quarta-feira, 30 de setembro de 2020

900 mulheres que todos gostarão de conhecer...

 "Usa braceletes de ouro 

em memória das algemas de ferro..."

Bertha Lutz




TRUMP E BIDEN... Um debate vergonhoso...


Você que  frequentemente tem sentido vergonha ao ouvir nossos políticos, pouco letrados, disputando cargos e eleições, se acusando mutuamente e tornando publicas suas ideias e seus planos, precisaria ter assistido ao debate presidencial desta noite, entre o Trump e o Biden. 

Inacreditável! Uma vergonha. 

Um debate rasteiro, atrapalhado, miúdo, amador, doméstico, pobre, caipira... que te levaria a indagar: mas afinal, onde está aquele meteorito desgovernado que, de uma hora para outra, viria nos fazer uma surpresa?

Como é possível que, com "lideres" desse calibre, os EEUU ainda continuem sendo um império e controlando o resto do planeta! 

Fiquei imaginando as gargalhadas de Martin Luter King lá de sua tumba em Atlanta; as ironias dos chineses; dos cubanos; dos iranianos; das milícias do Estado Islâmico; dos vietnamitas amontoados como ovelhas lá nos pagodes budistas da antiga Saigon e de outros inimigos históricos da "Amérika", assistindo aquele vexame...

E tão patético quanto o papo dos candidatos, foi o esforço dos jornalistas/analistas de plantão para super-dimensionar os limites intelectuais e a rigidez afetiva do Trump e para tentar arrancar das asneiras do Biden (frágil como um professor de teologia), algum significado.... Um show de subdesenvolvimento... E as madames, no meio da prole, embonecadas e de joelhos juntos lá na plateia, torcendo para seus respectivos provedores e clows... Um fiasco... Uma vergonha para a espécie...  Duvido que alguém, intelectualmente honesto, tenha encontrado naquele debate, uma única ideia e uma única proposta razoável...

Como civilização, estamos muito atrasados... e perdidos...

Como diria Vargas Vila, também gargalhando: "as democracias têm isso de triste: escolhem sempre um escravo que as governe. E o que pode ser o governo de um escravo, senão uma escravidão?"

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

E daqui a 1 milhão de anos...


 Eu, que até ontem estava verdadeiramente preocupado com a possibilidade de, quando a pandemia passar, não existir mais o café onde costumava ir devorar um alfajor chileno com um express, fiquei até envergonhado com minha pequenez ao ler que daqui a 1 milhão de anos a terra inteira, com todas suas  futricas e bobagens, terá sido tragada pelo sol. Caralho! E minha câmera fotográfica? E meu passaporte? E o estojo de meu violino, comprado de um sapateiro em Beijing? E minha Obra Completa de Vargas Vila e de Borges? E nossas cinzas?

Será uma pena não poder relatar para alguém o princípio e a apoteose dessa louca e demente aventura...

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A propósito: Por falar em sol, a umidade de hoje aqui na capital da república ficará abaixo de 10. Como os deuses não estão conseguindo exterminar a espécie através do vírus, parece que estão tentando através da baixa umidade. Eles, que segundo as lendas, precisam tanto do amor dos rebanhos, não parecem dispostos a nenhuma reciprocidade... De quem teriam herdado esse instinto vingativo?


domingo, 27 de setembro de 2020

O Mendigo K., e a rosa de Angelus Silesius...


 

 Neste domingo de primavera, lá pelas 9 horas da manhã, avistei o Mendigo K., nos arredores do Palácio do Governo. Caminhava ao lado de uma senhora que é responsável (voluntária) por um imenso jardim de rosas que há ali. Ela ia examinando delicadamente cada roseiral e dizendo-lhe: Esta tem mais de quarenta anos, parece que foi plantada pela amante do Jânio Quadros. Esta foi deixada aqui pela mulher do Figueiredo. Esta  foi trazida do Japão por uma parente do Collor. Esta foi pisoteada quando impicharam a Dilma. Esta aqui é estupenda. Basta o mês de setembro apitar lá na esquina que ele já se enche de brotos.

E seguiam falando e caminhando, ora para um lado, ora para outro, ora para o norte, depois faziam um desvio para o leste, até que pararam diante de uma que estava num lugar privilegiado, mas sem rosa nenhuma. Esta, - ouvi que a senhora lhe dizia - é  minha preferida. Ela é a típica Rosa de Angelus Silesius.

Rosa de Angelus Silesius? Repetiu o Mendigo, deixando claro que não tinha a mínima ideia do que aquilo queria dizer. 

Ela fingiu não escutá-lo, continuou examinando as raízes e retirando umas folhas amareladas de sua preferida para, depois de um longo silêncio, explicar-lhe: Angelus Silesius foi um padre e médico alemão a quem se atribui esta frase: A rosa é sem por quê. Floresce porque floresce, não se auto-contempla nem pergunta se alguém a vê..."

Ele fingiu entender, mas era puro fingimento.

Ela, não satisfeita, tomou-o pelo braço e sugeriu que ele lesse O peregrino querubínico, do mesmo Angelus, ou então, que visse a tese de Cleide Oliveira, titulada: Por um Deus que seja noite, abismo e deserto...

E prosseguiram a caminhada... 

Ao passar em frente ao Ministério da Educação se depararam com um grupo que gritava contra o Ministro de plantão, acusando-o de homofobia. Homofobia? De novo? Novamente? 

Ela resmungou: preste atenção: se os homossexuais não passarem a ter com urgência um ombudsman que controle e regule seus ímpetos febris/paranoides de tiranias, ao invés de estarem construindo sua liberdade estarão indo, voluntariamente, ou iludidos por juízes e por outros picaretas vingativos, para um gueto odioso. Lembra de Cioran, do velhinho romeno que afirmava: "Os grandes déspotas, perseguidores e patrulhadores são sempre recrutados entre os mártires, entre àqueles a quem não se cortou a cabeça...?" Ele a olha e ouve com atenção e pensa: 'é por isso que Santa Teresa de Jesus é irmã póstuma de Safo e que Santo Antonio (o eremita), é um antecessor do marques de Sade...'


Seguiram a caminhada em direção à rodoviária. Ao chegar lá, se viram envolvidos por uma manifestação que gritava basicamente por Liberdade. Liberdade! Queremos liberdade! Gritava num megafone, uma menina querida e simpática mas que ainda nem devia saber que tinha um clitóris.

Ela colocou-lhe o braço no ombro e disse: Observe.., veja como a liberdade tornou-se um imperativo categórico, um fetiche. Essa obsessão por liberdade é mais ou menos como querer instituir um décimo-primeiro mandamento. Lembra do Braudillard? "Com a liberdade, a origem de todos os mandamentos é interiorizada, o que significará a infelicidade absoluta, porque então passaremos a nos sentir responsáveis por tudo..."


sexta-feira, 25 de setembro de 2020

E... a fobia ao pênis não tem fim... Elas ainda o percebem como um tacape ou como uma serpente...


 https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2020/09/4877754-mulher-corta-penis-do-marido-com-a-unha-e-ele-vai-parar-no-hospital.html


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Observação: O fato do ou da repórter ter usado o verbo "cortar"
 ao invés de "ferir" é mais uma evidencia fóbica/inconsciente...



quinta-feira, 24 de setembro de 2020

O Mendigo K e Mackandal... (o senhor do veneno)

 Nesta primeira quinta-feira de primavera, deparei-me com o Mendigo K. ali numa cafeteria improvisada. Estava com uma mulher negra radiante, de dentes de tigre e olhos de jabuticaba. Como sempre, fez questão de apresentar-nos um ao outro. É procedente do Haiti. Tem o sotaque dos colonizadores franceses (sua tataravó teria sido criada pela família Toussaint), detalhe que lhe garantiu um cargo excelente numa embaixada aqui da cidade. Estava lendo o conhecido livro do Alejo Carpentier: El reino de este mundo. Exibiu-me alguns trechos do livro para, em seguida, perguntar-me se conhecia a história do Mackandal. Mackandal? Não tenho idéia! Ela desabotoou um pouco a blusa de seda italiana para mostrar-me, entre as tetas, um medalhão onde aparecia, em alto relevo, a figura do tal Mackandal. É nosso heroi no Haiti e em quase todas as ilhas do Caribe! Disse. Mais ou menos o que Cristo é para vocês aqui. Não foi crucificado, mas foi queimado vivo pelos invasores estrangeiros daquela época, metade do século XVIII. Sabia tudo sobre magia, sobre Vodu,   tinha o poder de metamorfosear-se em qualquer tipo de animal e propunha, para livrar meu povo da escravidão, sabe o quê? O veneno. Todos os brancos deveriam ser envenenados, para que, no Haiti, junto com a Republica Dominicana, fosse criado um Império Negro... Motivo pelo qual ficou conhecido como ‘o senhor do veneno’ e pelo qual foi lançado na fogueira…

Nesta parte de sua fala, o mendigo demonstrou um certo incômodo e ela, malandramente, foi suavizando o assunto. Anotei no guardanapo usado que ainda estava na mesa: Ver Mackandal, na obra de Alejo Carpentier.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

E... depois de 75 anos... os tais "chefes" de Estado lá na reunião da ONU... E viva a primavera!!!

A pandemia, as últimas lápides nos cemitérios e as covas coletivas, por si só, desmascaram o teatro desses vivaldinos...


[...toute la science du monde me dit bien que ces pains ne peuvent se multiplier...]
René R. Khawani



domingo, 20 de setembro de 2020

Confusão de línguas e messianismo...


 
"Julgando-se encantadores, eles são enfadonhos;

julgando-se admiráveis, eles são ridículos;

julgando-se amáveis, eles são desagradáveis..."

Plutarco

(IN: Sobre a tagarelice)

Acreditem: ainda existe uma quantidade imensa de pessoas que passam os dias fazendo elucubrações, tagarelando e falando em eleições, não apenas sobre as municipais mas sobre as de 2022.

Como não se pode ir ao circo, ficamos com as famosas lives, os comentaristas políticos, os papagaios das rádios, os stand ups, os loucos do youtube... Eles que dividiram o mundo em dois hemisférios: o da direita e o da esquerda. E tudo gira ao redor desses dois polos imaginários. E se exaltam! Se enfurecem! Se amaldiçoam mutuamente! Glorificam seus heróis! Juram que dariam a vida por eles. Que são os estadistas e as divindades que estavam por vir!   Mentem descaradamente para si mesmos e tagarelam. Fazem pose de revolucionários diante dos espelhos. Uns defendem o capital e Adam Smith, outros demonizam o capital e santificam a Stalin... É uma festa... E mostram matérias, relatórios, bradam com a constituição numa das mãos e com a bíblia ou o Kapital na outra. De vez em quando invocam a Hitler, outras vezes a Luter King, outras vezes a Platão, a Marx, a Pinochet... a Neimar... Incineram o Trump e cantam Hosanas ao Maduro e vice-versa...  Falam da cesta básica como do Maná que um deus ou um objeto não identificado jogou sobre os judeus quando atravessavam o deserto.., Apontam para as labaredas, tanto para as da Amazônia como para as da California como signos do inferno... Puro show. Uma performance de arlequins que, curiosamente, vai dirigida sempre a seus asseclas e correligionários já catequizados, como se eles próprios precisassem, cotidianamente, convencer-se de algo que já pensam e que já são. E na prática, nada. Absolutamente nada. Todo mundo rodopiando ao redor das mesmas bagatelas. Desde que nasci só os ouço falando em Educação/Saúde/Moradia/Segurânça/Estradas... E continuamos mergulhados num analfabetismo de dar pena; somos uma enfermaria a céu aberto; 80% dos 210 milhões vivem em cortiços; em cada esquina se encontra um cadáver crivado de balas... e nenhum quilometro de estradas de ferro... Um circo! Uma rapsódia para Clows... 

As novas eleições poderão salvar-nos? 

É possível. O hemisfério esquerdo, por exemplo, já lançou para a prefeitura de Salvador, um sargento da Policia militar e para a do Rio de Janeiro, um major da mesma corporação... Confusão de línguas? Fusão de hemisférios? Enlouqueceram?

E la nave vá...

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

É bom que os bandidos saibam que não sou uma santa...


 Fiz um esforço imenso para assistir a entrevista que a Ministra Damaris concedeu ontem à noite a um canal de tv.

Acreditem: ela não é a beata bobinha e sexualmente congelada que os das seitas contrárias propagam. Tenho certeza que, se fosse necessário, daria um baile de perspicácia, de dialética e até de malandragem nos bobalhões delirantes, filósofos e sociólogos de plantão.

Para o evento, chegou até a vestir uma camisa vermelha e pintar-se os lábios de carmim. 

Falou sobre tudo, inclusive sobre a Damaris criança que foi abusada sexualmente e que teve uma visão transcendente do alto de uma goiabeira. Mas sem frescura e sem choradeira. Numa boa. Nem santa nem mártir! Como quem sabia muito bem quais eram as intenções do entrevistador e as fantasias dos espectadores... Não foi sectária, nem no campo religioso e nem no politico. Deixou nas entrelinhas que poderia, se fosse necessário, rodopiar num centro de Umbanda ou flertar num  bando de esquerda e até de encarar meia garrafa de vinho tinto, sem grandes problemas... Como mulher, deu a impressão de ser bem mais "mala" do que muitas donas de casa enrustidas e do que muitas feministas histéricas... Garantiu que transita bem entre a gerontocracia e que conhece a fronteira entre a política e a religião, que sempre defendeu um Estado laico e, quase sedutoramente, mandou um recado: é bom que os bandidos saibam que não sou santa. 

Alguma coisa nela, não sei se num gesto ou num olhar, parece denunciar que sabe que: o ódio da esquerda aos de direita e dos da direita aos da esquerda não é ódio, é rivalidade. Já que os dois bandos vivem empenhados em conduzir sozinhos o rebanho... e em tosquiá-lo... Em outras palavras: que os néscios se estimam entre si...

Mas o principal da entrevista foi nos últimos momentos, quando o entrevistador indagou-lhe sobre suas pretensões políticas futuras:  o senado? o STF? Ou a vice-presidência da república?

Ela, com uma coreografia de pastora mas, sem esconder as subtilezas de uma vaidosa balzaquiana, deu uma resposta mais do que metafísica: nada disso! Gostaria de ser uma astronauta... de ir para o Espaço... E de  ficar por lá mesmo...

Admirei a Ministra!

Já era madrugada, os galos já estavam quase cantando... voltei a ler Emma Goldman.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

O DILEMA DAS REDES...

"Nada de grandioso entra na vida dos mortais sem uma maldição..."

Sófocles 
(nos primeiros minutos do filme)


As lindinhas, a Ministra Damaris, a dança twerking e os bodes...





"O adulto está manifestando a sua própria infelicidade sexual e emocional sobre uma criança atemorizada demais para protestar, fraca demais para se defender e dependente demais dos cuidados continuados dos adultos para sua própria sobrevivência..."
S. Freud
(IN: Jeffrey M. Masson, Atentado à verdade)

Nesta semana a ministra Damaris encontrou outra razão para sua fervorosa militância em defesa do pudor, da santidade e da "pureza" da infância:  O filme francês que está disponível na internet: AS LINDINHAS. 

Segundo ela,  esse filme é um prato cheio para os libidinosos, os pedófilos e até para os não pedófilos... É compreensível o conflito da ministra, mas ela, como religiosa, também deve lembrar que, como se diz por aí, "o desejo do bode também é uma dádiva de deus".

A tal dança twerking (presente no filme e que na verdade é uma dança para mulheres idiotas) seja ela praticada por crianças, adolescentes ou por sexagenárias, está a serviço apenas das fantasias primitivas masculinas e é um convite até para os brochas.  

Mas, convenhamos, a militância da ministra é inútil. 

Está tudo dominado. Já se pode até comprar corpos de silicone, de todas as idades e dos dois sexos, nos sex-shop... 

E depois, é um equivoco acreditar que a gerontocracia venha fomentando precocemente o desejo e a sexualidade infantil. Não! Apesar dos desvarios da espécie, a criança continua uma criança, perversa polimorfa, como dizia Freud, mas uma criança. O que se está fazendo com elas, por ingenuidade e por burrice pequeno-burguesa é travestindo-as de mulheres e, com isso, tornando-as em ISCAS mais visíveis e vulneráveis aos predadores... 

Por que essa pressa dos pais? Se tanto estética como filosoficamente, nada é mais ridículo do que uma mulher de 70 fantasiada de adolescente, e se nada é mais estúpido do que uma criança de 5 fantasiada de balzaquiana?...

Desde os anos 60 (ou desde o mongol Gengis Khan) as meninas vêm sendo prematuramente manipuladas, performatizadas e abusadas, não para "fazer sexo" mas, estúpida e ingenuamente, para "seduzir" e "incitar" as psicopatias sexuais dos Outros. Repito: Essa perversão social não significa que a sexualidade delas, dessas meninas, esteja sendo fomentada ou turbinada. Não! Até porque, se fosse assim, talvez os registros nos prontuários dos ginecologistas e nos próprios diários das mulheres dos últimos séculos, seriam diferentes...

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A propósito: Depois de assistir ao filme mencionado acima, assistir ao documentário O DILEMA DAS REDES...




terça-feira, 15 de setembro de 2020

A babaquice e o suicidio de um mago...



 Paulo Coelho, nosso Lao Tsé brasileiro, um dos escritores de auto-ajuda mais vendidos no mundo, vivendo na Suíça há vários anos, faz um apelo internacional, via internet, a seus milhões de seguidores para, acreditem, que boicotem os produtos brasileiros

Inacreditável. 

Mesmo seus leitores estão se perguntando: de que natureza deve ser seu ressentimento?

Nem é necessário ser nacionalista, ufanista, patriota, regionalista ou chauvinista, para ficar indignado com uma aleivosia e uma idiotice destas, e para passar a suspeitar que nada é mais perigoso e abominável do que um "erudito" subdesenvolvido, vivendo de joelhos, fora de seu gueto... 

Me pergunto: Estaria, com este embuste, apenas tentando fazer teatro ideológico? literatura? Querendo fazer média com os banqueiros e com os analfabetos suíços imitando e travestindo-se de Dalai-Lama? Tomou o remédio errado? Tem ressentimentos com suas origens? Apesar de  seus livros serem vendidos em todo o mundo, de ter recebido prêmios de todas as grandezas e de ter acumulado muito dinheiro, estaria sendo tratado pelos suíços, como um clown e como um pária terceiro-mundista? Ou seria apenas mais um dos sintomas comuns na androginia? Não importa! É por isso que se diz que os velhos, mesmo os aparentemente mais equilibrados e ilustrados, necessitam permanentemente de um ombudsman que regule seus disparates e suas merdas...

Quando Paulo Coelho nasceu, Nelson Rodrigues (autor de A mulher sem pecado) já devia estar com uns 35 anos, e é provável que quando alcunhou comportamentos como este de complexo do vira-lata, nosso Lao-tsé carioca fosse ainda um adolescente analfabeto... (mas nem isto justifica!)

Enfim: Ontem à noite, num boteco ali da esquina, já havia três ou quatro sujeitos, com tipos de canibais, é verdade, em retaliação e em represália ao escritor, ensopando com conhaque o Diário de um mago; Veronika decide morrer, e outras bobagens escritas por ele e, depois, quase grunhindo, com aqueles isqueiros ainda movidos a querosene, tocando-lhes fogo...

Naturalmente, seus editores, livreiros e velhinhas esotéricas logo estarão registrando estas cenas para incluí-las no marketing de uma próxima edição. E a farsa não tem fim... 

Um chinezinho que costuma passar de mesa em mesa nesses botecos vendendo porcarias que recebe de uma tia que ainda vive em Shangai, e que diz já ter lido O alquimista (numa tradução sino-tibetana), ficou olhando para os livros que queimavam e murmurou: Levantar uma pedra para deixá-la cair sobre os próprios pés, é um ditado com o qual os chineses descrevemos o comportamento de certos idiotas...