No Rio de Janeiro, outro hospital em curto-circuito. As labaredas lambendo os cortiços ao redor e a cena dos pacientes sendo arrastados no meio daquela gritaria e daquela fumaceira toda para uma loja de pneus, com seus olhinhos de espanto e de adeus, mas também de fascínio, ficarão para sempre nos Anais do SUS e do hospício em que vivemos.
Aqui em Brasília, a cidade inteira continua queimando incenso ao artigo do general Rêgo Barros publicado no jornal local com um titulo quase esotérico: Memento mori que, segundo os coroinhas e professores de latim, quer dizer: Lembras-te que és mortal. Quase uma encíclica. Quem não lembrou do Eclesiastes? Quase o Intróito de uma missa. Duvido que os evangélicos tenham ficado indiferentes... Quem já desceu às catacumbas, em Paris, encontrou lá, logo na entrada, esta inscrição, também escatológica: Arrête: C'est ici l'empire de la mort!"
O clima de juízo final que levita nas entrelinhas do texto me incomoda e em especial a palavra Rubicão, que a mim, lembra rabecão... Teria sido oportuno se seus assessores lhe tivessem sugerido: General, o texto está ótimo, mas, neste momento de desgraceira generalizada, por quê, ao invés de MEMENTO MORI, não optar por MEMENTO VIVERE? Por quê, ao invés de lembrar que vamos morrer, não lembrar que esta é nossa última cartada e que portanto, devemos viver intensamente?
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