sábado, 25 de fevereiro de 2023

DAVID ELDBRIDGE: O pastor americano que no dia 19, aqui em Brasília, garantiu a seus fieis, que a trupe LGBTQIA+ tem reserva garantida no inferno...



"... Passam-se cem anos justos. Procura-se saber se tudo aquilo melhorou; abrem-se as páginas austeras de Russel Wallace, e vê-se que alguma vez elas parecem traduzir, ao pé da letra, os dizeres do arguto beneditino (Antônio Vieira), porque a sociedade indisciplinada passa diante das vistas surpreendidas do sábio - drinking, gambling and lying -: bebendo jogando e mentindo... na mesma dolorosíssima inconsciência da vida..." 

Euclides da Cunha

(IN: À Margem da História)





A comunidade homossexual, lésbica, bi-sexual, Dreg Queen, trans e a turma LGBTQIA+ e até os mocinhos que andam por aí de calças apertadas, bem como as mocinhas com seus vestidinhos de chita branca, um palmo e meio acima da rótula, e até os onanistas inveterados, andam preocupados com o porvir de suas almas, depois do sermão do pastor David Eldbridge, aqui na capital, no dia 19, garantindo que todos eles têm reserva garantida no inferno... E que o diabo os espera por lá... 

Entretanto, segundo o Mendigo K, a esperança e o Sentimento Oceânico  dessa fauna condenada, é tão sem limites que até acreditam que o Grande Satã os estaria esperando para uma derradeira orgia, no meio das labaredas e de tições fumegantes... 

Não apenas o Mendigo K, mas outros nômades que passaram o carnaval por aqui, estão se perguntando: onde estão os Capas-Pretas, caçadores de fake news? E como é possível que alguém ainda fale em Céu e em Inferno em pleno século XXI sem ser enquadrado pelo judiciário? Quais fake news poderiam ser maiores e mais nefastas do que estas?

Sim, o ilustre pastor, especialista em reservas para o hell, fez essa declaração aqui na cidade, no dia 19, a milhares de ouvintes, num Congresso da União das Mocidades das Assembléias de Deus de Brasília. Ocasião em que os pastores nativos e tupiniquins aplaudiram e até ficaram excitados com o atrevimento do gringo e se limitaram a lembrar aos jornalistas afetados que a proibição divina a todas essas sacanagens está explicita lá no Levítico e que assim como existe o céu, existe o inferno. E que mesmo aqueles que não acreditam no inferno, é bom que saibam que o inferno acredita neles...

O tal David - por sua vez - fez suas profecias, arrumou as malas e partiu...

A polícia especializada, com seus esbirros. alcaguetes voluntários e caçadores de homofóbicos, diz estar em seu encalço, mas é só teatro.  Ele já caiu fora. Já voltou para a Amérika, aquela que, com sua Wall Street, desde sua fundação, é considerada a Nova Jerusalém... É bom saber que, apesar das farsas vigentes e do drinking, gambling and lying... na essênciatanto os protestantes, como os católicos, os hinduístas, espíritas, Hare-krishnas, Testemunhas de Jeová, islâmicos, seitas africanas e asiáticas de todos os perfis, os ateus e até mesmo os próprios transviados, secretamente, acreditam e respaldam o discurso desse pregador vigarista...  confiam, cada vez mais, na tal frase (vingativa e canalha) que está lá nas baboseiras e nos confins do Levítico...  

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Da vingança das chuvas e dos morros.., da desgraceira e das sirenes...

 


Segundo Kafka, as sirenes têm uma arma 

ainda mais mortal que seus cantos; que é seu silêncio. 

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desgraceira acontecida lá no litoral de São Paulo e as discussões das autoridades - governadores, prefeitos, cretinos de outras categorias, e apóstolos da mídia -, sobre a importância ou não de sirenes, para "salvar vidas", é de causar insônia e diarreias tão graves como àquelas inevitáveis que se sofre depois de uma semana vivendo em Bénares ou em Pushkar...

Raciocinem! 

Não é possível!

Não é possível que essa gente tenha descido a esse nível de raciocínio e de imbecilidade...

Apostar nas sirenes, no meio de uma tempestade é mais ou menos como, ao invés de fiscalizar a cozinha dos restaurantes, colocar uma sirene no cu dos fregueses, para que ela dispare quando a comida envenenada começa a provocar as primeiras cólicas... Prestem atenção: o grito da sirene, em todas as circunstâncias, sempre anuncia alguma forma de cretinice e de desfaçatez humana, sem falar que, como dizia Kafka, ela tem uma arma ainda mais mortal que seus cantos, que é o silêncio...

Também a paciência dos moradores dos morros e das montanhas é surreal e quase inacreditável. E parece que são mais de dez milhões país a fora... que frequentemente são cuspidos e jogados para baixo, e que, como cabras adestradas e como Sísifo, voltam em silêncio... Sim, eu sei, são pobres coitados que não têm onde cair mortos. Bucha de canhão. O lumpemproletariado. Bisnetos, tataranetos, netos e filhos de gente que vem sendo pisoteada há séculos... que está permanentemente sob o olhar suspeitoso da polícia. Escravos contemporâneos, os quais uma elitezinha de bosta empurra e mantém vivendo à margem, sobre os esgotos e aos pés das colinas... Gente que quando se manifesta é acusada de terrorismo e que anualmente arranca seus mortos da lama e ainda agradece às autoridades que mandam lá seus cachorros para farejar o paradeiro dos cadáveres de seus companheiros... Gente que queima incenso ao padreco que vai lá cacarejar que é preciso ter paciência porquê o Reino dos céus é dos pobres! E que se trata da vontade de Deus! Gente que tira o chapéu às atrizes e aos atores da mídia que se jogam de bunda na lama como porcos para causar sensação e para fisgar mais audiência... E que aceitam aquelas toneladas de alimentos, de cobertores, de colchões e de tralhas de madames estropiadas de tanta superficialidade... 

Ah! Coitados! Perderam tudo! 

Dizer que perderam tudo é mais uma canalhice pequeno-burguesa, pois se essa gente não têm nada, iriam perder o quê? Em síntese: um teatro do absurdo completo. Sem falar dos bilhões que - segundo até mesmo a falsificada contabilidade oficial -, foram enviados para aquela região, para tratar do assunto... Teriam sido gastos em Paris? Em Londres? Nas boutiques japonesas ou nas de São Paulo, mesmo?

Enfim, já que nada abala - como diria Buñuel - o discreto charme da burguesia, as chuvas, os ventos uivantes e os morros procuram, "graças a Deus!", fazer  a sua parte... E, a respeito das sirenes, cambada de canalhas, que tal enfiá-las sob o próprio rabo? Lembrando que o pior delas, como dizia Kafka, não é seu canto, mas seu silêncio...

E olhem que nem estou mencionando os pequenos larápios, aqueles que aproveitando-se do lodaçal e da desgraça, dobraram os preços da água, do pão, dos analgesicos e das velas em suas farmácias, mercearias e funerárias... 

Bem que essa gente mereceria uma forca! 

Pero, sin perder la ternura jamás...





quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Os comerciantes e a farsa carnavalesca... Como não lembrar dos macedônios que embriagavam seus escravos para distrair suas crianças com o espetáculo da embriaguez?



"Os adivinhos te ajudam a ignorar o teu destino..."

(Confúcio)





A cidade, que parecia uma Chernobyl, ia aos poucos se  travestindo... Nada é mais bizarro e melancólico do que um burocrata ou do que um Barnabé  fantasiado...vestido de palhaço, fingindo alegria e rebolando na avenida... 

O Mendigo K, dissimulado de anta, requebrava a lombar no meio da turba... De vez em quando se punha diante dos fotógrafos e da mídia  para gritar: Alegria! Alegria! Liberdade é isso! É poder amar! E mostrava as nádegas para as câmeras e para outros interessados... Os fotógrafos se apressavam em registrar a cena e suas declarações.  Enquanto duas mocinhas adestradas iam a seu encontro para que ele falasse mais das alegrias e da felicidade do carnaval! E ele, cínico, protegido por uma máscara de confetes e de serpentinas completava: Ah! O carnaval é um milagre! Como somos felizes! Como estávamos precisando rebolar, lavar a alma! Ah! nossa felicidade não tem limites...

As repórteres, também fingindo alegria e saltitantes, (mas sem mover  o púbis além do permitido pela CLT, nossa Carta del lavoro) anotavam tudo e repassavam imediatamente as imagens ao redator chefe, pelo WhatsApp... que, por sua vez, intercalando com propagandas, colocava tudo no ar...

E a horda aparecia de todos os cantos e pulava. Se exprimia. As meninas fingiam que eram meninos e os meninos fingiam que eram meninas, enquanto os de outros carnavais fingiam ainda dispor de testosterona e de vitalidade. Se abraçavam, se enfiavam a língua e os dedos entre as pregas, comiam purpurina, hálito e batom uns dos outros...   As mamães (também de outras orgias e de outros carnavais) assistiam de casa, nostálgicas e em surto, a emancipação, a iniciação e a liberdade dos filhinhos... Ah! as bactérias! E saber que amanhã os Postos de Saúde estarão fechados... Chuviscava. Saía sol. As baterias do trio elétrico fraquejavam. Esfaquearam um adolescente... Cheiro de urina e de cachaça que, aliás, se parecem. Os mendigos, apodrecendo sob os viadutos, as beatas e os padres por detrás das cortinas da hipocrisia, espiando... Os hinos e as escolas carnavalescas, como verdadeiras seitas... O octogenário Gilberto Gil declarava lá na Bahia que o carnaval era um verdadeiro milagre! E todos, ao ouvi-lo, jogavam eufóricos seus abadás para o alto e resmungavam: Aleluia!! Aleluia! Deus é brasileiro! Mas e o saneamento básico? E os morros que, com as chuvas, desabam sobre o 'populacho'? E as toneladas de ouro da Amazônia rapinadas pelas dez ou doze famílias de sempre? Ah! Do sul ao norte há vertigens e fé no batuque, nos caches imorais e na carne! E, já que os comerciantes precisam vender papel e confetes, a mídia turbina o auto-engano e o fetiche da felicidade... Embriaga e envenena as massas. Seleciona imagens, mostra o reboleio e as pregas dos subalternos e dos foliões. As hordas seguem aparecendo por todos os lados. Nem o jogo de baralho é mais democrático do que um carnaval. O populacho oculto! Mesmo sabendo que dois dias depois terá que voltar às correntes e à escravidão, a turba se sente participativa. O carnaval, - mentem os patrões e os partidos - como o futebol e as peregrinações, é popular, inclusivo e proletário... E o escravo contemporâneo, crente de que está emancipado, saltita anônimo ao lado do capataz e até tenta imitar o Discreto charme da burguesia. Os micro poderes ficaram invisíveis e para trás... Amanhã é outro dia! Ei, você aí!!! Ninguém é chefe de ninguém. Tudo é carnaval! Trocaram as baterias do trio elétrico bancado pelo Estado. Teu sorriso... Ó quanta alegria... Mais de mil palhaços no estradão... Até na pantomima de alegria a horda vai deixando escapar os sinais de um deficit cognitivo secular... É evidente que as origens desse lero-lero e desse desvario são mais religiosas do que pagãs!

Aliás, a uns mil metros dali, outro bando. Para contrapor o bando profano, recrutaram um bando sagrado. Os pastores e os párocos confinaram suas ovelhas num estádio de futebol. E nem se intimidam em chamar aquele evento de rebanhão. SENHOR! Tenha piedade!!! Sim, são aparentemente de outro pedigree. A lógica e a intenção são de outra natureza, mas o transtorno é o mesmo...

Apesar de toda a desonesta propaganda dessas alienações, o Mendigo K seguia rebolando e lançando confetes na cara suada dos bandos, enquanto pensava nos macedônios que embriagavam seus escravos para distrair suas crianças com o espetáculo da embriaguez... Que farsa!



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

VADE MECUM DA VADIAGEM... (pedidos)


 

bilisnegraeditora.minhalojanouol.com.br









De nossos miseráveis garimpos... para a profecia de Lênin... sobre os urinóis de ouro...


Imagens do filme O Fantasma da Liberdade (Buñuel)





Russos investem em banheiros de luxo 

SOPHIA KISHKOVSKY
DO "NEW YORK TIMES", EM MOSCOU 

No coração da capital russa, perto Kremlin, o Café Freud oferece um "insight" sobre uma das manifestações mais evidentes da Rússia pós-soviética: banheiros luxuosos e decorados com requinte, até mesmo exagero.
Os restaurantes desta cidade que anda cheia de dinheiro do petróleo vêm competindo para criar banheiros cada vez mais luxuosos, incluindo elementos como privadas de ouro, paredes revestidas de couro, urinóis com espetaculares vistas do céu e pias de louça que se assemelham à porcelana Gzhel, a versão russa da delicada porcelana holandesa de Delft.
O fenômeno pode ser visto como a confirmação da previsão feita por Lênin em 1921 segundo a qual algum dia as massas iriam se sentar sobre privadas de ouro. Apesar disso, no ano passado uma autoridade do setor nacional da construção disse que 40 milhões de russos -quase 30% da população- ainda não têm água encanada nem são atendidos pela rede de esgotos.
No Café Freud, os clientes podem se banquetear com pratos com nomes como "Libido Sexualis" (sopa de tomates e alho, acompanhada de "croutons") em uma de três salas -Id, Ego e Superego-, e então ir até seus respectivos banheiros, passando por três portas com vitrais em tons vermelhos, retratando figuras femininas e masculinas e plantas e frutas sugestivas, em estilo abstrato que lembra o de Joan Miró.

Profanação
Nos tempos soviéticos, um simbolismo profundo era atribuído aos banheiros. As igrejas que escaparam de ser destruídas freqüentemente eram profanadas, com seus altares convertidos em vasos sanitários.
A escassez permanente de papel higiênico -folhas do "Pravda" e de outras publicações soviéticas muitas vezes eram usadas para substituir o produto- e a imundície dos banheiros públicos eram ridicularizadas em piadas que funcionavam como antídoto ao desespero que marcou a era soviética.
Na Rússia pós-soviética, o simbolismo dos banheiros ganhou novos tons. Três anos atrás o grupo de jovens Caminhando Juntos, que declara para quem quiser ouvir seu apoio ao presidente Vladimir Putin, atirou livros do romancista Vladimir Sorokin em uma privada simbólica erguida diante do teatro Bolshoi e deu a descarga. O grupo acusava o autor de nutrir uma obsessão malsã com a pornografia e os excrementos e fazia objeção aos planos do Bolshoi de encenar uma ópera baseada em libreto dele.
Putin fez uma das maiores contribuições para o folclore que cerca os vasos sanitários na Rússia quando evocou uma frase famosa na qual prometeu "dar a descarga" nos terroristas tchetchenos no "sortir" (sair), um termo russo que indica privada suja.
Exemplos de banheiros de baixo nível ainda sobrevivem nos toaletes portáteis de Moscou, estruturas precárias de plástico que pontilham locais estratégicos da capital, como as cercanias da Praça Vermelha. Elas costumam cobrar uma taxa de 10 rublos -cerca de US$ 0,35- e ostentam cartazes com os dizeres "não oferecemos desconto".
O cineasta Andrei Konchalovsky, que deixou a União Soviética para trabalhar em Hollywood mas hoje passa seus invernos em Moscou, chegou a brincar com a idéia de criar um Partido das Privadas Limpas. É atribuída a ele a inspiração de um livro de quase 400 páginas sobre a história dos banheiros russos e o lugar que ocupam na história sanitária mundial, repleto de citações literárias sobre o tema, de autores que vão de Tchecov a Solzhenitsyn. Konchalovsky discerne complexos psicológicos de origens profundas por trás da febre de toaletes de luxo nos restaurantes e nas residências dos novos-ricos russos.
"Os russos ricos de hoje, pelo fato de que há dez ou 15 anos não viviam em condições muito boas, sublimam sua atitude em relação ao dinheiro com banheiros extravagantes e impensáveis e garrafas de vinho de US$ 1.000", comentou o diretor.
A psicanalista Yelena Bazhenova, que integra o corpo docente da Universidade Estatal de Moscou e atuou como consultora no projeto do Café Freud, detecta correntes ainda mais subterrâneas. "Em termos de desenvolvimento psicossexual, nosso país agora se encontra na fase anal", disse ela. "Os restaurantes já passaram pela fase oral. Todas as culinárias estão representadas no país. Agora chegamos à fase anal, e eles começaram a projetar seus banheiros."
Bazhenova diz que é muito importante contar com o banheiro adequado. "É muito importante que o banheiro seja bonito, que essa fase seja refletida. Se uma criança sofre um trauma, terá uma neurose quando chegar à idade adulta."
O crítico de restaurantes do jornal econômico "Vedomosti" apontou para uma justificativa mais pragmática dos banheiros de luxo. "É porque os homens do dinheiro estão competindo entre eles", disse Aleksei Zimin, acrescentando que seu banheiro favorito -situado num restaurante que, lamentavelmente, foi fechado- tinha um urinol no formato de cachoeira. "Há concorrência na comida, nos vinhos, na culinária. Os banheiros são uma outra forma de chamar a atenção."

Buñuel
O conhecido proprietário de restaurantes Yevgeny Katsenelson rejeitou as tentativas de analisar o banheiro extravagante, cujas peças foram todas importadas da Inglaterra, de seu mais recente estabelecimento de sucesso, Discreet Charm of the Bourgeoisie, cujo nome vem do filme "O Discreto Charme da Burguesia", de Luis Buñuel -cineasta que, em seus filmes, coincidentemente, fazia uso freqüente de imagens ligadas a banheiros.
"Não sei por que os banheiros são tão bonitinhos. É uma nova tradição. Eu apenas os construo", disse ele, cortando o assunto. Casualmente, porém, citou diversos banheiros bonitos de restaurantes pelos quais já passou em diferentes partes do mundo, de Milão a Las Vegas, mencionando até o Sushi Rhumba, de Nova York (uma aparente referência ao Sushi Samba, que aparece no seriado de televisão "Sex and the City", do qual são fãs muitos dos moscovitas que freqüentam seus restaurantes).
Marina Putilovskaya, que projetou o Palazzo Ducale, um estabelecimento abrigado numa construção extravagante de vidro e toques dourados, com temas venezianos, cujos banheiros seguem o mesmo estilo do resto da casa, defende os restaurantes fantasiosos e seus banheiros. "Quando as pessoas vêem algo bonito, isso as estimula a trabalhar mais", explicou.
Para Andrei Konchalovsky, com base em uma perspectiva histórica, a obsessão russa com os banheiros é uma novidade promissora. Ele explica que, "quando os banheiros são sujos, a democracia vai mal".

Publicado na Folha de São Paulo, em  17 de setembro de 2005.

Tradução de Clara Allain 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Em nome de Deus... Abuso sexual de crianças... Se os padres católicos de Portugal (como os do Canadá e da Inglaterra e da França, etc) também "comeram" milhares de crianças... Imaginem os estragos que devem ter feito aqui pela miserável América Latina! Seria um transtorno metafísico ou simplesmente uma sutileza da fé?


"Todos sabem que a sociedade não passa de um vasto orfanato em que os internos procuram inutilmente adotar uns aos outros..."

Frederic Schiffter




Meu correspondente me manda noticias de Lisboa dizendo que o país está em alvoroço com os resultados de uma investigação feita nos porões e nas sacristias das igrejas e dos seminários católicos daquele país: Segundo o tal relatório, constatou-se que mais de 5 mil crianças, nos últimos anos, (apenas em Portugal) foram abusadas sexualmente por padres... 

Que tal? E que uns, até pretendem justificar-se dizendo que, quando crianças, também foram "comidos"... E pior: em nome de Deus! Mas isso justifica?

Ah! se tivessem ouvido o Marques de Pombal? Lembram do Marques de Pombal, que lá por 1760, já considerava os jesuítas um veneno para a cultura e para a educação? Será que o dizia por consciência política ou por ter passado pelo colo de um reverendo? Ou por ter sido obrigado a papar um embatinado? E Lembram dos tempos da Proclamação da República Portuguesa, quando nas ruas de Portugal, qualquer sujeito com batina era apedrejado? Haveria nesse comportamento dos lusitanos, algo mais do que apenas incompatibilidades políticas?

E o silêncio das instituições superiores, dos Capa Vermelhas da Fé - comenta meu correspondente - é quase pior do que um terremoto. E as beatas, com aquelas vestimentas pretas/fosco, que continuam com suas viseiras e de joelhos lotando as igrejas ali no Rossio, quando ouvem esses relatos gostariam de se verem transformadas em múmias, em estátuas de pedra... Ou de sal...

Mas.., o quê fazer? Não é? Se está tudo dominado! Como, agora, se poderia desativar todas essas imensas rede de catedrais? E essa putaria sagrada? Essas correntes de perversidades que devem ter suas raízes ainda lá nos subterrâneos da Inquisição... E como apaziguar essa legião de pequenas, travestidas e medrosas hienas? Como inventar uma nova teoria, um novo parágrafo ou um novo mandamento que justifique e que legalize - pelo menos perante a monotonia e o tédio celeste - essa patifaria? Curiosamente, como as putas, essa gente também têm fé nos genitais... 

No final de sua mensagem, meu correspondente lembrava cinicamente a trapaça do Padre Vieira ali nos cafundós do Maranhão, contra os escravos e os indígenas: Tenham paciência e fé! Lembrem-se que a chibata só atinge vosso corpo! Vossa alma estará preservada...

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Enquanto isso, os ciganos lá em Budapeste...














Da xota, da depilação e do trichomonas vaginalis... Ou: a importância dos pentelhos... (Deu no Jornal de Minas e no Correio Braziliense de hoje)



As brasileiras são conhecidas mundialmente por estarem sempre inovando na depilação íntima. Por causa do clima tropical e da frequência nas praias, existe uma expectativa de que as virilhas estejam sempre livres de pelos - o que nem sempre é positivo para a saúde.

A depilação íntima completa total favorece o crescimento de micro-organismos e causa maior corrimento vaginal, facilitando o aparecimento de doenças”, alerta Anaísa Dantas, ginecologista, obstetra e membro da Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR).

Segundo a ginecologista, os pelos pubianos servem para proteger do atrito, como em uma caminhada ou mesmo durante uma relação sexual, além de ajudar a absorver o suor produzido e criar uma barreira contra diversas bactérias.

Risco de herpes e verrugas genitais

“Não ter pelos na região pode levar a doenças como celulite infecciosa e infecção bacteriana nos lábios. O fato de a pele ter sofrido danos durante a depilação também deixa a pessoa mais vulnerável a herpes e verrugas genitais (HPV)”, avisa a médica.

Anaísa Dantas destaca ainda que pode haver transmissão de doenças se as medidas de higiene do local em que se faz a depilação não estiverem sendo cumpridas.

Higiene da cera

A médica enfatiza que, nos procedimentos de depilação, as ceras, de maneira nenhuma, podem ser reaproveitadas, podendo ser um veículo de contaminação da pele e folículo pilossebáceo.

“Normalmente, as infecções mais comuns são as bacterianas por contaminação local, na hora da depilação. Pode ocorrer infecção por um protozoário chamado trichomonas vaginalis, o que pode causar corrimentos”, reforça a ginecologista. 

Decisão pessoal

Anaísa lembra que a depilação é algo muito pessoal, que deve atender as necessidades de cada um. “Entretanto, é importante avaliar se a questão estética compensa mais do que colocar em risco a saúde”, recomenda a ginecologista.

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Em tempo: é provável que por delicadeza ou por outra razão qualquer, a médica não tenha adentrado no universo psi desse costume. Para o Mendigo K, que já foi ate depilador de virilhas, pode sim, haver uma antiga e subterrânea fantasia pedófila, nessa moda.



sábado, 11 de fevereiro de 2023

O maestro Jorge Antunes e sua marchinha para o bloco das prostitutas de Belo Horizonte...














Um papo entre surdos... (pero no mucho...)




"O Estado protege sempre o que já existe:

a uns suas riquezas,

a outros sua pobreza;

a uns sua liberdade, fundada na propriedade;

a outros a escravidão, consequência fatal de sua miséria..."

Bakunin 

(IN: Dios y el Estado, 1871)


Ver o Lula fazendo um discurso simplório e milenarista diante do Biden, que não esconde uma careta de burla, também nos comove. 

E sempre foi assim. Cada vez que fomos lá nos humilhar e discursar sobre a cartografia da miséria, fomos humilhados... e independente das bobagens teológicas e românticas que possamos estar proferindo e independente dos licores, dos tapinhas nas costas e das declarações  de que "somos o cara!. lembram?.. a pantomima é sempre a mesma... E fica ainda pior quando o Lula, diante de alguém que parece uma estátua de gesso, insiste, - numa espécie de religiosidade tropical -, que o Brasil só quer PAZ, CARNAVAL, e ALEGRIA...  coisas que para um império luterano não são mais do que além de desejos profanos e pueris, resquícios tupiniquins e bobagens... Ora! Voltar a falar em humanismo e em Deus, com o chefe de uma nação que está há mais de um ano alimentando uma guerra fratricida na Ucrânia, e ver a Ministra Marina pleiteando ajuda filantrópica para salvar nossos índios, junto a mandatários de uma nação que exterminou uma-a-uma suas tribos no Oeste americano, não lhes parece cômico? A propósito, sobre esse extermínio, quem é que ainda não leu o livro de Dee Brown: Enterrem meu coração na curva do rio? 

Foram-se os tempos em que o PT, os SEM-TERRA, a CUT e etc, também (como o mundo islâmico) viam os EEUU como o Grande Satã, e acampavam ali em frente a embaixada americana gritando impropérios; exibindo frases de Franz Fanon e relatórios de todas as invasões, barbaridades e desumanidades americanas cometidas pelo mundo a fora, principalmente na América Latina... Agora, misteriosamente, teria voltado a ser o Grande Partner Brother? E o papo é o mesmo, mas também é outro! O óbvio se impõe. Não se consegue falar mais nada sem espargir e borrifar água benta sobre a falaciosa democracia (esse fetiche engendrado pelos e para os ociosos gregos), e sobre a paz! Paz? Quê paz? Só se for a paz dos cemitérios, compadres caras pálidas...

Sim, sim, eu entendo: a pandemia nos tirou a todos do eixo, nos abobalhou, nos adoeceu, nos empobreceu e nos fez cair na real quanto à nossa dependência e nossa miséria. Quem é que, atualmente, não admite trabalhar dez horas por dia (a mais), apenas para poder comprar uma vacina ou um chip para seu celular? Ou fazer horas extras durante meses apenas para comprar uma bolsa de segunda-mão da Vitton? São os tempos modernos. Não é verdade? A escravidão contemporânea... Por isso e mesmo assim, quando se é capataz ou mandatário de uma colônia, é importante voltar a ler obsessivamente a Frantz Fanon, a falar menos e a ouvir mais quando se está diante de um dos imperadores do mundo. E não é conveniente revelar, (nem mesmo através de metalinguagem) a esses trapaceiros internacionais nossas intimidades, e muito menos deixá-los saber que nosso negócio genuíno, aqui nesses trópicos infernais, nestas noites calientes e ameaçadoras, além de PAZ, CARNAVAL e ALEGRIA, o que se quer mesmo, é um Cartão corporativo, Mulher, Rede, Sombra e Água Fresca...

O Biden ouvia, imóvel... provavelmente pensando naquela frase atribuída a Lutero:  "Você não pode impedir que os pássaros voem sobre sua cabeça, mas pode evitar que construam um ninho em seu cabelo".

Ou então esta outra, de um mandatário chinês: "se abrirmos as janelas, entram moscas.., mas tudo bem, precisamos respirar..."

Ou então esta outra, ainda mais radical, encontrada recentemente, rabiscada no peito de uma múmia, no Egito: "Coração meu! Não te levantes como castigo contra mim..."




sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Só a ciência é subversiva! E a Inteligência artificial promete ser o golpe definitivo, tanto nos fraudulentos arquivos da história como no Ego dos pequenos artistas... Parece que chegaram ao fim aquelas noitadas de absinto e de opio para conseguir produzir uma tela de 14X 26... Ou para rabiscar a partitura de uma mísera bagatela...



Um de meus correspondentes que está especulando sobre a Inteligência Artificial mandou-me estas imagens, segundo ele, geradas pelo discord.com, em menos de dois minutos: O galo comunista; Freud tocando violino; Lênin de sunga e Sócrates mendigando. Quê beleza!

Quem é que poderia imaginar que iria caber logo às ciências exatas o papel de desmistificar e de desmascarar praticamente toda a petulância artística??? Sim, só a ciência é subversiva! Viva o desmantelamento e a renovação de todos os valores!








Da Janaína Paschoal e dos prototiranos da USP...

"Onde houver uma mescla de religião e de barbárie, é sempre a religião a que triunfa; mas onde a mistura for de barbárie e de filosofia, é a barbárie que leva a melhor..."(Rivarol)
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E os alunos de direito da mítica Faculdade São Francisco, de São Paulo, (quando uma faculdade ou uma cidade leva o nome de um santo eu logo fico com um pé atrás), como vira-latas de seita e de partido, fizeram um ABAIXO-ASSINADO e estão se mobilizando para impedir a volta da professora Janaína Paschoal às salas de aula. O argumento desses 'pés de chinelo' e de futuros bacharéis de cadeia é que a tal professora foi quem argumentou o impeachment da Dilma e apoiou o Bolsonaro...  

Nem sei se isso é verossimil ou não, mas, mesmo que seja, o que é que tem a ver o cu com as calcinhas? Já teriam lido As misérias do processo penal? Ou Dos delitos e das penas? Ou a leitura preferida desses enculés continua sendo As leis e os astros? Bah! O que se pode esperar desses fanáticos e prototiranos quando começarem a exercer suas profissões? Enfim: Nada é mais repugnante do que ser patrulhado por beócios!

Eu, que desde o primeiro ano de ginásio trago uma certa cisma com os mestres e professores, defendo o direito da Janaína de voltar a dar aulas para aqueles petits energumenos, seja ela de direita, de esquerda, anarquista, incendiária ou uma freira disfarçada. Seja ela admiradora de Jânio Quadros, de Ravachol, do Jeca Tatu, do Bolsonaro, do Lula ou de Nero. E até mesmo de Messalina ou Calígula! Qual é o problema? Ou esses petits idiotas vão querer obrigar alguém a ruminar no mesmo ritmo deles e de seus caducos professores? Seguir repetindo as mesmas merdas de cem anos atrás? Ora! Quando vejo esses babacas em cena, sempre penso em Yang-Chu: "Se pudesses salvar o universo com um dos teus cabelos, não o dês..."

Digo tudo isso nesta manhã radiante de sol, com as andorinhas vindo beber umas gotas de melão em meu prato... mas meu desejo mais profundo é que a simpática professora os mande literal e pedagogicamente tomar no cu; nunca mais apareça naquele aprisco, e deixe explícita sua certeza de que eles, com aquele cérebro de ovelhas, jamais passarão no exame da OAB. E mais: que, na melhor das hipóteses, passarão a vida inteira como escravos dos advérbios e dos adjetivos do Processo Penal, fazendo inventariozinhos de merda ou diante dos portões das penitenciárias, forjando habeas corpus a bandidos e a corruptos...


 


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

A farsa da discussão sobre o Banco Central... (esse e outros templos da usura...)




Imersos numa nuvem de fumaça e manipulados como guapecas em cio, vamos ouvindo os dois bandos dominantes encenando uma discussão cretina e inútil sobre o BANCO CENTRAL: deve ser independente ou não? 

Ora, não sejamos cabotinos! O problema não é esse! O problema não é sua independência, mas  sua existência..

Como é possível que existam bancos e pior: banqueiros? Durante muito tempo essa foi a pergunta que todas as lutas revolucionárias entoavam... mas agora, tudo virou vaselina, geléia e marmelada... (e digo marmelada, como metonímia, porquê já nem há mais marmelos). E o poder passou a ser escrito com ph: phoder... Observem como nas epidemias e nas crises o Estado logo passa a funcionar como um banco e como o pior e mais implacável de todos... e a usura é institucionalizada! Apesar do que predica o livro sagrado dos cristãos sobre a usura, na parede, por trás dos gerentes, observem, há sempre um imenso crucifixo com o enviado torturado e sangrando... Como interpretar uma esquizotipia dessas? E observem como até os mendigos têm fé no Itaú, no Bradesco, no Santander e claro, no Banco Central... E como são induzidos a levar suas  parcas e porcas economias para os banqueiros administrarem... E como esses miseráveis tiram o chapéu e a poeira dos chinelos antes de entrarem nessas agências cheias de espelhos, de oráculos, de segredos e de esbirros...  Sim, como dizia L. Bloy, também o sangue dos pobres é o dinheiro...

E o gerente ( observem) é quase um rabino, quase um padre e quase um pastor... diante do qual, inconscientemente, os clientes fazem uma sutil genuflexão... E o Talão de Cheques? Ah! é quase como um breviário sagrado... e vender Ações é o mesmo que vender Indulgências...

E os malandros de plantão (como se houvesse um esquecimento irreversível) falam da tal CELIC como quem fala da Santíssima Trindade! E do FMI como de uma filial do Horto das Oliveiras... que propaga a fé no dinheiro! Já que a chave do cofre é a mesma que abre o tabernáculo. E a sacristia ou a sinagoga não se diferem em nada de  agências da Caixa Econômica...

Enquanto rabisco este pequeno manifesto contra a canalhice social, recebo de minha correspondente na Turquia uma noticia emocionante: as aves pressentiram e anunciaram a eminência do terremoto. Ah! mas já era tarde. Ontem e antes de ontem, já era tarde! 


terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Os horrores da condição humana... Não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti...



 Impossível não sentir-se impactado emocionalmente pelos horrores da tragédia na Turquia e na Síria. 

Istambul! Damasco!

Ah! Que despirocada é a condição humana!  

Que sina e que destino o nosso, ter que construir nossas moradas e viver na superfície de um rochedo que gira incessantemente pelo meio de outros e sobre si mesmo... E que, de vez em quando, indiferente, cospe sobre nós suas cinzas e suas labaredas ou então nos sacode como um cão sacode as pulgas... e como o bezerro sacode as larvas... Pouca coisa é a terra - dizia Cristovão Colombo -, nem sequer é tão grande como se julga! 

Párias de origem duvidosa e desconhecida, como é que se conseguiu resistir até aqui? Dar conta de dissimular, suportar e elaborar tanta fraude, tanto descaso e tanto sofrimento?

O Mendigo K apareceu na padaria mais tarde do que os outros dias, e com sinais visíveis de abatimento. Dizia estar aniquilado pelas imagens que recebia de lá: aqueles escombros!... aquela desolação!... aquela solidão sem remédio e sem solução!... E reclamar a quem? Revoltar-se contra o quê? Perguntava a si mesmo.

No meio de sua visível tristeza, ouvi que recitava para outros mendigos o fragmento de um poema do inglês do século XVII, John Donne: "a morte de qualquer homem (em qualquer lugar do mundo) me diminui, porquê sou parte do gênero humano. E é por isso que não tem sentido perguntar por quem os sinos dobram, eles dobram por ti..."





Naqueles tempos, nas ruas de Istambul...

"Sobre o mar só há loucos e pobres..."



Mesmo que você não tenha lá grande simpatias por leituras, deverias ler: Isabelle Eberhardt, aliás, Mahamoud (diário de viagens).




"Certamente, os que o marinheiro chamou de pobres são os verdadeiros marinheiros, sujeitos ao constante perigo e à mais dura das vidas. Quanto aos "loucos", estes são todos os sonhadores e os inquietos, todos os amantes da quimera, todos aqueles que, como nós, 'embarcam para partir'...(...)
Para além de todos os mares, há um continente; no final de cada viagem, há um porto ou um naufrágio... (...)
 Insensível, lentamente, a esperança leva ao túmulo. Mas pouco importa! Amanhã o grande sol nascerá de novo, o mar vestirá suas cores mais cintilantes e os portos continuarão a resplandecer..."



Enquanto isso...

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Acredite: No dia internacional de combate ao câncer, afundaram o porta-aviões impregnado de amianto...(!?)



{É comprovado cientificamente que uma pessoa em exposição ao amianto, inalando-o constantemente, pode adquirir vários tipos de câncer, entre os quais a asbestose, a mais freqüente entre as enfermidades fatais, que ocorre quando as fibras do mineral alojam-se nos alvéolos, comprometendo a capacidade respiratória}





 Sem nenhuma frescura fashion ou romantismo babaca, é difícil admitir que com a cumplicidade da marinha, dos pescadores, dos ecologistas, do Judiciário, do governo de plantão e até da turma do Green Peace, acabaram mandando para o fundo do mar, o tal porta-aviões repleto de amianto... E você, meu compadre e meu brother, você sabe o que é o amianto, não sabe?

Mesmo aqueles vivaldinos & demagogos que recentemente estiveram em Davos, tagarelando sobre o bioma amazônico, sobre o Angelim-vermelho de 500 anos e fazendo poesia ao redor da Vitória-régia, dos índios, dos rios contaminados por mercúrio, e proselitismo a respeito dos mares com suas baleias-Jubarte.., mesmo esses apóstolos profissionais, assistiram essa barbaridade palitando os dentes, cabisbaixos e calados. E não falo dessa esquisitice apenas pela quantidade de amianto que havia no casco daquela sucata.., não, mesmo que estivesse carregada apenas da merda de uma tripulação imaginária, já seria um crime hediondo, uma estupidez pornográfica e suicida mandá-la para o fundo do mar...

Onde estavam, afinal, os ecologistas?

Os nacionalistas?

Os tais sanitaristas, especialistas em câncer e em oncologia?

Os defensores dos corais vermelhos, dos mexilhões, das ostras e dos moluscos?

Como explicar o silêncio dos pescadores e dos comedores de caranguejos?

Da fadinha druida, lá da Noruega?

E onde estavam os tagarelas da mídia e os apreciadores de lagostas ao forno e de pescada amarela a dorê?

Onde estava a poetisa Marina?

A família Schurmann, a filha do Gabeira e o Amyr Klink?

Os revolucionários de plantão e os stalinistas enrustidos?

Os mergulhadores?

E as malandras sereias, inventadas por Homero?

E os sobreviventes de la Nave de los locos?

E os surfistas e vagabundos do Dharma?

Onde estavam as beldades de Ipanema, que às nove ou dez da manhã, com a clássica tanguinha entrando pelos glúteos, (para não falar pelos grandes lábios) atravessam religiosamente a Vieira Souto, em direção às ondas, para molhar-se delicadamente os pés, enquanto invocam a Caymmi: ah! é tão doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar...

Onde estavam os sábios do judiciário e o "pessoal do porão", para usar uma expressão feudal e recente do Ministro Gilmar Mendes?

Onde estavam os discípulos de Iemanjá e os descendentes do pirata Barba Negra?

Onde estavam os queimadores de incenso à Nossa Senhora dos navegantes?

Hibernavam!

A catalepsia é geral!

O Mendigo K, mesmo estando em outra vibe, mas que também está furioso com essa estupidez, me lembrou que lá pelos lados de Salamanca, nos anos 60, na porta do Convento de Las Batuecas, podia-se ler: Viajante, se tem problemas de consciência, bata e lhe abriremos. As mulheres estão proibidas... (ver  Buñuel, Meu último suspiro, p.p. 198/199.)

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EM TEMPO: A esposa do Mendigo K que acabo de encontrar ali no Mercado Donas de Casa, disse ter lido meu texto acima e comentou: Bazzo, não seja idiota! Essa história do amianto ser o 'fim-do-mundo' é balela. Quase tudo em nossas casas, desde a caixa d'água até as marmitas de isopor estão impregnadas dele. E estamos saudáveis e vivos! Aquele que dizem estar impregnado no casco do tal porta-aviões, o mar, em 60 dias, se encarregará de transmutá-lo numa brisa suave e benéfica tanto para os animais marinhos como para os marinheiros e para nós... Caia na real! Não fique, como um papagaio, repetindo palestras apocalípticas e cada vez mais vazias...

Pensei em mandá-la se foder, mas havia algo de muito luminoso e de muito afetivo em seu olhar... 



sábado, 4 de fevereiro de 2023

Apesar de todo eso...

"E a um e outro dava a ilusão de amá-lo, porque sabia que no homem o paroxismo da nevrose, a sacudida epiléptica do prazer são mais intensamente trágicos quando sobre a verdade dos sentidos adeja a mentira convencional do amor. Os homens ainda não compreenderam; mas a mulher sabe, por intuição, que no prazer o amor não entra..." 
Pitigrilli (IN: O cinto de castidade, p. 47).


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

As big techs, o capitalismo das hienas e a morte...

Graças às chamadas Big techs (e suas filiais) e à vitória absoluta do capitalismo sobre os outros ismos, até a morte, agora, dependendo do pedigree do morto, tem condições de ser transformada num grande, emocionante e propagandístico espetáculo. As hienas do capitalismo não se contentam com a exploração do sujeito apenas em vida. Valendo-se do desespero próprio e da solidão incurável dos povos, dão um jeito de disfarçar o marketing póstumo em gratidão e afeto e fazem um show sobre a vida e a morte do "colaborador". Por mais respeitável que seja o morto, no momento mais trágico e mais impotente de sua trajetória, querendo ou não, terá que dividir seus méritos pessoais com a empresa a qual serviu, às vezes, apesar do aparente glamour, sob uma espécie de escravidão contemporânea... E os semi vivos, no corredor da morte, abalados pelo escândalo do "juízo final", aplaudem. Aquele aplauso frouxo, mecânico, servil, depressivo, sem sentido e sem razão... Como se na morte pudesse haver algo mais do que a antiga revelação de uma traição. De uma cretinice inadmissível... A prova maior de que em termos de custo-benefício a vida é uma furada...  E de que, como dizia o melhor escritor argentino: nascer é fazer parte de um pacto monstruoso! Enfim, apesar das Big techs e das tentativas cabotinas de amenizar a pena de morte a que todos estamos condenados, a verdade trágica e abominável, como resmungava o cara que mandou matar a Trotsky, é que, apesar do teatro e do lero lero dos vivos, no fim das contas, é sempre a morte que vence...

Em função disto é que (prestem atenção), tanto em casos extremos como em outras teatralizações mais vulgares, as palmas configuram sempre algo abjeto e reacionário...


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

O mar, Iemanjá, Nossa senhora dos navegantes e o porta-aviões São Paulo, entupido de amianto...



"Por certo procurava a solidão, o sofrimento, a dor, o desespero; procurava, enfim, o inferno que, para os versados nas burocracias da salvação, é o caminho mais fácil de se conquistar o paraíso..."
Rui Alberto Costa da Silva (IN: O postulado absoluto de todo o mal, p.  XIII)
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Neste dia 2 de fevereiro, enquanto os gaúchos, no meio daquela carnificina de porcos, ovelhas e vacas, comemoram o dia de NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES, e os baianos, com suas singelas Fitinhas do Bonfim e seus apimentados acarajés, festejam a IEMANJÁ, a marinha brasileira envergonhada, tenta dar um sumiço no chamado porta-aviões São Paulo, sucata envenenada por amianto e empurrada pelo governo francês goela abaixo do governo brasileiro, por uma montanha de dólares. Dizem que o presidente de plantão durante aquela negociata de otários, teria sido o  incensado sociólogo e um dos autores da Teoria da Dependência, o professor FHC e que o tal porta-aviões levava o nome do famoso Clemenceau, político francês anti clerical e autor da frase: Um homem que não seja um socialista aos 20 anos não tem coração. Um homem que ainda seja um socialista aos 40 não tem cabeça."

Enfim: deixaram o tal porta-aviões, com a rubrica do revolucionário Clemenceau, durante anos, de cara para a Baía de Guanabara, assistindo a toda aquela putaria, boiando e apodrecendo...

E não precisa nem ser um xamã ou um Nostradamus para saber que numa situação dessas, parte do país e da população sempre bóia e apodrece junto... E que, para superar uma cretinice e uma vergonha dessas, serão necessárias várias décadas... (senão séculos) 

Sim, mesmo que um bando de malandros siga insistindo na santidade da democracia, na clava forte, na reforma educacional e moral, e num porvir grandioso desta "pátria amada" que, cheia de cachoeiras e de um sol ardente... ainda no Terceiro milênio - cacarejam - dará origem a uma Nova Civilização, etc... não será fácil apagar a história do casco desse porta-aviões de 12 milhões de dólares, impregnado por amianto, que foi naufragado sob os cascos de uma velharia esclarecida... E isto, não lhes parece uma afronta e um ultraje, não apenas contra o populacho faminto, mas inclusive, contra as duas pobres santas??? 

(Profecia do Mendigo K: daqui a mil anos, os franceses enviarão especialistas para cá, ainda sob o mito de Clemenceau, prometendo salvar os trópicos e 'despoluir' nossos mares e nossas tartarugas de todo esse amianto...)

Que gente e que e miséria!

Meu cachorro, percebendo minha inquietação, coloca as duas patas sobre meus joelhos e resmunga: Bazzo, lembre-se de Chateaubriand: 'aqueles que nunca navegaram não sabem o que é que se experimenta quando, do convés do navio, já não se vê mais do que a face austera do abismo...'



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

A monarquia em festa... Uma quarta-feira de arromba...



Esta quarta-feira foi pródiga em eventos republicanos. 

Houve a volta dos ministros do Supremo; a posse dos novos senadores e deputados e as eleições para Presidente da Câmara e do Senado. Chegaram até a interditar a Esplanada dos ministérios, com medo de que outras facções bolsonaristas (ou não) pudessem voltar, agora com tacos de beisebol, à cena do crime...

A discursada foi de arrepiar. Quem fosse pego de surpresa ouvindo aqueles discursos teria a sensação de estar numa sessão de AA ou numa igreja ortodoxa. Nunca vi tantas manifestações de fé na república, fé nas leis, fé na Constituição, fé na amnésia das massas, na liberdade, na DEMOcracia, na cidadania e no porvir... e de adoração ao Estado, (o Leviatã de Hobbes)... Sem falar das declarações descaradas de amor aos pobres... E, claro, ao orçamento secreto!  (seguramente, esses idiotas não conhecem os textos de Isabelle Eberhardt, e não sabem que a fé é apenas um obstáculo...) 

E, quando foram divulgados os nomes dos vencedores tanto para a Câmara como para o Senado, (com votações tão expressivas a favor dos candidatos da "situação", que nunca se viu algo parecido nem mesmo lá nas assembléias clandestinas dos talibãs), o espanto foi geral. Na padaria, atônitos, o que todos se perguntavam, era se aquilo, afinal, representava uma vitória do Bolsonaro que desertou ou do Lula que voltou? Os petistas que estavam por lá não dissimulavam um certo incômodo... E quando eram indagados sobre a inacreditável continuidade, entre outras loucuras, a do orçamento secreto e de seus atores, repetiam o velho chavão de que: a política é isso mesmo!, e é graças a ela que o mundo não está pior. Mais ou menos a mesma lógica usada por nossos antigos professores e ancestrais ao defenderem a prostituição: ela é necessária!  - diziam -. Se ela não existisse, como é que iríamos salvar a honra e o hímen de nossas filhas?...

Eu, enquanto ouvia aquelas falas e aquelas promessas mirabolantes e impregnadas de misticismo pátrio, não conseguia deixar de pensar no porta-aviões (porta-amianto) que será afundado para envenenar os mares, e no recente relatório da Transparência Internacional sobre os países mais corruptos do planeta, onde o Brasil, há muito tempo, aparece emparedado com a Etiópia e com a Argentina...

 


Inventário...

"Eu fodo a sociedade, mas ela me retribui amplamente..."

(Escrito nos muros de Paris, 1968)