As cortesãs e as vacinas... (vacinas com C e não com G)... Ou: A vida nesse imenso e messiânico parque de diversões...

Segundo um jornal de Minas, parte das prostitutas de Belo Horizonte, está em greve. O sindicato da categoria exige vacina SIM e vacina JÁ... Argumentam, e com razão, que seu trabalho as obriga a estarem todos os dias nas esquinas e que são grupo de risco já que sua profissão não permite que mantenham distância e muito menos que trabalhem de máscara. O jornal não diz, mas o  movimento deve ter ganhado força depois do caso dos empresários de lá que teriam se vacinado na penumbra de uma garagem e na clandestinidade...

Duvido que alguém, nestes dias Sagrados de Páscoa, discorde do êxodo e da reivindicação justa e digna dessas incansáveis e devotas mulheres. 

Em outras épocas, lembro, já as ouvi reivindicando junto aos hospitais e junto às Secretarias, também benzetacil 500UI. Uma delas me confessava que já naquela oportunidade quase não existiam mulheres honestas que não estivessem enjoadas e fatigadas do seu ofício doméstico...

Quem é que, lendo esta noticia, não flutua em devaneios e não dedica uns instantes à memória da Chica da Silva? Aquela mulher mais do que mala, que "comeu" quase todos os homens influentes das Minas Gerais e que educou suas nove filhas  no Recolhimento de Macaúbas, o mais sofisticado da época? 

E como ficarão as tardinhas e as noites daquele belo horizonte com a greve dessas mulheres? Até onde os efeitos recairão inevitavelmente sobre as já acomodadas, entediadas, assexuadas, incensadas e espiritualizadas donas de casa? E o que deverá decidir a respeito, o alto Conselho Geriátrico-Sanitário daquela urbe? Receberão a coronavac? A de Oxford? A indiana ou a da Pfizer? E quando?