segunda-feira, 10 de maio de 2021

O Mendigo K, as mães e os extraterrestres...



No mercado da esquina ouvi que o Mendigo dialogava com aquela velhinha beata que todas segundas-feiras está lá comprando ovos caipiras e pacotes de nabo. Falavam do Dia das mães; do foguete chinês que, "graças a deus" dissolveu-se ao reentrar na atmosfera e em Discos voadores.

A respeito do dia das mães, sussurravam : dizem que de tão tóxicas que são as relações familiares, as filas nos pronto-socorros de ontem para hoje, duplicaram. Com o passar do tempo, as velhinhas vão regredindo aos conflitos da infância e ficando cada vez mais chatas e cruéis com seus filhos. Querem, a todo custo, gratidão eterna! Ah! senectude vingativa e insaciável! Cobram suas noites de sono perdidas, como se os filhos tivessem pedido para nascer. Para passar uns 80 anos nesta abóbora giratória, escravizados pelo estômago e em liberdade condicional... Ah, meu filho, quanta ingratidão! Ingratidão a mim, que deixei de ir viver em Damasco para dar-te de mamar... Aliás, mamavas como um leitão! Eu, que poderia ter sido uma grande bailarina, perdi  minha vida cuidando de quatro marmanjos que agora não me reverenciam... E, mais sádicas do que maternais, lançam sobre a prole as próprias agressões que sofreram de suas respectivas mães quando eram bebês e mamavam como leitões... Um circo que não tem fim! Resultado: no dia seguinte, as filas imensas dos leitões nos ambulatórios. E elas, os comerciantes e os padres, já começam a preparar-se para o dia das mães do ano que vem. Uma farsa mais do que tóxica!.. Único remédio: a distância! Sorte que a terra é imensa...

A velhinha que o ouvia, apesar de ter 8 filhos, como recomendam os cretinos e párocos em geral, parecia concordar com suas teses mais do que profanas...

Passou a falar de extra-terrestres, dos esforços dos terráqueos para saber se há ou não vida fora deste planeta. Foi falando, com ironia:

Num determinado momento os sábios alemães e franceses, no meio de relatos de que a terra estava sendo observada por objetos estranhos, tomaram emprestado um pedaço do deserto árabe e escreveram lá, com letras gigantes, sobre a areia: O QUE QUEREM?

No mesmo dia apareceu na imensidão do espaço em letras azuladas, a resposta: NADA!

Os sábios alemães e franceses, meio decepcionados, voltaram a escrever, em letras gigantes:

MAS ENTÀO, POR QUE NOS OBSERVAM E NOS FAZEM SINAIS?

A resposta veio quase imediatamente lá na imensidão do espaço:

NÃO FAZEMOS SINAIS A VOCÊS, ESTAMOS INTERESSADOS EM SATURNO...

Ele e a velhinha imaginando a sensação de pequenez e de solidão daqueles tais sábios, explodiram numa tremenda gargalhada...




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