quinta-feira, 8 de outubro de 2020

A VIDA TUMULTUOSA DE LUZ DEL FUEGO... Conhece?

"As aristocracias são cruéis porque são formadas por antigos escravos que se vingam..."

Vargas Vila

 


Sem nenhum cabotinismo, devo em parte à pandemia e ao isolamento a oportunidade de ler o dicionário MULHERES DO BRASIL. Uma leitura obrigatória para jovens e velhos que pretendam entender as loucuras político-sociais de nosso cotidiano. Ali, além de um evangelho de crueldade e de horrores contra negros, judeus, índios  e hereges, há registros inacreditáveis da exploração e dos massacres sofridos pelas mulheres durante os anos da chamada colonização, da monarquia e das primeiras décadas da república. Loucura pura. Mau caratismo de ponta a ponta. Putaria e teologia. Um festival de negócios, de má fé e de estupros. Uma loucura dos camaradas colonizadores contra as mulheres, apoiados pela inquisição que ainda não foi realmente catalogada e nem digerida.

As 900 biografias desse dicionário são incríveis. Que as mulheres tenham conseguido sobreviver e com uma certa soberania, foi quase um "milagre".

Como nossas tataravós, bisavós, avós não deixaram diários e nem denúncias, a leitura desse livro, desse evangelho de burrice, que os colonizadores não conseguirão exorcizar, é crucial. Não tenha medo. Se um livro te dá pânico, leia-o. Sua leitura te libertará. Neste exato momento estou lendo, na página 346, a biografia de uma moça nascida em 1917, na cidade de Cachoeira do Itapemirim (ES), descendente de uma família tradicional. Os Vivacquas. Ela que adotou para si o apelido de Luz del Fuego. Conhece? É um relato de sensualidade, exotismos, nudismo e internamentos psiquiátricos compulsórios. Por resistir a um assédio, acabou sendo assassinada por um pescador ignorante. Leia.

E na tão discutida VOLTA ÀS AULAS, ao invés de se continuar enfiando guela-a-baixo das crianças a baboseira inútil que todos conhecemos, se deveria reduzir o curriculum a apenas duas matérias: matemática e português e, paralelamente, a leitura coletiva deste dicionário. O resto, é neurose pedagógica e domesticação. Os outros saberes e interesses pelo mundo, as crianças construirão por si mesmas...

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