Nascido e criado no meio daquela italianada que havia atravessado os mares em caravelas sucateadas para chegar a uma América fictícia e imaginária, (muitos, nos porões, agarrados em seus crucifixos, em seus baús de madeira repletos de bijuterias de armarinho e em seus realejos) ouvi, em duas ou três oportunidades, durante as bebedeiras das quermesses paroquiais, de um casal fedendo a vinho e cantarolando Torna a Surrento, que havia partido de Gênova para Santos, num tom mais religioso do que literário, a história do Leproso de Aosta. Lembro que davam ênfase, emocionados, principalmente ao episódio em que, em fúria, com medo que o cachorro daquele miserável pudesse contaminar a população, os moradores da vila o assassinam. Primeiro, pensaram em afogá-lo num rio, depois resolvem assassiná-lo a pedradas...
Hoje, quando todo mundo está com medo de ser contaminado, não mais pelo bacilo de hansen, como naquele caso, mas pelo vírus da COVID, curiosamente, recebi de uma pessoa que está esquiando, justamente lá naqueles Alpes, (nos arredores de Aosta), as cinco/seis páginas daquela velha história escrita por Xavier de Maistre e que me foi mencionada, há mais de meio século atrás, no meio de uma bebedeira de domingo, por um simplório & feliz casal de carcamanos. Leia: O leproso de Aosta.
https://www.youtube.com/watch?v=x4n0mggb9Qk
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