Meu correspondente de Minas Gerais enviou-me uma noticia que parece ter vindo da Idade Média. Um determinado espaço da cidade, conhecido por Quadra do Vilarinho, onde a população se reunia frequentemente em festas e etc, - diz ele - está fechado há mais de um ano porque, numa determinada noite, o vigia noturno deparou-se lá, no tablado principal, com dois demônios dançando. E parece que não se tratava de um casal, mas que eram do mesmo gênero. Sim, o diabo! Esse personagem medieval tão eclético e popular que está em todas as confrarias: existe o diabo cristão, o diabo judaico, o diabo muçulmano, o diabo do candomblé, o diabo dos ciganos, das castas e das putas, dos piratas, o diabo do proletariado, o diabo dos agnósticos, o dos escritores, o diabo dos hare Krisnas e até o diabo dos ateus... Povera gente!
E isto não é uma piada - me alerta o missivista -. Correspondente que aproveitou para falar-me sobre o jornalista francês, meio jornalista meio padre, Georges Bernanos, que viveu em Barbacena e que, inclusive, escreveu um romance com o titulo: Sous le soleil de Satan.
Em toda Minas Gerais não há quem não conheça o caso da Quadra do Vilarinho... A cidade e arredores está traumatizada até hoje. Algumas mães, para tentar preservar a virgindade das filhas e dos filhos costumam recomendar-lhes: Nada de abrir as pernas! Cuidado com o Vilarinho! Levaram um padre, um bispo, alguns espíritas e até uma benzedeira laica especialista em demonologia, para exorcizar aquele espaço.., agora estão pensando em levar um psicanalista ou um psicólogo junguiano... mas, por precaução, está fechado até hoje e duvido que um dia venha a ser reabilitado. Tanto medo... e saber que por aí existe até uma religião satanista! Que há uma tremenda confusão entre atos supostamente divinos e atos supostamente demoníacos... Entre o suposto Bem e o suposto Mal! As duas faces de uma moeda falsificada...
Ah!, quem é que não gostaria imensamente de entrevistar aquele casal de bailarinos e de saber o que é que os diabos em geral pensam de uma idiotice destas? Preciso voltar a ler a Divina Comédia!
Um velho sanfoneiro português, que é também antropólogo, que teve os tataravós de seus tataravós soterrados no Grande terremoto de 1700; que já atravessou o Tejo a nado; que conhece Albino Forjaz de Sampaio, que já viveu aqui no Brasil e que atualmente toca de madrugada nas ladeiras de Lisboa, ali pela a zona da baixa, me profetizava: O Brasil será destruído por suas superstições e crenças! A fé, e as crendices no Brasil são demasiadamente tóxicas e destrutivas! São uma espécie de doença auto-imune... E concluía, parafraseando um pensador italiano: Bazzo, quando topares com alguém desse tipo, mantenha uma distância prudente, porque esse mal é como a triquina: vive na carne do porco".
Uai, pandemia fez que desenterrassem esse golpe de marketing de novo ?
ResponderExcluirSegundo Francisco Filizzola, dono da quadra do Vilarinho, onde o alegado incidente teria ocorrido, o "mistério" que ronda os bailes da Quadra desde o final da década de 1980 foi de fato uma estratégia de marketing muito bem planejada e sucedida. Segundo Filizzola, "Por volta de 1989 estávamos passando por dificuldades financeiras, precisávamos de uma história que nos daria mídia espontânea. Criamos então o capeta da Vilarinho, ligamos para um jornalista e deu certo, depois que o boato se espalhou, vários jornais e rádios nos procuraram".[3]
A ideia de usar o "capeta" para gerar “mídia espontânea” para o local surgiu em plena “crise temporária de liquidez”. Para concretizar seu plano, Filizzola contou com a colaboração do ronda Barão. Foram contactadas a polícia e uma emissora de rádio, que imediatamente colocou a notícia no ar. A estratégia foi bem sucedida, sendo o espaço das quadras do Vilarinho hoje conhecido pelo futebol, pelo baile funk e pelo capeta.[2]
Valeu Juàrez! O diabo, esse camaleão, como vemos, tem sido de mil e uma utilidades no mundo. Os padres e os pastores que o digam... Portanto, que viva o camarada capeta! Abraços/Ezio
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