sábado, 10 de outubro de 2020

O derretimento das calotas neuronais e a flor branca do Strophocactus...


 O calor, a baixa umidade e o clima infernal que o país inteiro está tendo que suportar, bem que poderia ser um pretexto para os "doutores" da república incrementarem os Versículos que regulam a relação entre os homens e as plantas. Mas..., bem entendido,  que seja um incremento varonil! 

Tocou fogo? Expropriação da terra! Desterro.
 Derrubou uma árvore? Exílio! Para outro país ou, dependendo das circunstâncias, para o inferno... 
E que essas medidas sejam tomadas em questão de  horas, não em questão de anos... 
Digo isto num surto de cólera, mas sabendo que estou idealizando, pois sei que a falta de testosterona é geral...  Que a república é um panteão de pavões e que o varonil está cada vez mais feminil... Que se contentam com batidinhas nas costas; com os elogios mútuos; com as pregarias noturnas repletas de círios acesos no meio da fumaceira de incenso ao redor do Congresso... E que se aliviam com cremezinhos nos cotovelos e nas nádegas, o mesmo que usam suas dignas esposas... e hibernando em suas alcovas com ar refrigerado e com duas governantas da família que os abanam com penas de avestruz. Sabendo que os aviões da FAB estão disponíveis... e que o rebanho é passivo... 

Silêncio. Um dos maiores enigmas sociais é o silêncio das multidões. As multidões silenciosas. Como é que vinte ou trinta sujeitos conseguem fazer o que bem entendem com uma nação de 200 milhões? O que é que gera essa paralisia?  Os cursos de psicologia de massas, de sociologia e de antropologia não serviram para nada? 

Aqui em Brasília, por exemplo, esses trustes de energúmenos, não faz muito, destruíram uma área de cerrado urbano que refrescava a cidade... Em seu lugar fizeram um tapete de concreto e construíram meia dúzia de prédios que ninguém sabe quem mora lá e nem quem são seus donos... E a cidade ficou de cócoras. Os mesmos cagões daqueles dias são os que andam por aí hoje, de língua para fora e com as calças suadas na bunda, no meio desse calor estúpido, reclamando em histeria do aquecimento global... dos buracos negros,... do degelo da Antártida e da inclemência cósmica. Bundões...

O Mendigo K., encostado na sombra (à sombra) de um paredão, lembrou-me da Margarete Mee... Aquela pintora inglesa que passou vários anos por aqui se embrenhando nas florestas, e fascinada com a botânica tropical, principalmente com a flor branca, do Strophocactus... Foi quase um milagre que não tenha sido devorada pelos tigres, pelos garimpeiros, ou levado uma flechada. Com aquela alma ingênua e metafísica de artista e poeta, adentrando  nas nossas selvas intuiu o porvir que nos esperava e prometeu que mesmo depois de morta, (vicio de linguagem de lunáticos) continuaria torcendo para que as matas daqui fossem preservadas. Do além (morreu em 1988), ou deve ter se esquecido, ou sua torcida não está servindo para nada...

Dizem que essa mesma mulher meteu-se várias vezes pela Amazônia em busca do tal Strophocactus, aquele cactus cuja flor  floresce só uma vez por ano, e à noite. E que, nas vésperas de completar 79 anos, esperou pacientemente, com seus pincéis e suas tintas, ao lado do Rio Negro para ver florescer a tal flor branca e misteriosa de um desses cactos.  Se isto não for lenda, está aí uma mulher corajosa e respeitável, cujo gozo deve ter sido estupendo... (foto acima)


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