terça-feira, 25 de maio de 2021

A Dra Maira na CPI e o caso do órgão reprodutor masculino na entrada da Fiocruz...



"A esperança é uma isca que nos estende o futuro, para nos lograr mais uma vez..."

(Renato Taddeo)


Voltamos à CPI. 

Os rituais são sempre os mesmos. Hoje foi a vez de uma médica do Ministério da Saúde que apresentou um curriculum de fazer inveja.  Mesmo assim, costumam chama-la pejorativamente de Capitã cloroquina. Quem pensava que bullying só ocorria lá entre as crianças do primeiro grau, passou a saber que isto também reaparece na Terceira Idade.

Logo de início ela desestabilizou o Presidente da mesa negando-se a cumprimenta-lo de mão aberta. Estamos no auge da epidemia! Em seguida se tocaram cordialmente os punhos como mandam os cientistas e os burocratas da OMS.

Para espanto da casa, o senador redator, antes de dirigir suas perguntas e ela, passou a fazer um relato de como foi o julgamento de um dos principais assassinos da Gestapo, no Tribunal de Nuremberg, detalhando, inclusive, que o referido capanga de Hitler havia se suicidado na prisão... A médica empalideceu.  A idéia macabra do redator foi uma idéia tão impertinente e tão fora da realidade que a própria conib (confederação israelita do Brasil) manifestou-se. Curiosamente, na semana anterior, outra excelência, para intimidar a um outro depoente, fez o relato do destino de outro criminoso nazi Adolf Eichman, que foi julgado e condenado à morte em 1962. Naquele dia, o fato causou tal espanto na Comissão a ponto de decidirem que a menção àquele bandido fosse excluída das notas taquigráficas...

Enfim, como estavam ali diante da "capitã cloroquina", naturalmente voltaram a falar da cloroquina. Faz milagre? Não faz milagre nenhum! É anti-viral ou anti-protozoário? Enquanto a discussão ficava nesse tema parecendo não ter fim, eu ia lembrando que Lutero, em sua época, para problemas neurológicos graves, recomendava a ingestão de pequenos fragmentos da própria caca do paciente, pela manhã. Bioética; neonatologia; Goering; E a variante que pode ter vindo do Ganges; Metanálise... (o que é isso?) In VITRO (o que é isso?) Medicamentos of label. 70% dos medicamentos que estão nas farmácias são of label e só servem para os presunçosos! (Mas o que é isso?) E a imunidade de rebanho. Rebanho? Ora, estão insinuando que isto aqui é um aprisco? A senhora sabe diferenciar um vírus de um protozoário? Disparou o senador e médico lá da terra do Gregorio de Matos. Mas tudo com suavidade e dentro da ética corporativista. (pero, no mucho!). Data vênia., mas quais são suas fontes? A OMS? Mas a OMS, excelência, durante a crise do HIV chegou a orientar que as mães contaminadas continuassem amamentando! E o oxigênio? E Manaus? Quando ela começava a falar que a saúde lá, às margens do Rio Negro, era um fim de mundo, que encontrou ambulatórios trancados com correntes e cadeados, sem remédio, sem leitos, com 40 óbitos domésticos por dia, com pacientes que, jogados pelos corredores, a agarravam pelas pernas pedindo socorro, era imediatamente interrompida. E nas noites de luar amazonenses, lá pelos lados da Igarapé de Manaus, excelências, havia também o assobio do curupira... Eu ficava até de madrugada à janela para ouvir a acusma. Sabem o que é a acusma, excelências?  É a voz melodiosa da floresta! Seja objetiva! Gritavam irritados os inquisidores. Responda com objetividade! Aqui é 8 ou 80. Quem disse para a senhora que entre o 8 e o 80 existem outros 72 números está mentindo!

Seja objetiva! Aqui é preto ou branco! Quem lhe disse que entre o preto e o branco existem milhares de outras cores, está mentindo! Mas, excelências, eu preciso contextualizar..!

Um dos fotógrafos que circulava por lá recebeu um Whatzapp de seu editor ordenando que fotografasse o senador......... de boca aberta. Tratava-se de um senador que, entre um bocejo e outro, folheava As paixões da alma, um livro do velho Descartes...

UTIs; chicungunha; piolhos, terapia intensiva, a Pfizer e a malária endêmica... A selva com seus inocentes mosquitos! Medicina tropical! Haverá um nome mais poético e mais feminino do que este? E insistiam na tese de que o Bolsonaro, com seu desvario, indispunha e amotinava o populacho contra a vacina. Mas ao mesmo tempo circulava a noticia de que no Paraná, a ânsia para ser vacinado era tanta, que estava levando alguns estelionatários até a entrarem na fila com os documentos de gente que já havia morrido há décadas, e que em Minas Gerais estavam fazendo o mesmo, mas como se fossem senhoras grávidas...

Variante P1. A depoente relata sua experiência num hospital do Ceará que fez todo mundo lembrar dos quadros de Brughel. Seres humanos amontoados! A miséria do sistema! Um senador refere-se a situação de saúde do país como um subsolo do inferno. Teria lido a Dante? O Presidente da mesa não resiste à tentação de assumir o papel de pai e aconselha. Resmunga. Abre os braços para a platéia que se agita. A senhora defende o uso da cloroquina ou não? Quais são suas fontes? A OMS, o LANCET, outros breviários científicos mundo a fora? Dizem que houve um artigo fraudulento no Lancet! Precisamos de dados confiáveis! Diga de uma vez quais são suas fontes! Mas o planeta inteiro, com cloroquina ou não, não conseguiu evitar o desastre... Dizem que a Hungria, o México e até Cuba estão usando a maldita cloroquina... Que  fracasso para a humanidade! O que aconteceu com o mundo? Quem reparará todos esses óbitos? Quem ressuscitará os mortos? Não há milagres! A ciência, excelência, é só um aglomerado de hipóteses e de evidencias, está em auto-correção permanente... Só os mortos estão salvos. E é importante diferenciar empatia de solidariedade.

Uma das excelências, sempre antes de dirigir-se a outra costuma usar o mantra: PAZ & BEM. Quando o fez hoje e seu interlocutor lhe respondeu: QUE DEUS TE ABENÇOE, sentiu-se ironizado e protestou. Confusão de línguas! Mas, afinal, qual é a fronteira entre ironia e sarcasmo? 

Queremos trazer o Pazuello de volta. Será o terceiro round. A senhora está contradizendo o general Pazuello! Quem está mentindo? Mísseis verbais para todos os lados, mas com um cuidado extremo para que não aparecesse algum vestígio de misoginia. Os senadores do sul confundem o verbo perguntar com o verbo pedir. "Quero pedir a senhora se já foi vacinada... "

Onde está a canalha literária?

Queremos só e unicamente a VERDADE! 

A verdade, excelências? Não sejam hipócritas e parem de blefar! Lembrem-se que até Pilatos fez esta pergunta, mas retirou-se antes de ouvir a resposta! E depois, uma vez por dia até os relógios parados dizem a verdade... 

E, na frente do sr Redator, a tabuleta com o registro de 450 mil mortos, tremulava como se aquilo houvesse se transformado numa sessão espírita.

Um papo mais ou menos de bêbados tomava conta de tudo. Pesquisa para cá, pesquisa para lá. A ciência sendo tratada como se fosse uma parte do Antigo Testamento que algum ateu havia colocado em xeque ou que havia sido apagada.

O momento mais, digamos, sensual, foi quando um dos senadores questionou a depoente sobre uma suposta declaração dela, criticando a Fiocruz por esta ter se transformado num 'aparelho político'. Segundo ela, em uma visita recente que fez à referida Fundação, ficou surpresa ao deparar-se, logo na entrada do prédio, com um pênis inflável; com imagens do Che Guevara nos tapetes, cartazes do Lula e da Mariele nas paredes e com uma aura LGBT que inundava tudo... 

O que foi mais bizarro, nesse assunto, foi ouvir o Senador que a interpelava, substituir a palavra pênis por órgão reprodutor masculino. De onde lhe advinha tanto pudor? Seria um ex-seminarista? 

- A senhora confirma que havia lá, na entrada do prédio, um órgão reprodutor masculino inflável? 

A depoente, contendo o riso por debaixo da máscara, confirmou. Pensei: "O homem nunca é tão fraco como no momento em que a mulher lhe diz: 'és muito forte!'". Um pouco mais tarde, um outro senador, que disse ter feito sua formação acadêmica  lá, voltou ao assunto para esclarecer que AQUILO, não era um pênis e nem um órgão reprodutor masculino, mas uma imitação arquitetônica do prédio da Fiocruz que, sabe-se lá por quê, tem a forma de um phalo.  Voltei aos principais tratados freudianos... (em tempo: pênis, órgão reprodutor e phalo são praticamente a mesmíssima coisa. Apenas o órgão reprodutor é um pouco mais complexo!) Todos os respeitáveis senhores reprimiram o riso, também por debaixo de suas máscaras e a sessão continuou. 

De longe, de cada vez mais longe, ainda chegava até a cidade, agora repleta de ipês cor-de-rosa, mas sem esperança alguma, o ribombar dos bumbos imaginários...

Nenhum comentário:

Postar um comentário