quinta-feira, 1 de outubro de 2020

O Mendigo K, as sementinhas misteriosas e a batalha de Alcácer-Quibir...



 O Mendigo K, que jura que seu avô fez parte do Movimento Sebastianista lá na Serra do Rodeador, em Pernambuco, explicava para um bando de outros mendigos famintos e esfarrapados, quais  eram os pilares e as crenças fundamentais do Sebastianismo. O corpo de Don Sebastião, rei de Portugal, morto no Marrocos, na batalha de Alcácer-Quibir, (1578) - dizia - nunca foi encontrado. E mesmo depois desses 500 anos, não há português que não acredite em sua volta... A fé e a paciência são atributos de nossa nobre espécie... Cristo, Godot, Don Sebastião, a trilogia que está por vir... Vamos ver quem chegará antes...

Por enquanto, só nos estão chegando as sementinhas misteriosas vindas dos países asiáticos. Recebeu alguma? O que seriam? Sementes transgênicas do ópio da Birmânia? Canabis com o DNA modificado?  Algum dragão feito semente? Os agrônomos e outros curiosos estão reativando seus laboratórios e suas paranóias e proibindo a quem as recebe, de semeá-las. Seriam ovos de larvas que devorarão nossos quintais? Será trigo ou joio? E se delas surgirem um milhão de plantas carnívoras? E se forem sementes dos antigos jardins de Confúcio que, se engolidas, nos podem garantir a imortalidade? Dizem que uma curiosa dona de casa as semeou num pequeno jardim de seus sonhos, que seu angora foi lá ver do que se tratava, e morreu. Seria a volta de Don Sebastião? Conhece algum lusitano que não seja Sebastianista?

Meu avô - seguia discursando o Mendigo - lá na Serra do Rodeador, foi até amante da Feliciana Maria da Conceição, Já ouviram falar dela? Era líder daquele movimento messiânico e tinha o status de Procuradora da Honestidade das Mulheres.

Mas tudo acabou quando a policia, como fez com o Conselheiro da comunidade de Canudos, foi lá e tocou fogo em tudo. Foi quando meu avô veio para cá, a pé... mas sem deixar de ter fé, de sonhar com a Volta de Don Sebastião, morto lá no Marrocos, na batalha de Alcácer...

Don Sebastião vive! Don Sebastião volta! Cantaram em coro os mendigos... Todos de joelhos e famintos...






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