Outro efeito anafrodisíaco e reacionário do lockdown...

Neste sábado de primavera, ainda com o clima de Saara, deparei-me com o Mendigo K., ali nos fundos do autódromo abandonado da cidade. Ajudava um velhinho caquético a trocar o pneu de uma dessas caminhonetes gigantes que todo idiota tem na garagem. Estava satisfeito porque o velho lhe havia gratificado com uma nota de $100 pensando que era de 2.

Nos cinco minutos que me demorei lá, enquanto soltava e apertava parafusos nas rodas, suando como um asno, foi me dizendo: Bazzo, hoje estou furioso... Minha mulher, que mora numa invasão perto da minha e que até bem pouco tempo atrás me ligava toda sexta-feira para saber se a noitada iria ser regada a vinho, a absinto, a conhaque ou a maconha, agora me liga implorando para que eu não esqueça de beber dois litros de água por dia, de tomar aquele chá de cidreira e de engolir meu comprimido de losartana potássica... Caralho! Quer maior decadência do que esta?