O mais curioso é que, querendo fazer um contraponto a essa decisão esdrúxula, um outro ministro daquela casa, um ministro que inclusive leva o nome de um Imperador Romano, esboçou um argumento ainda mais terrível:
- Não, nada de liberar os templos!, Fiquem em casa!... seria uma contaminação geral!, Rezem em casa! O maior altar que nós temos é o nosso lar!.
Sinceramente, quando ouvi esta frase, olhei para as mesas repletas de livros; para a montanha de panelas sobre a pia; para um balde e um rodo caídos em baixo da mesa de "Meu lar" e perdi completamente as esperanças... pensei em Cioran: em nome de um verbo esclerosado levantam suas fogueiras...
O que aconteceu conosco? De onde nos vêm essas artimanhas supersticiosas? Esse moralismo de bêbados? Como é que chegamos a uma alienação fanática, primitiva e cretina dessas? A essa domesticação simplória, surreal, transcendente, delirante e esquizoide. Como é que as seitas, o misticismo e essas baboseiras de outro mundo conseguiram penetrar tão profundamente até as raízes de nossa medula óssea? Onde foi parar a razão, a lógica, o bom senso e o tirocinio dessa gente? Inclusive dos doutores e dos ditos acadêmicos?
O maior altar que temos é o nosso lar!
Bah!!
Enfim.., resignado, recolhi o balde e o rodo e fiquei torcendo para quê, pelo menos haja álcool, em gel e em garrafas, na entrada de todos os templos e de todas as catacumbas... E que deus, que intencionalmente ou não, deixou escapar o vírus de algum laboratório clandestino, lhes conceda o tratamento digno que, como nós, eles também merecem...
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Em tempo: Já leu Antonio Lobo Antunes?
https://www.otempo.com.br/cidades/covid-em-constante-risco-profissionais-do-sexo-de-bh-fazem-protesto-por-vacina-1.2468354
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