de comunicação. Com isso, concilia a criação de sua filha com um trabalho que pode realizar em casa, “fazendo malabarismo para dar conta de tudo todo dia”. Vive a mais de 300 quilômetros de sua família e de sua melhor amiga, o que complica ainda mais as coisas, sobretudo porque, diz, seu cônjuge e ela decidiram cuidar eles mesmos da filha, prescindindo de creches e de outras opções de cuidados externos.
Para Pilar, as circunstâncias de sua vida atual influenciam de forma inevitável na criação da filha, mas também em sua forma de enfrentar essa mudança vital que a maternidade representa: “O cansaço que vai se acumulando dia após dia, semana após semana, mês após mês... Se eu tivesse por perto uma rede de apoio familiar, talvez conseguisse dormir mais, porque minha filha poderia ficar com avós, ou tios, algumas horas por dia e eu poderia aproveitar para adiantar o trabalho. Mas não é o caso. Levanto cedo demais e chega um momento do dia em que já não aguento mais, mas minha filha sim. E me frustro, porque não dou conta, sou incapaz de dar conta de tudo. E me sinto sobrecarregada, com a sensação de não estar dando a meu bebê tudo de que necessita, de não estar ‘à altura’. E, insisto, ainda não aconteceu de termos que deixá-la na creche. Então, sim, diria que a solidão influencia totalmente na criação, porque gostaria de passar com minha filha o máximo de tempo possível e uma escola infantil não é meu ideal de criação”, explica.


Também não houve uma geração de mães menos acompanhadas na criação dos filhos

Carolina del Olmo em seu livro afirma que “o esquecimento constante das circunstâncias que rodeiam o par mãe/filho está contribuindo para criar uma imagem da maternidade que não corresponde à realidade”, algo que pudemos ver em recentes declarações de profissionais que acabam de se tornar mães. É o caso de Samanta Villar. Mães cansadas, esgotadas e sozinhas que se sentem sobrecarregadas não pela maternidade em si, mas pelas circunstâncias. “É bom que paremos de fingir que tudo é maravilhoso, mas será que temos que dar como certo que os percalços que muitas vezes experimentamos são inerentes à maternidade? Não seria melhor considerá-los efeitos perversos das condições inadequadas que nossa civilização impõe a mães, pais e filhos?”, continua del Olmo.
Garrido comenta sobre esse “parar de fingir que tudo é maravilhoso”, que a imagem dos filhos que nos chega pela publicidade é distorcida, irreal e adocicada: “Diante do cansaço das noites sem dormir, da revolução hormonal do puerpério, de um bebê que precisa de nós e nos reclama 24 horas por dia, é impossível continuar mantendo a casa perfeita, o corpo perfeito e continuar trabalhando em pleno rendimento. O impacto em relação à realidade é imenso. O índice de depressão pós-parto também”.
Para Pilar, viver em uma sociedade terrivelmente individualista e competitiva na qual desde meninas somos massacradas com “você consegue” contribui para que seja difícil pedir ajuda ou soltar um “para mim já deu”, porque sempre pode-se ir um pouco além para depois “fracassar”. A jornalista madrilenha acrescenta a isso o choque direto da imagem idílica da maternidade com o que verdadeiramente é em muitos casos: “Você se sente sozinha porque não sabe se o que está sentindo/passando é normal ou é ‘culpa sua’ (essa culpa que parece patrimônio exclusivo das mulheres) e custa falar disso (colocar palavras no que sentimos muitas vezes afugenta essa solidão). Felizmente, acredito que pertencemos a uma geração que está rompendo o tabu e está se animando a falar de tudo isso. A maternidade é bonita, mas também é difícil”.

Procurando sua tribo

“A que hora você leva Harvey ao médico?”, “Tem açúcar?” ou “Nos vemos na esquina em dez minutos?” eram frases cotidianas quando se vivia em um modesto bloco de apartamentos no Bronx dos anos 40 e 50, conta a escritora e ativista Vivian Gornick em suas honestas memórias Fierce attachments (sem tradução no Brasil). Há anos já dissemos adeus àqueles gritos de janela para janela. Àquele vai-e-vem de portas abertas e recados compartilhados. Ao apoio dos vizinhos. Pelo menos naquele formato e intensidade. E isso inevitavelmente também afetou a criação dos filhos.
María José Garrido diz que não houve uma geração de filhos mais solitários em nosso planeta do que a ocidental atual. Também não houve uma geração de mães menos acompanhadas na criação. De um lado, refere-se à ausência, nas sociedades industrializadas, “da rede de mulheres em torno da maternidade, durante a gravidez, parto e puerpério, que foi habitual ao longo da história da humanidade”. De outro, ao tipo de família predominante na atualidade: “nuclear, composta por pai, mãe e filhos, nos afastou da proteção da família estendida (primos, tios, avós, sobrinhos)”.


Os grupos de mães podem oferecer recursos, informação e calor à nova mãe



Claudia Pariente, formada em Ciências da Informação e fundadora do Entre mamás, um centro de acompanhamento maternal em Madri, depois do nascimento de sua primeira filha se viu diante de “um pós-parto difícil, com um aleitamento interrompido e sem lugar para onde ir”. Seu marido, engenheiro de profissão, mal passou na época por uma licença paternidade de dois dias e Claudia, sem rede familiar nem social, sentiu uma enorme necessidade de se reunir com outras mães. Começou então a convidar as mães que conhecia por meio de fóruns e blogs, e que estavam vivendo uma situação similar à dela, para compartilhar um café e conversas em um grupo em sua casa. Rapidamente aquela sala ficou pequena. Foi então que decidiu abrir um local que servisse de ponto de encontro para as mães. Nascia assim o Entre mamás em 2009.
Os grupos de mães que há pouco mais de uma década se reúnem ou se encontram pela internet ou em nível presencial constituem a versão atualizada dos grupos de mulheres tradicionais em torno da criação. “Os espaços, tanto os virtuais como os presenciais, se baseiam no altruísmo, na solidariedade social e na ajuda mútua, e representam um apoio emocional enorme para muitas mães e bebês. Os seres humanos precisam se sentir parte de um grupo e, em um momento de vulnerabilidade máxima como é a maternidade, precisamos ainda mais nos sentir compreendidas e comparar nossa realidade com outras semelhantes”, conta María José Garrido. Para a antropóloga, as redes de maternidade representam autênticas comunidades de criação que geram vínculos emocionais intensos e duradouros, e cita entre duas funções mais relevantes “o assessoramento e a resolução de problemas e dúvidas, compartilhamento de vivências e o apoio mútuo e a sustentação emocional”.
Susana é veterinária, mas há alguns anos não exerce. Tem um filho de quatro anos e meio e, apesar de ser natural de Córdoba, percorreu vários pontos da geografia espanhola até acabar se instalando em Zaragoza, perto de sua irmã, para se sentir mais acompanhada. Reconhece que, quando viveu em Madri, longe da família e com um bebê de poucos meses e um marido militar que viajava longas temporadas, se sentiu muito sozinha. Foi então que se propôs a participar de um grupo de amamentação que se reunia perto de sua casa para preencher esse vazio (“Comecei a ir a um grupo de amamentação, logo me tornei sócia-colaboradora. Gostei tanto da ideia de ajudar que fiz um curso de assessora de amamentação e aprendi muito para conseguir acompanhar outras mães”). A parte boa que encontrou naquilo foi o apoio emocional. No entanto, admite, nunca chegou a ter confiança suficiente com ninguém para desabafar ou pedir em determinado momento algo de que necessitasse. “Em Madri sentia muita falta de minha mãe que morreu quando eu tinha 24 anos. Sei que teria me entendido e apoiado. Meu marido ficava fora por meses e eu às vezes me sentia a pior mãe do mundo.”
Pilar opina que ler ou escutar que você não está sozinha ou se sente sozinha reconforta muito. “Eu nem sei quantas vezes voltei a este poema de Luna Miguel ou que uma conversa na rua com uma mãe recente se alongou mais da conta, porque precisamos nos contar, nos reconhecer na outra, como se nos olhássemos em um espelho que nos explica o que, às vezes, parece inexplicável, mas não é. Somos humanas e devemos nos permitir nos enganar, nos render, ser imperfeitas, mas tudo isso é mais fácil permitir às demais. Por isso as outras são importantes, porque são o primeiro passo para nos permitir, nos perdoar, a nós mesmas”, reflete. Nesse sentido, María José Garrido afirma que as mães de hoje vivem em uma sociedade que exige que sejam “mães abnegadas, assalariadas eficientes e esposas perfeitas, enquanto são submetidas a um modelo de juventude, beleza e magreza impossível. Somos julgadas e condenadas. As ridículas baixas maternais são uma demonstração do que nossa sociedade espera das mães. Voltar à vida estressante aos três meses e meio. Como se nada tivesse acontecido. Quando sua vida mudou para sempre.”
“É uma mudança de vida insana. Sua vida, a que era, não volta mais, e você também não é mais quem foi. Falta um processo de ‘luto’ para digerir isso. Um processo que se torna mais simples se você está acompanhada. Eu, por exemplo, tenho a sorte de que minha melhor amiga passou por tudo isso antes de mim e foi mãe pela segunda vez algumas semanas antes de minha filha nascer. Ela está sendo meu grande apoio e sinto uma gratidão infinita por isso”, acrescenta Pilar.
Claudia Pariente conta que a principal preocupação das mães quando chegam ao Entre mamás é o choque dessa transformação que a maternidade representa. “Têm a sensação de ‘ninguém me contou’ que, especialmente se o parto não foi bom, se o pós-parto é vivido em solidão e você tem milhares de dúvidas e de juízes em volta, pode ser um túnel muito difícil de atravessar. Some-se a isso as noites sem dormir e o cansaço... A pergunta constante: Voltarei algum dia a ser a mesma?”. A fundadora do Entre mamás também observou que as mulheres, além de solitárias, se sentem frequentemente julgadas. “Centenas de ‘regras’ aparecem para nós sobre como ser a melhor mãe e fazer tudo perfeito. A criação se tornou muito dogmática e exigente. Não acredito que haja um método perfeito e colocar essa carga em cima de nossos ombros é muito injusto”, lamenta.
Para Pariente, falta o apoio social, “ser bem-vindas em todos os espaços; incluir a família estendida e os amigos na tarefa maravilhosa de criar”. E reconhece que os grupos de mães podem oferecer recursos, informação e calor à nova mãe, mas sem esquecer que essa mãe tem outras necessidades e precisa de apoio de seu entorno para o resto de suas atividades. “Da minha parte, visibilizar a maternidade é um ativismo pessoal”, conclui".

_________________________
Pela importância do tema, aproveito para anotar aqui quatro títulos que não só os profissionais da obstetrícia e da ginecologia, mas principalmente os psicanalistas e psicólogos têm obrigação de ler...
1. Maternidad y sexo - Marie Langer
2. La folie des mères - J'ai tué mon enfant - Michèle Benhaim
3. A mãe dividida (a experiência da ambivalência na maternidade) Rozsika Parker
4. Os Kama Sutra - Vatsyayana









Enquanto isso... os mal entendidos, o desvario e a demência vão tomando conta de tudo...


"Nenhum amigo nos diz a verdade. É por isso que só o diálogo com nossos inimigos é fecundo..."
E.M.Cioran, Cahiers, p.141










quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Papa vai ao Chile, pede desculpas pela comilança de crianças praticada por seus padres e faz demagogia com Violeta Parra, com ela que teve que suicidar-se no meio do inferno político de 67... (A vida é um circo atroz!)



Como diria Leon Bloy: "Quando os seres humanos falam amorosamente de Deus, suas palavras lembram os leões que ficaram cegos e que buscam fontes no deserto..."








Vigiar e punir! Castrar e humanizar...



"Quando estiver na cama e ouvir o latido dos cães no campo, esconde-te sob as cobertas e não zombe daquilo que eles fazem, pois eles, como você, como eu e como todos os seres de cara pálida e alongada, têm uma sede insaciável de infinito..."
Isidore Ducasse (1846-1870)






Desde ontem as beatas e os coroinhas dos jornais e das TVs estão insistentemente lembrando aos donos de animais que está aberta a temporada de castração dos bichos domésticos. 
-Leve seu cãozinho para retirar as bolas! 
-Leve sua gatinha para que ela não fique mais miando desesperada madrugada adentro!... Resmungam cinicamente, as frigidas, os brochas e outros carcereiros da libido. 
E os argumentos lembram os da circuncisão na religião judáica e os da clitoridectomia (extirpação do clitóris) lá nas tribos animistas africanas. Sim, são praticamente os mesmos, me diz um veterinário que não 'afoga o ganso há meses'. Higiene, saúde, controle de natalidade, purificação e moral, principalmente moral. Bah! 
Mas, quem é que, indo para o trabalho, já com as algemas nos pulsos, não fica indignado quando vê um casal exuberante de gatos entre gemidos e miados trepando no batente de uma janela? Ou uma dúzia de cachorros esqueléticos, mas vigorosos, nos degraus de uma catedral, em fila dupla, atrás de uma vaidosa e sedutora cadela em cio?*
Abaixo todos os castradores!

*"Segundos depois, como se estivesse sendo regida por uma força incontrolavel, tornava a repetir o mesmo processo, agora já dando sinais de sua escolha e a qual macho estava reservada a lascívia. Quando parti, o clima parecia estar no auge, com ela mais meiga, pisando em nuvens, abrindo e fechando os lábios de seu tesouro e exibindo descaradamente seu clitóris. Bestia senza pace! - blasfemaria Dante." (Ver parágrafo final de Ecce Bestia, página 162)