sexta-feira, 14 de maio de 2021

13 de maio: Da senzala para a favela... Da pfizer para o terceiro mundo...

Ontem, o dia que a CPI escolheu para inquirir um dos gerentes da Pfizer, foi dia13 de maio. Dia cheio de presságios, de crenças, de temores, de superstições, de mentiras, de gatos pretos deslizando pelos telhados e dia em que os brancos comemoram a Libertação dos escravos. Libertação? Melhor: o dia em que os escravocratas acharam conveniente remover os negros da senzala para as favelas... É também o dia em que lá em Portugal e também por aqui, se festeja a aparição de Fatima, aquela que apareceu a três pastorinhas lá nos potreiros lusitanos... 

 Por se tratar da Pfizer, os senhores senadores que naturalmente esperavam, até orgulhosos, poderem finalmente, questionar um legitimo depoente alemão de Leipzig - quem sabe não teria alguma coisa a revelar-nos sobre o Quarto Reich? - ficaram surpresos quando viram chegar o depoente, acompanhado por outros dois: um moço boliviano. Daqueles que qualquer um percebe de longe que exige que se fale inglês em sua casa, já que fez duas ou três especializações na California, ali pelos lados do Vale do Silício... e que gosta, sempre que pode, mesmo em público, de misturar ao seu idioma nativo cinco ou seis palavras no idioma dos imperialistas... 

De cara, ao apresentá-lo, o presidente da mesa e poeta Aziz cometeu duas gafes com o moço: 1. disse à platéia que ele falaria em portunhol e, quando o inquirido, para justificar-se, disse ter uma filha que fala português perfeitamente, o nobre senador que tem o nome de um poeta persa, atacou: 2. é, os filhos são sempre mais inteligentes que a gente! Bobagens!, mas aconteceram.

Na forma de compor suas respostas, ficou claro que os povos de língua castelhana tem uma capacidade excelente de organizar o discurso. Seria facilitado pela estrutura do idioma del Hombre de la Mancha, em detrimento do idioma lusitano? Os ouvintes, que só têm da Bolivia a visão das cholas de Cochabamba, de cócoras e mascando folhas de coca nos arredores da faculdade de medicina, ficaram impressionados com a competência do gerente. Um ou outro eufemismo em voz baixa... Uma ou outra mentira sintética... Claro que atribuem aquele desempenho também aos quinze ou vinte mil dólares mensais de seu salário.

Para mim, a parte mais interessante da sessão, foi quando ele, respondendo à pergunta de um senador revelou o preço de cada vacina proposto pela Pfizer ao governo brasileiro: 10 dólares, respondeu. Alguém da platéia, meio distraído, entendeu 3 dólares e repetiu a pergunta. Ele, que minutos antes havia queimado incenso ao redor da multinacional e até de ter insinuado que na essência daquela empresa havia um espírito cristão e de puro humanismo, ajeitou as nádegas na cadeira e repetiu: 10 dólares.

10 dólares!? Mas isto é um assalto! 

Humanismo um caralho! pensou 'em voz alta' um senador que nunca escondeu sua admiração por Mussolini. Já, os marxistas presentes, esqueceram a teoria da plusvalia e ficaram abúlicos e calados. Humanismo um caralho. Ou seria um estelionato humanista?...

Os senadores em geral e de todas as facções, acostumados a lidar com essa moeda, também ajeitaram as nádegas nas cadeiras e acionaram suas calculadoras, mas não disseram nada. Afinal... São vidas humanas, não é? Estamos numa pandemia! Mercado é mercado! E todos aqui somos defensores do liberalismo do escocês Adam Smith... Ou não? O que é que não se pagaria para salvar vidas, não é? Ou vamos agora comprar a vacina cubana por cinquenta centavos???

Duas mulheres se retiram do plenário depois de lançarem sobre um fotógrafo bobalhão que as observava, um gesto duro e incurável de misandria...

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Em tempo: Depois que a reunião acabou, fiquei pensando sobre o preço (10 dólares) proposto pela empresa para cada vacina e achei até um bom preço, se comparado com o valor (600 reais) que aquela auxiliar de enfermagem, lá em Belo Horizonte, cobrou da pequena burguesia, por vacinas falsas...




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