quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

O Coronavírus e a paranóia geral...


No centro de uma discussão no saguão do aeroporto estava o Mendigo K. Esbravejava por todos os lados porque, para deixá-lo embarcar, queriam enfiar-lhe uma máscara com óculos e batina, tipo aquelas que se usava no período da Peste Negra. Ele esbravejava, acusava todo mundo de paranóicos e de hipocondríacos fdp, enquanto os médicos e agentes de saúde, já meio irritados, tentavam demonstrar-lhe os perigos do Coronavirus. Os riscos de alguém dando um expiro ou um peido no interior da aeronave. Lembre, como dizia o Presidente da China, - cochichava-lhe uma médica visivelmente assustada - cada gotícula de saliva de um forasteiro pode conter um demônio que vai alojar-se em teus brônquios... 
Ele parecia ficar cada vez mais furioso e gritava: Não viajo enfiado numa merda dessas, nem mesmo se estivesse indo receber o Prêmio Nobel...


quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

O coronavírus, Xi Jinping e o demônio...


 "Le diable est un être de raison. Loin d'être une créature irrationnelle, il résulte des efforts de l'esprit humain pour trouver une explication logique ao problème du mal..."
Georges Minois 

"Os cristãos não são mais monoteístas; inventaram um opositor a Deus a 
quem chamam diabo ou, na língua dos hebreus: Satã"
Celse





Transcendente e exótica a declaração que o Presidente da China (Xi Jinping) fez ao Diretor-geral da OMS de que o Coronavírus é um demônio. 
Se Mao TséTung (que não se deixava engambelar por metáforas, muito menos pelas de caráter religioso) o ouvisse, o condenaria ao expurgo. 
Só falta agora os sábios da OMS recomendarem aos chineses de Wuhan e aos nômades, uma sessão de exorcismo.

Diálogo entre o mendigo K e um corrupto tradicional...

Nesta manhã ensolarada, encontrei o mendigo K na farmácia da esquina. Havia comprado três potes de Maca Peruana e dialogava com um corrupto tradicional aqui da cidade. Consegui registrar um fragmento do diálogo:

- MENDIGO K - É inacreditável que essa corja de "novos ricos", de parasitas e de pés-de-chinelo esteja usando os aviões da FAB até para ir de um bairro a outro!

- CORRUPTO TRADICIONAL - Citando o Eclesiastes: "Não seja demasiadamente justo e não pratiques em excesso a sabedoria: por que te haverias de tornar ridículo?"



terça-feira, 28 de janeiro de 2020

A mistificação das escolas Ou: a neurose de repetição...


"Estou meio decepcionado; mostraram-nos umas miragens, mas era tudo falso..."
Groucho Marx

Agora, o teatro Estatal é a respeito do PROUNI! Envolvendo o SISU, o ENEM, o FIES, a MÍDIA e os aspones dos três poderes. Convocam os Jornais, a Advocacia Geral da União, a Justiça Federal, a UNE, as "tias" das escolinhas, os gerentes da chamada Educação Superior (o que seria uma Educação Inferior?) para resolver uma questão mais do que fútil que o porteiro de qualquer Ministério resolveria em meia hora e, o pior, é que em breve, se a coisa continuar assim, pedirão até um parecer ao Papa argentino.  Senhor representante de Deus na terra, suspendemos a publicação do SISU ou não? Em caso positivo, em que momento, Santidade? 
Inacreditável! 
Não foi por acaso que Shakespeare colocou esta pérola na boca de Macbeth: "a vida é apenas uma sombra que passa, um pobre histrião que se pavoneia e se aquece no palco por uma hora e que não mais ouvimos..."
E todo mundo, há décadas, rodopiando no mesmo lugar, uns lambendo as feridas dos outros e defendendo algo que condenou à ignorância e ao fracasso as últimas gerações. Os de um partido, numa compulsão suicida, sabotando os de outro partido e vice-versa. É mais do que evidente que os protocolos vigentes para conduzir um sujeito a uma formação escolar saudável e respeitável fracassaram. Que são caóticos e cretinos. Observe: ninguém sabe quanto é 8X6 e nem entende uma metáfora! E muito menos entende que o tal vestibular, em si, (com seus cursinhos preparatórios) é uma anomalia. 
Daqui a mil anos, quando essa burrice tiver sido naturalmente transcendida, a vida estudantil de um sujeito iniciará quando ele ingressar na pré-escola e só será interrompida quando ele quiser. 
É la no Primeiro Grau que a criança toma consciência daquilo que quer fazer em seus 80 anos de vida. Um engenheiro, um padeiro, um advogado, um médico, um carpinteiro, um coveiro, um gerente de bordel, um estelionatário, um vagabundo, um charlatão da fé, um alquimista... O Primeiro, o Segundo e o Terceiro graus são meros fios condutores para conduzi-la até lá. E as que não quiserem, cairão fora naturalmente e isso não as inferiorizará em nada. 
E se colocará um freio nessa neurose tupiniquim de que o sujeito TEM que "fazer uma faculdade". Pagar por um título um valor que, depois, terá que passar a vida inteira trabalhando para resgatar. É evidente que isso é uma sociopatia! No interior do país até hoje se vê as famílias fazendo festa, gritando e colocando bandeira nas janelas porque seus filhos "entraram numa faculdade". Isso é uma vergonha! Um horror! Uma alienação! Um cavalo de Tróia! Uma idiotice de tribo!
Abaixo o PROUNI, o SISU, o ENEM, o FIES, as NOTAS, as empresas dos cursinhos preparatórios, as listas de aprovados, o choro dos reprovados, as mães histéricas que já começam a chamar seus filhos de doutores ainda no berço. Abaixo todas essas idiotices! Tudo isso constitui um engodo desprezível que será substituído naturalmente por uma Pré-Escola, por um Primeiro e Segundo graus respeitáveis. Um engodo semelhante ao engodo dos mestrados, dos doutorados, dos pós doutorados e das conhecidas especializações.. Que se condense todas essas falcatruas no Segundo grau. E quem sentir que não tem aptidão e nem saco para tanta baboseira, que pegue sua enxada e que vá plantar batatas... (para vender aos chineses!)

domingo, 26 de janeiro de 2020

São as chuvas de todo Fevereiro e de todo Março... De todos os anos...


" A paz como escravo é mais pesada do que a guerra como homem livre"
Maquiavel



Anualmente, quando as chuvas aparecem, aparecem também as enxurradas, as enchentes, os aluviões, o derrubamento de encostas e de cortiços, as ruas das cidades se transformam em rios e há gente chorando no meio das borrascas, do barro e de seus cadáveres. A mídia vai para o local das tragédias, entrevista os mais desesperados, aponta as câmeras para o negror das nuvens, faz previsões de mais chuvas, mostra as planilhas de quanto dinheiro foi roubado naquele município, naquela cidade, naquele Estado e quantas vezes o Prefeito, os Vereadores e o Governador foram a Paris naquele ano. Os padres vendem missas e rezam como autômatos pelas almas dos defuntos, enaltecem as divindades por, pelo menos, um dos dez barracos não ter desmoronado (mas e os outros 9?), todo mundo faz novenas, queima incenso enquanto os aspones daquele local juram que fizeram de tudo para evitar a tragédia e que nos próximos anos tudo estará resolvido. Este é o script de todos os anos e há décadas.
Fica cada vez mais difícil dirigir-se a essas pessoas sem insultá-las.
Uma curiosidade: Já que vão tanto a Paris, por quê é que ainda não observaram a altura das muralhas com que os franceses domesticaram o Sena? 
É evidente, repito, que há uma burrice intrínseca ao mau-caráter dessa gente. Estão viciados em desastres! Não vivem sem essas desgraceiras e sem essas desditas anuais. Gostam de ver colchões, panelas, ratos, armários, chapéus e corpos rodopiando no meio da tormenta. Gostam e lhes é lucrativo decretar Estado de Emergência ou de Calamidade Pública. Recolhem os cadáveres, reconstroem os cortiços e as sucatas. Mandam para a casa dos sobreviventes meia dúzia de cestas básicas, esparadrapo, colchões, cobertores e analgésicos, uma oração de São Cristóvão e voltam para Paris. Muitos pés-de-chinelo têm apartamentos de 500 metros quadrados em Paris e à beira do Sena. E se orgulham de tê-los comprado com 'dinheiro de sua arte ou de seu suor'.  Enquanto você se põe de joelhos e finge que acredita, troveja. Os cortiços esperam pelas novas chuvas... Todo mundo percebe que eticamente a submissão das vítimas é pior do que a podridão dos vivaldinos! Não leram Maquiavel e ainda não entenderam que a paz como escravos é mais pesada do que a guerra como homens livres...




quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Vargas Lhosa; Livros e privadas...



"O objeto que melhor representa 
a civilização não é o livro, o telefone, 
a internet ou a 
bomba atômica: é a privada".
Vargas Lhosa


Nesta quinta-feira quase chuvosa encontrei o mendigo K. ali nas margens do lago Paranoá. Sem dizer uma palavra apontou para uma boca-de-lobo através da qual chegavam às águas quase azuis, borbulhões e torrentes de esgotos vindos de diversas regiões da cidade. 
Que tal? Indagou-me.
 E isto, esta aí, desde os tempos do Juscelino Kubitschek e do Jânio Quadros. Sobreviveu às décadas da ditadura, ao Tancredo, ao Sarney, ao Collor, ao Itamar, ao Fernando Henrique, ao Lula, à Dilma e agora ao Bolsonaro. Qual é, afinal, o problema dessa gente com relação aos dejetos? Aos esgotos? E à merda? Tudo bem, sabemos que como escreveu Milan Kundera "a merda é um problema teológico mais penoso que o mal. Que Deus dá liberdade ao homem e que podemos até admitir que ele não seja responsável pelos crimes da humanidade, mas uma coisa é certa: a responsabilidade pela merda cabe inteiramente àquele que criou o homem, somente a ele..."
Mas trinta ou quarenta anos só discutindo protocolos, interpretações, moralismos, putarias e intrigas, idealismos... Fazendo propaganda enganosa. Atiçando artificialmente uns jornalistas contra outros para angariar audiência e para manter os rebanhos esperançosos e na torcida. E só falando em Saúde, em Educação, em Moradia, em desemprego, em Segurança e na tal Carta Magna! Meio século cacarejando sobre esses temas, como se a vida e a civilização se reduzissem a isso... e com a merda escorrendo pela beirada das casas... Isso é demais! 
O que falam, o que pensam e o que sentem na intimidade essas gentes? 
Não é possível que não consigam perceber o cheiro e nem o vínculo direto que há entre a educação, a cultura, a saúde e a segurança pública, com a merda! 
É evidente que um país que não tem sistema de esgotos e nem privadas não terá educação, nem engendrará grandes obras culturais, nem será um povo saudável e nem se livrará das chacinas diárias. Sem água potável (veja-se o que esta acontecendo no Rio de Janeiro e a culpa não é das algas) e sem privadas, um povo não tem como conquistar algum tipo de 'amor próprio', de 'auto-estima', de lucidez e muito menos de soberania. E não adianta pagar um ecologista ou um radialista babaca para ficar gritando que o Rio Amazonas e o Rio São Francisco são nossos. Ou colocar um ou outro professor demagogo no Ministério da Educação, no Ministério da Saúde, na Secretaria de Cultura e no Judiciário. E não adianta ficar comprando tomógrafos computadorizados, nem mandar médicos aspones se especializarem na Índia, em Cambridge ou Berkeley. Não adianta ficar fazendo demagogia com  crentes, padres, PDs e malandros estrangeiros, com universidades, com livros e com bibliotecas. Não adianta aparelhar as policias com armas automáticas. Ampliar os acessos à Internet, (G5!) doar dois ou três telefones celulares para cada bobalhão, e investir no urânio suficiente para uma futura bomba atômica, quando 80% da população não tem nem onde cagar com dignidade, se é que esse ato abominável pode ser realizado com alguma dignidade. Tudo isso é uma idiotice perversa, quase esotérica e sem porvir. É fundamental lembrar daquilo que afirmou recentemente o escritor peruano: "O objeto que melhor representa a civilização não é o livro, nem o telefone, nem a internet ou a bomba atômica, mas sim a PRIVADA."
Em outras palavras, pode ser que com esta fraseVargas Lhosa (nobel de literatura em 2010) esteja querendo nos lembrar daquilo que dizia Leo Campion: "a superioridade do homem sobre os outros mamíferos é que ele se limpa o cu..."
Repito: um governo que tivesse culhões e sabedoria dedicaria seus 4 anos absoluta e objetivamente apenas na construção de saneamento básico e na sacralização de seus rios. Mas, e a Saúde?, E a educação?, E a moradia?, E a segurança?... Ora, cada um que as faça por si mesmo. E a arte? Bem, que a arte seja normalizada ou higienizada pelo estado, seja por um estado nazi, stalinista, ou democrático, ou teocrático, ateu ou tirano, liberal, bonachão ou perverso, (não muda em nada) isso já é em si uma anomalia. Toda arte institucionalizada, autorizada e financiada pelo Estado ou que advenha dele, leva sempre em si, mesmo que seja quase invisível, o carimbo da picaretagem.



E o Samba-enredo da Mangueira... não se submete aos neo-inquisidores... (Mas... observe: no fundo, tudo aqui também é religioso!)

Mino Carta: O fim das ilusões. Ou: o niilismo inevitável da senectude...

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Enquanto isso...



O coronavirus e o contra-ataque das bestas...

"Cada cuerpo es una metáfora erótica y el significado de todas estas metáforas es siempre el mismo: la muerte..."
Octavio Paz
(No prefácio de Cuerpos y oferendas, de Carlos Fuentes)

A China e seus países satélites estão preocupados com o coronavirus que surgiu num mercado de animais e de carnes e que se espalha pela Ásia com uma rapidez admirável.
Seria um contra-ataque das vacas, dos porcos, dos gafanhotos, dos patos, das cobras, dos perus, das rãs, dos cachorros, dos escorpiões, dos peixes, baleias, camarões, frangos e outros animais que eles banqueteiam todos os dias? 
Uma resposta ao massacre e a comilança a que estão sujeitos há séculos?
 Seria ingenuidade acreditar que poderíamos passar impunes para sempre, seguir  matando e comendo outras espécies a vontade sem que, um belo dia, elas nos dessem o troco.  
Lembram da Vaca Louca? Da Peste Suína? Da peste aviária? Das ostras malditas? Lembram da Peste Negra, onde ratos, pulgas e bactérias UNIDOS & SOLIDÁRIOS conseguiram eliminar uns 200 milhões de pessoas? Lembram dos mosquitos da malária que reduziram a quase nada o projeto da Ferrovia Madeira-Mamoré? Dos macacos da febre amarela que habitam o fundo de nossas casas? Dos morcegos nas selvas tropicais?, e sem falar dos ácaros, dos percevejos e dos fungos, que militam diariamente ao nosso redor...
É evidente que nossa guerra esta perdida, e que a derrota final é só  uma questão de tempo...

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

A cagada do Roberto Alvim e a pedantocracia dos cretinos e das hienas...

E o affair Roberto Alvim não para de repercutir. Todo mundo, dos pés de chinelo mais ignorantes e dos artistas mais medíocres até os delinquentes acadêmicos mais badalados querem pegar uma carona em sua cagada e tentar limpar-se de instintos, de convicções e de desejos secretos, muito parecidos e semelhantes aos expressados por ele. Cretinos ilustrados! 
 E ele, que de cocainômano, passou a comungar-se todos os dias, agora, metralhado de todos os lados por um bando de hienas mais invejosas do que anti-nazistas, busca apoio em Satã e diz que aquele seu discurso foi malandramente inspirado pelo diabo. Incrível! Por quê o diabo?  Mas não é o diabo que usa Prada?
Claro que esta confuso. E uma sociedade que não para de pisotear um sujeito que caiu em desgraça, ela sim é uma sociedade maligna com inspiração não apenas em Goebbels, mas no próprio Fuhrer. 
Como diria Octavio Paz, no prefácio de Cuerpos y Oferendas, de Carlos Fuentes: "al final el hombre está solo frente a sí mismo. Solo frente a su máscara y solo frente a su muerte: su transparencia intocable..."

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

O mito do maestro...








A guerra religiosa no Brasil...

[... Patíbulos, calabouços e masmorras prosperam sempre à sombra de uma fé. Dessa necessidade de acreditar em algo que infestou o espírito para sempre...]
Emil Michel Cioran



Há uns três anos, ouvi numa das inúmeras ladeiras de Lisboa, de um músico português que havia vivido no Brasil e que tinha como amante uma psicóloga brasileira, esta previsão: O Brasil se destruirá através de uma guerra religiosa interina. Naquele momento achei surrealista e ficcional seu presságio e sua advertência. Mas hoje, com a nova polêmica da Igreja Católica com a letra do samba enredo da Mangueira e com os comentários paralelos sobre o assunto, começo a dar crédito àquele oráculo lusitano.
O Instituto Plinio Salgado, por exemplo, denuncia a existência de uma suposta guerra contra o cristianismo; a sociedade israelita promete não deixar o neo-nazismo prosperar no país; os neo-pentecostais prometem assumir a Presidência da República em breve; na Baixada Fluminense já existe o chamado Bonde de Cristo cujos asseclas estão entrando nos centros de umbanda que há por lá e, com fuzis em punho, determinando sumariamente seu fechamento, enquanto os líderes daquelas religiões juram que nada os deterá. Os homens de ciência já queimam incenso durante suas pesquisas e suas consultas. Os espíritas ziguezagueiam no meio de espíritos milenares. Os beatos discriminam os ateus, os ateus desprezam radicalmente os beatos. O Lula, desde seu anonimato e pensando nas próximas eleições, esta orientando seus testas-de-ferro a cooptar os evangélicos para suas fileiras. Afinal, o voto é laico.  Só os islâmicos ainda não entraram abertamente em cena e nem os ciganos.  
Do dia para a noite surgem igrejinhas, templos, casas de oração, centros hipnóticos e pregadores por todos os lados. E cada um de seus membros aparece mais fanático e mais convicto do que o outro afirmando que Deus lhe deu uma missão e que a cumprirá, custe o que custar. E enquanto isso, os hospícios, os manicômios e as velhas Casas de Orates, ficam cada dia mais lotadas e as multinacionais de medicamentos vivem muito bem às custas da loucura e da fé...
É provável que nenhum dos demiurgos tenha imaginado que essa pobre espécie chegaria a tanto e que descambaria para esse desvario!


domingo, 19 de janeiro de 2020

Fragmentos do discurso que o Roberto Alvim (nosso Goebbels apedrejado) poderia ter feito....



"Não podem exigir que traguemos com gosto o desagradável pastel de carne humana que nos concedem.  Não podem exigir que nossas narinas aspirem com prazer as emanações cadavéricas. Não se pode esperar que seja heroísmo a apatia e a frieza de coração que fatalmente se manifestam cada dia mais. Um dia teremos que admitir que reagimos de maneira muito cortês e até comovedora. Os panfletos mais estridentes não foram suficientes para cobrir decentemente com asco e desprezo a hipocrisia geral..."(Hugo Ball)

E "não existe construção possível a não ser na base do desespero individual e na base de sua superação: os esforços empreendidos para mascarar esse desespero e manipula-lo sob uma outra embalagem bastariam para o provar..." (Raul Vaneigem)

Por isso, "Proclamo a oposição de todas as faculdades cósmicas contra essa blenorragia de um sol putrefato surgido das fábricas do pensamento filosófico; luta encarniçada por todos os meios da repugnância dadaísta. Qualquer produto da repugnância suscetível de converte-se em negação da família, é Dada. Protesto aberto contra todo ser em ação destrutiva, é Dada. Conhecimento de todos os meios até agora repudiados pelo sexo pudico da transa cômoda e da cortesia, é Dada. Abolição de toda hierarquia e equação social instalada para os valores de nossos criados, é Dada. Abolição da arqueologia, abolição dos profetas, abolição do futuro, é Dada. Fé absoluta e inquestionável em qualquer Ser que seja produto imediato da espontaneidade, é Dada. Salto elegante e sem preconceitos desde uma harmonia até a outra esfera, é Dada. Trajetória de uma palavra lançada como um disco, grito sonoro e respeito por todas as individualidades e pela loucura do momento, isto é Dada... Um manifesto é uma comunicação feita ao mundo inteiro, na qual não existe outra pretensão a não ser a de descobrir o meio de curar a sífilis politica, astronômica, artística, parlamentar, agronômica e literária. Pode ser doce, bonachão ou agressivo, tanto faz. O certo é que tem sempre razão, que é sempre vigoroso, forte e lógico..." (Tristan Tzara)

Por fim, "Criaremos um DADA cotidiano, uma antiestética da vida de todos os dias. O que esta além da beleza será inventado pelo ato revolucionário, criado por gestos sutis, teus olhos cruzando-se com os meus na rua e vendo-nos por primeira vez, a imagem de uma garota chinesa agachando-se para amarrar o cordão do sapato, com a ponta de sua cabeleira negra acariciando a calçada. Ouçam bem: nosso ato revolucionário será criado pelo descobrimento da disciplina não ordenada ou de uma autêntica loucura..." 
(D. Cooper)

Mientras...

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Roberto Alvim: O nosso Goebbels apedrejado...

"Autópsias morais não se fazem sobre uma tumba recentemente fechada..."
Sainte-Beuve

 E o Roberto Alvim esquecendo que Brasília não é para amadores e que aqui o teatro é outro, se embrenhou (com seu terno cinza e com sua alvura) pela retórica do velho J. Goebbels e foi triturado. Os judeus (com razão) ficaram com as orelhas em pé e os alemães (com razão) se viram novamente retratados. Surgiram flechas, tacapes, pedradas e arpões de todos os lados. E o Alvim, em seu último ato burocrático, cercado por outros delirantes, enalteceu a família, a coragem do povo, as ligações com Deus, as virtudes da fé, o nacionalismo e a lealdade na luta contra o mal... e em defesa do território sagrado das obras de arte e etc.  
Território sagrado das obras de arte? Caralho! Estaria possuído..? Fazendo uma ironia? Uma sátira? Delirando..?
Curiosamente, a nação inteira ficou melindrada. Não sei se pela evocação exageradamente mística de um burocrata ou se pela lembrança de Goebbels.  Mas esse melindre é bizarro, uma vez que 98% da população são místicos e uma mesma porcentagem não tem a mínima idéia de quem foi esse tal Goebbels. E mais: que a imensa maioria sequer sabe que existiu um Processo Nacional Socialista Alemão (Nationalsozialismus).  
O Mendigo K, refletindo sobre o escândalo filosofou: Uma nação democrática que não suporta a frase de um defunto, seja de Goebbls ou de quem quer que seja, não é nem uma nação e muito menos democrática. É, mais bem um ninho de paranóicos!
No PET onde fui buscar meu cachorro, o canil inteiro, de todas as raças, queria saber quem era afinal, o tal Goebbels. A dona de um pequeno shih tzu, falando com a moça que arrastava um imenso Golden, para responder-lhe chegou a dizer que assistiu, não lembrava se no programa do ratinho ou do Faustão, alguém entrevistando o Goebbels e que no país, nas últimas duas décadas, todos os marqueteiros de campanhas se inspiraram nele e principalmente naquela sua frase mais conhecida: dita várias vezes uma mentira se torna uma verdade! Curiosamente a moça entendeu ao contrário: omitida várias vezes uma verdade se torna uma mentira.
Uma outra senhora que na saída do PET recolhia dejetos e excrementos dos cães e de alguns mendigos que costumam aliviar-se por lá e que os enfiava num saco plástico transparente, abordou-me para dizer que conhecia o Goebbels, que sempre achou que ele fosse comunista e que gostava especialmente daquela sua frase: "guando ouço falar em arte tenho logo o impulso de puxar a pistola". 
E a cachorrada latia. Por quem latem? Perguntei ao veterinário. Latem pela queda do Alvim, me respondeu sóbria, servil e adestradamente.

Mas, e agora? Bom, agora já convidaram a senhora Regina Duarte para assumir a vacância. 
Todo mundo aqui pelos labirintos da república esta visivelmente preocupado com a possibilidade dela também gostar de ouvir R. Wagner, levar uma cruz de jacarandá na bolsa e vir a cair no mesmo engodo que o Alvim. Todo mundo esta com medo que, ela também, ao falar sobre a religião da arte, venha a mencionar ou a parafrasear alguém proibido pelos vigias da moral, das fobias e da dignidade nacional, ou até mesmo que profira alguma frase da Rosa Luxemburgo, da Irmã Dulce ou do Frei Savanarola. Lembram dele e da maneira como tratou a arte e os artistas de Florença?

Lástima grande que no sea verdad tanta belleza! (Leonardo de Argensola (1562-1731)








Por coincidência, quando os editores e os jornais anunciaram o livro da jornalista "japonesa" sobre o Bolsonaro, intitulado TORMENTA, eu estava revendo o da Roudinesco publicado em Paris, em  2005 e com um título semelhante: Philosophes dans la tourmente, traduzido no Brasil pela Zahar como (FILÓSOFOS DA TORMENTA). 
Parece se confirmar a idéia de que os períodos sociais conflitivos engendram mais criatividade, não é verdade? veja-se o filme da Petra: Democracia em vertigem; o livro do Guirardelli: A filosofia explica o Bolsonaro e agora o da jornalista Thaís Oyama sobre os bastidores do primeiro ano de governo do Bolsonaro. 
Apesar de uns autores/atores precisarem de um bode mensageiro como incentivo, a tendência maior é por um bode expiatório. E o Bolsonaro tem todos os qualificativos para tal. Mas é bom não se iludir. A grande maioria dos que nos cercam e daqueles com quem  nos relacionamos, apesar dos disfarces, levam um Bolsonaro, às vezes até piorado, dentro de si. Os críticos, os oportunistas e os desalojados fingem que criticam o governo de plantão e o governo finge irritar-se com eles. Mas é puro teatro. Há vasos comunicantes entre eles e ambos estão apenas construindo suas biografias, aumentando seus saldos bancários e gozando, enquanto as tropas se mutilam entre si e contentam-se com a ilusão da liberdade-de expressão" e com os 6 reais de aumento salarial.
Com que sonham as galinhas? Com milho!
Enfim: enquanto o TORMENTO da "japonesa" não estiver amontoado nas livrarias, vou relendo o da Roudinesco:

1."A França entrou em decadência? Você é pró ou contra Spinoza, Darwin, Galileu? Gosta dos EEUU? Heidegger não passou de um nazista? Michel Foucault foi o precursor de Bin Laden, Gilles Deleuze, um toxicômano, Jacques Derrida, um guru desconstruído? Napoleão era tão diferente assim de Hitler? Diga as semelhanças, diga seus pensamentos, avalie seu saber, fale em seu próprio nome". p. 9

2. "Decidi prestar homenagem a seis filósofos franceses - Canguilhem, Sartre, Foucault, Althusser, Deleuze e Derrida - cujas obras são conhecidas e comentadas no mundo inteiro (...) Todos eles recusaram, à custa do que eu chamaria de uma travessia da tormenta, transformar-se em servidores de uma normalização do homem, a qual, em sua versão mais experimental, não passa de uma ideologia da submissão a serviço da barbárie..."p11

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Afogar o ganso! Privilégio ou castigo? Um ato libertário ou uma compulsão doentia?


Segundo meu correspondente em Roma, com a publicação do livro do cardeal Robert Sarah: DO MAIS PROFUNDO DOS NOSSOS CORAÇÕES, que trata do celibato dos clérigos,  o Vaticano esta pegando fogo e transformado numa Casa da Mãe Joana. 
Afinal, os padres, cardeais, bispos papas, coroinhas, acólitos e congêneres podem afogar o ganso de vez em quando ou não? O que dizem os urologistas? 
Afinal, os homens que quiserem atuar como procuradores celestes e como padres na região amazônica, podem casar-se ou não? 
O papa Francisco, que é aqui dos trópicos e que conhece muito bem os efeitos do sol, do tango e das milongas sobre a testosterona, parece ser a favor de uma certa flexibilização nesse sacrifício e nessa sublimação (IN)voluntária. 
Mas.., já o cardeal Robert, originário de uma das Guinés (onde a sexualidade não é assunto metafísico para nada e onde as meninas engravidam precocemente e são forçadas a casar-se) e o papa germânico, da terra de Schopenhauer (já mergulhado na plenitude sexual da senectude), defendem que o celibato tem um grande significado dentro dos marcos da fé e que não é possível misturar sacerdócio com fornicação, nem sacralidades com profanidades.
Segundo o mendigo K., que, neste pormenor, até concorda com esses dois magnatas do absurdo, a instituição do celibato foi a maior jogada e a maior malandragem dos criadores dessa religião, uma vez que  intuíram que o matrimônio e a família nuclear aniquilariam com os sujeitos e destruiriam neles qualquer possibilidade de raciocínio lógico, de equilíbrio e de transcendência. As loucuras domésticas de todos os dias os introduziriam cotidianamente num inferno tal que seria impossível ao marido/pai/sacerdote até mesmo decorar um versinho da Bíblia, um dos contos dos evangelistas e muito menos ter humor e saco para ir, às cinco da manhã, dar a extrema-unção a um pinguço ou rezar uma missa e tentar convencer o auditório delirante de que entre o forro e o telhado há um ser que zela por nossa existência e que.., afinal, a vida é bela! 
Com que sonham as galinhas? Com milho!
Enfim,  - me afirmava ele - independente das razões do cardeal africano e das do papa alemão, acabar com o celibato, será o fim do romantismo poético da igreja católica e o começo do inferno doméstico para os pobres seminaristas... 
E depois, se o onanismo funcionou tão bem durante todos esses séculos, por que agora, essa necessidade de mudança?




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A derrota e o sepultamento da libido! OU: A história da estupidez monogâmica... Uma vingança dos brochas...


De quand date la monogamie en Occident ?

(MISE À JOUR : )


Pendant un millénaire, dans un Occident à peine christianisé, on peut avoir plusieurs femmes et s’en séparer. Les hommes sont polygames et le droit les autorise à renvoyer leur épouse. Jusqu’à "l'affaire" du roi Philippe. 
Il est arrivé qu’à l’occasion de telle ou telle affaire de président adultère, certaines personnes se moquent : «Vous, en France, vous êtes autant polygames que nous. Mais vous le faites en trichant». Que penser de ce genre d’affirmations ? Histoire du mariage, un pavé publié dans la formidable collection Bouquins (Laffont) et qui se lit comme un polar plein de rebondissements, répond un peu à la question : au fond, de quand date notre «monogamie» ? Et quelle valeur a-t-elle ?
Charlemagne (742-814) se marie cinq fois et n’attend pas toujours qu’une femme meurt pour en épouser une autre. Pour s’allier avec la fille du roi des Lombards (Désirée), il déclasse sa première femme (Himiltrude) au statut de concubine. Moins d’un plus tard, Désirée est déclassée à son tour, au profit d’une princesse alémanique. Le cas de Charlemagne est loin d’être isolé. Les grands seigneurs carolingiens sont polygynes, c’est-à-dire qu’il leur suffit de déclarer «concubine» leur épouse pour pouvoir épouser une autre femme… tout en ayant autant de concubines qu’ils le désirent. L’historien Charles M. de La Roncière note dans un chapitre éclairant d'Histoire du mariage (Robert Laffont, 2009) que «Les concubines du bon roi Dagobert étaient si nombreuses qu’il renonçait à les nommer toutes». 
Lors de l’effondrement de l’Empire carolingien, vers 820, les évêques interviennent dans les affaires matrimoniales. Ils tentent de moraliser le mariage en imposant l’idéal de l’union unique, à vie. Problème : la coutume du concubinage – très répandue dans l’aristocratie – trouve des formes de légitimité dans la Bible : après tout, le patriarche Jacob n’avait-il pas des concubines ? Les nobles du 9e siècle, en Francie, sont d’autant plus attachés à leurs concubines que celle-ci sont toujours des princesse de haut rang, qui garantissent des stratégies d’alliances complexes, indispensables au maintien de la paix et aux négociations territoriales. 
L’épiscopat n’a cure de ces stratégies lignagières. Sous le règne de Louis le Pieux (814-840) – quatrième fils de Charlemagne – les évêques mènent une véritable purge à la Cour : le nouvel empereur chasse les ex-compagnes de son père. Mais la polygynie a la vie dure. Louis II dit «le Bègue» (846-879) épouse ainsi en première noce une femme (Ansgarde de Bourgogne) qu’il a enlevée dans une abbaye puis la répudie afin d’épouser Adélaïde de Paris. Scandale ? Non. Ainsi qu’un évêque l’observe à l’époque, il suffit d’un rien pour qu’une épouse soit répudiée. Elle est de moins haute naissance qu’une autre ? Moins riche ? Moins belle ? Si elle ne sert plus ses intérêts, «le mari s’estimait autorisé à se séparer d’elle et à se remarier, résume Charles de La Roncière. Les évêques et les conciles (Troyes, 878) firent plusieurs fois état de toutes ces répudiations, préoccupantes par leur nombre, par leur désinvolture et par leur éclat.» Comment faire obstacle au remariage de ces inconstants ? 
En 860, lorsque Lothaire répudie sa femme, un prélat nommé Hincmar fait opposition : «selon la loi de l’église et la doctrine catholique, un mariage légitime ne peut être rompu.» Hincmar en réfère au pape Nicolas Ier, qui refuse lui aussi de reconnaître le mariage. En 866, Waldrade est excommuniée. Lothaire tente de plaider sa cause, mais en vain. La lutte cependant ne s’arrête pas là. Les nobles résistent. Ils continuent de répudier. Eclate ensuite l’affaire du remariage de Philippe Ier, roi de France : il avait répudié sa femme Berthe (après l’avoir fait enfermer au château de Montreuil où elle mourut probablement de chagrin), pour épouser, en 1092, Bertrade déjà mariée au comte d’Anjou. Le pontife ne tergiverse pas. Fait inouï pour l’époque : deux conciles condamnent Philippe 1er. Le 16 octobre 1094, trente-deux évêques prononcent l’excommunication du roi. 
Le couple royal vit pendant 10 ans sous le coup de l’anathème… avant, finalement, de plier. Lors du concile de Paris, «en 1105, devant un parterre d’évêques et d’abbés, le roi, pieds nus, vêtu en pénitent, prêta le serment de n’avoir plus aucun rapport avec Bertrade et de ne lui parler qu’en public», raconte Charles de La Roncière. Tint-il parole ? Apparemment pas. Malgré leur serment, Philippe et Bertrade (désormais absous) poursuivent leur vie commune. Mais le mal est fait : un roi s’est humilié devant le Pape. Pour les nobles, c’est une trahison, qu’ils dénoncent dans un «déchaînement d’invectives». Trop tard, une page de l’histoire est tournée. Le «mariage exogame, monogame et indissoluble» s’impose comme la normeSont désormais bannis le concubinage et «toute l’écume suspecte des pratiques séculaires de la noblesse», conclut l’historien. 
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A LIRE : Histoire du mariage, dirigé par Sabine Melchior-Bonnet et Catherine Salles, éd. Robert Laffont, coll. Bouquins, 2009.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

O GRANDE GOLPE: E A VERTIGEM PASSA A SER COLETIVA E CLÍNICA...


"Estou me convencendo que meus patrícios sabem aumentar o que ouvem e exagerar o que vêem, mas não sabem criar..."
Câmara Cascudo 
IN: Pequeno manual do doente aprendiz, página 27















segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Enquanto isso... In Babylon...

"O Rei está morto. Longa vida ao Rei!" OU: Somos todos monarquistas!...

Há umas duas semanas o mundo não fala em outra coisa que não seja das fofocas e dos fuxicos familiares no interior das alcovas do Palácio de Buckingham e da Monarquia Britânica. E a rainha aparece com seu chapéu e seu vestido amarelo de sempre. O filho da rainha se esquiva enquanto os príncipes não escondem o incômodo com as algemas. Já, os  súditos, contratados e voluntários, arrastam malas, secam suores, coçam o saco, catam piolhos nos condes e nas condessas, nos duques e nas duquesas, e ninguém se envergonha com o fato de que ainda exista uma monarquia e uma monarca no mundo. Que ainda exista uma confraria, vinte ou trinta sujeitos, que acreditam ser enviados por Deus para fazer filantropia e adocicar a pílula da ralé. Inacreditável. E o mais curioso e paradoxal é que esse Circo Real, ao invés de causar indignação, pelo menos aos milhões dos fodidos suburbanos daquele próprio país, causa fascínio. O populacho perde o fôlego ao ver a trupe arrastando braceletes cravejados de diamantes e as escrituras das terras de sete ou oito países. Nostalgia feudal! Deslumbramento de subalternos, excitação de vira-latas! A ralé quer e faz de tudo para ver SUA MAGESTADE, a rainha,  os condes, os príncipes e os bebês sagrados sendo amamentados, os cavalos inquietos, as carruagens, as xícaras com que bebericam chás as 5 da tarde... E a admiração pela corte e pela linhagem monárquica é tanta que muitos energúmenos gostariam até de ser as pedras dos jardins do Palácio de Buckingham para serem pisoteados por eles, enquanto gritam: Oh majestade! Somos todos monarquistas!
Com que sonham as galinhas? Com milho!
Um mistério! Um verdadeiro mistério! Um show de subserviência, de alienação e de caráter suburbano que vem de longe e que se a psicanálise não conseguir explicar, talvez, só mesmo os futuros estudos do DNA possam vir a fazê-lo...

Ao MEC e aos pedagogos...


Parafraseando a A. Solomon: pertencer a uma religião é como tentar manter o equilíbrio enquanto se dança com um bode..."
(Ver: Andrew Solomon In: O demônio do meio-dia - Uma anatomia da depressão)

Esta todo mundo de saco cheio de ouvir as discussões intermináveis e idiotas sobre a miséria educacional do país. Se foram os governos do Lula, do Fernando Henrique, do Collor, do Jânio ou do marechal Deodoro que nos empurraram para essa miséria. Se foi Piaget, Paulo Freire, ou a Maria Montessori cada um com seus métodos que nos conduziram ao abismo. Segundo o mendigo K, a questão é outra. Segundo ele, não há método e nem professor que consiga competir com a mídia. E mídia - me dizia - são os jornais escritos, as rádios e as televisões. (principalmente as rádios e as televisões). Enquanto não se mudar radicalmente o funcionamento dessas 'escolas midiáticas' a burrice só aumentará. Observe. Ouça as rádios! Assista os programas de televisão: 24 horas de blá-blá-blá emburrecedores. As criticas, as análises, as curiosidades, os enfoques, e até as piadas, tudo o que os locutores vomitam sobre as massas esta impregnado de moralismo barato, de animismo, de religiosidade das tataravós, de pouca alfabetização, de falta de leitura, de pobreza emocional e, o pior, de desvalorização da ciência em favor da irracionalidade religiosa. Aliás, sobre religião, um dos nossos principais jornais publicou hoje uma pesquisa sobre o assunto. Um terror! Segundo os dados, os bandos se dividem quase igualmente entre católicos e evangélicos. Mas, dois dados têm uma importância especial: 58% dos evangélicos são mulheres e uma mesma porcentagem são negros. Claro que na católica a coisa não deve ser diferente. Pergunta: O que aconteceu com essa espécie para que tenha mergulhado nessa paixão pelo absurdo? O Mendigo K., antes de retirar-se, bateu-me no ombro e resmungou: ensine-se as mulheres a gozar sexualmente e as igrejas se esvaziarão! Acabe-se com o racismo e os negros abandonarão as igrejas!

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Enquanto isso... os ciganos de Barcelona...

CRISTO E A PORTA DOS FUNDOS...

"Cortar um cigano em dez pedaços, 
não o mata, mas cria dez ciganos.
Provérbio cigano



A polêmica em torno do Especial de natal produzido pelos humoristas da Porta dos fundos, insinuando que Cristo era 'chegado numa mandioca', nos faz lembrar do bafafá ocorrido em Paris com o pessoal da revista Charlie Hebdo, quando ironizaram ao profeta Maomé e foram metralhados. 

Naquela época um sujeito que não entendia nem de Maomé, nem de humor e nem de burla, proferiu uma frase estupenda, que pode ser usada também agora, com relação a Cristo: Um profeta que não suporta uma ironia não é um profeta! 
Inicialmente, sem ter assistido ao tal Especial de Natal, coloquei-me radicalmente contra a decisão do juiz de proibir sua exibição. Entretanto, ontem à noite, depois que o Ministro Toffoli, do supremo, voltou a liberar sua veiculação, fui assistí-lo. 
Minha opinião? A proibição estava correta
Evidentemente, não por sua ironia contra Cristo e contra a religião, mas por sua qualidade. 
Muito ruim! Precário! Pobre! Apelativo! De quinta qualidade! Lhe falta a essência da sátira e da ironia. 
E quem o assiste fica logo convencido de uma coisa: os caras que lançaram um molotov contra seus autores/atores o fizeram muito mais em defesa da arte e da lucidez do que da honra de Cristo...



quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Um crime que é muito mais do que um crime...



Larissa, 23 anos!

Ontem o chamado diácono de uma igreja evangélica da Candangolândia (cidade satélite de Brasília), encontrou, pela manhã, o corpo dessa moça sobre o altar de sua igreja. Havia sido estrangulada e tinha partes do corpo queimadas. 
Isto não é apenas mais um crime! E nem 'apenas' mais um crime hediondo! E nem 'apenas' mais um crime de feminicídio! Isto é uma loucura que esta além da loucura! Ou, como diria um bispo medieval: um crime metafísico!
Não basta apenas a policia procurar o autor desse desvario. É fundamental decretar Estado de Sítio e 'mapear' com urgência a loucura social bem como entender o significado inconsciente dessa barbarie (se é que ainda há tempo!).




O Estreito de Ormuz... A ficção das nações... OU: O teatro dos condenados da terra!

"Quando um povo chegou ao ponto miserável de não ter pelas algemas senão medo de perdê-las, de onde pode vir a salvação? De Onde?"
E.M.C


Até o vendedor de pamonhas que passa gritando lá embaixo, diz estar preocupado com os humores do Trump e com os do mandatário supremo do Irã, Hassan Rohani. 
Estão em guerra porque mesmo?
Os rebanhos e todo mundo finge tomar partido. Quem é de 'esquerda', por que é de esquerda. Quem é de 'direita', por que é de direita. Trump é terrorista! Hassan é terrorista! Se acusam. Mas é só macaquice. Míseros espectadores que se sentem na obrigação de, em nome de um Deus imaginário, eleger uma paz imaginária, uma felicidade imaginária, um amo e um tirano imaginário para si próprios. Há até quem passe a noite inteira nas janelas rezando e tentando identificar um ou outro míssil entupido de explosivos ziguezagueando por entre as estrelas e atravessando os mares. Aquele cairá sobre Washington, vaticinam. Aquele outro cairá sobre Teerã, prognosticam. Aquele outro acertará o World Trade Center, este outro atingirá Persépolis e o Palácio de Golestão. Enquanto isso, os dois mandatários, cada um agarrado a seu Deus,  a sua lógica e a suas misérias, com suas cápsulas de cianureto no bolso, assistem a tudo enfiados em suas tocas. Gozam ao ver os  locutores e os astrólogos políticos interpretando seus gestos e a plebe alucinada na superfície agitando bandeiras e se despedaçando por nada. Se excitam com a fumaça, com os estrondos, as bombas, a poeira, os gritos e os destroços... Afinal, há gente demais no mundo! Não é verdade? E ambos acreditam que, como dizia o velho Hitler: o pior de uma guerra é perdê-la.



segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Os jumentos baianos e o Ejião de Pekin...

[...Es necesario estar alguna vez en el abismo del infierno: si no vas allí vivo, tendrás que ir muerto...]
A.S.

Neste começo de ano a mídia até que parou de falar obsessivamente sobre o tal "juiz de garantias". Em seu lugar introduziu o assunto da mortandade de jumentos baianos, um verdadeiro genocídio que esta acontecendo por lá e, por ironia, no mesmo polígono das secas, na região de Canudos onde o Conselheiro e seus asseclas foram fuzilados há uns 120 anos. 
Segundo um humanista da região e apaixonado pelos jumentos, uns 200 desses animais que estavam na fila para serem abatidos e enviados para o país de Mao Tsé Tung, acabaram morrendo de fome e outros tantos aguardam pelo mesmo destino. Depois que os jumentos passaram a ser substituídos por tratores, por motocicletas e por outras porcarias movidas a petróleo, passaram a ser abandonados  pelas veredas do sertão. Quem viaja por lá vai deparar-se com inúmeros pelas beiradas das estradas, uns esqueléticos, outros feridos, e uns, ainda saudáveis, arrogantes, soberbos e Voltarianos desafiando as leis dos abatedouros. No ano passado, diz o humanista, foram recolhidos 4.500 também nas bibocas do Ceará.
E a China, malandramente, ao invés de reduzir sua população pela metade, vendo esses asnos flanando, vagando sem destino por aqui, passou a incluí-los em seus cardápios. Comer! Triturar tudo! De onde nos vem essa necessidade e essa ânsia doentia por sangue? 
Vai uma carne de jegue aí?
De 2016 para cá, milhares de toneladas de carne desses animais são anualmente exportadas para lá. Carne e couro. Dizem que os chineses comem a carne, saem palitando os dentes pelas imensas avenidas de Beijing e vão  para casa comer suas gelatinas de Ejião (feita com o couro de nossos jegues) sobremesa que, segundo eles, lhes provoca uma ereção imediata...
Participei essa novidade ao Mendigo K e ele, risonho me contestou: O pior não é isso! O pior é quando não houver mais jumentos e aqueles idiotas passarem a vender seus filhos, suas mães e mulheres para o deleite dos chineses! Ou então, quando os chineses e outros forasteiros desembarcarem por ali lambuzados de Ejião e dispostos a comer-lhes as entranhas e o rabo...