terça-feira, 20 de outubro de 2020

O Mendigo K, o fantasma do estupro e Hermann Hesse...

“Résiste-moi, Jolie femme, boutonne bien ta robe! Enchante-moi, tourmente-moi – mais ne m’accorde pas tes faveurs..."
Citado por P. Watzlawick


Nesta terça-feira o Mendigo K apareceu com outra temática fervilhante da pós modernidade: O estupro. Cafajestice que, aliás, era praticamente oficializada por aqui nos séculos coloniais e no princípio da república. Nossas tataravós, bisavós e avós, as índias e as negras que o digam...  

Diz que com todas as discussões e maldições em curso, até a mendigada está paranóica com esse assunto e que só estão aceitando "comer" suas mulheres depois que elas assinam um documento dizendo que, gostam de sexo com homens, que por livre e espontânea vontade desejam ardentemente serem "possuídas" e que estão liberando, não só o corpo, mas também a alma para seus companheiros. 

Parece mentira, mas ele confirmou com veemência essa história quase cartorial e até filosofou: doutor, eu não sou um estrupador (ele, como 80% das pessoas têm dificuldade para falar estuprador), mas vou lhe dizer uma coisa: sem questionar as razões das mulheres, (lembrar que até os anos 1980, o artigo 219 de nosso Código Civil obrigava as mulheres solteiras a conservarem o hímem) essa neurose toda, essa história de trepar com procuração, será a morte da sexualidade, do ritual amoroso, do encanto da sedução e da brincadeira quase infantil que é a sexualidade. Ninguém, jamais, teria se atrevido a atravessar os mares, dar a volta ao mundo ou a escalar o Himalaia se não fosse movido pela fantasia e pelo desejo... E, veja que desgraça e que miséria: atualmente, até a mendigada, quando passa por uma mulher, ou quando uma mulher vai em seu barraco para flertar, exibir-se e queimar um baseado, já se reprimem, se enchem de medo e começam a fazer aquela reza tirada do poema de um tal Hermann Hesse, conhece? Como não respondi, ele a recitou, e num francês que diz ter aprendido no tempo em que ficou preso em Marselha: “Résiste-moi, Jolie femme, boutonne bien ta robe! Enchante-moi, tourmente-moi – mais ne m’accorde pas tes faveurs...

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Em tempo: Já havia atravessado a rua quando voltou para perguntar-me: Lembra da Maria Lenk, a primeira mulher sul americana a participar das Olimpíadas? Já, naquele tempo, foi excomungada pelo bispo de Amparo (SP) sob a alegação que dar aulas de natação não fazia parte da natureza feminina... Que tal?



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