sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Os futuros prefeitos e a invisibilidade do Rio Tietê...




"...O espírito de conquista está de tal forma enraizado no coração do homem, que até o mais vil dos idiotas sonha em conquistar o céu..."
V.Vila

Se você havia ficado espantado com o debate do começo da semana entre o Trump e o Biden, lá nos EEUU, precisaria ter visto o de ontem à noite entre os 11 pleiteantes à Prefeitura de São Paulo. Lembra das disputas nos grêmios do 2. Grau? Igual. E, o mais impressionante de tudo: nenhum dos 11 apostolos, deu uma única palavra sobre o rio Tietê. Nem mesmo os sábios jornalistas que os inquiriram. Teriam se acostumado com aquele caudal espumante de estrume que passa pelo fundo das fábricas, dos cemitérios, das mansões e por dentro dos barracos do populacho, arrastando colchões, chinelos, trapos, restos de tudo o que se possa imaginar e até cadáveres? Inacreditável! 

Ficaram no blábláblá dos velhos e crônicos temas da saúde, do transporte urbano, das escolas e do trabalho, mas com uma lógica amadorística e parnasiana. E falavam do trabalho como se não soubessem que existe um livro chamado a servidão voluntária... e que qualquer sujeito saudável, se pudesse, passaria a vida longe dessa maldição... 

Da saúde, falavam como se ela dependesse mais dos hospitais do que do rio; das escolas, como se nelas, com professorzinhos meia-boca, fosse possível se aprender alguma coisa... 

E havia lá apostolos Stalinistas, Mussolinistas,  Cristianistas, representantes de todos os clãs e das famílias que mamaram nas tetas daquela urbe desde 1889, representantes de astutas raposas que já ficaram senis... e todos levavam para o cenário do debate, malandramente, a discussão nebulosa e metafísica sobre a turma do crack.  O que seria dos candidatos se não existisse o exército do crack? Aquela turma que vive acampada ali nos arredores do Teatro Municipal se dilacerando os neurônios com canivetes e com seus  improvisados cachimbos? O que fazer com eles? Todos, mesmo sabendo que não há solução, propunham estratégias teológicas para esconde-los, apenas para fazer o jogo de cena com o rebanho insone que os assistia de casa sabendo que tudo aquilo era apenas a dramatização de uma idealismo cretino e fajuto! Que aqueles representantes do lupemproletariado, como a espuma nebulosa do Tietê, estarão lá, para sempre...




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