Lástima grande que sea verdad tanta pobreza...

[... C'est seulement à la foire que le OUI ou le NON vous assaille...]
Nietzsche, IN; Assim falou Zaratustra

Desde as alturas ilusórias de meus setenta anos, por um interesse mais antropológico e psicopatológico do que político, tenho acompanhado diariamente a guerra  travada via internet, via mídia e até via de fato, entre os bandos de "esquerda" e os bandos de "direita", sempre me esforçando para testar a exótica e preconceituosa tese defendida pelo Mendigo K que, ultimamente, esta cada dia mais interessado pelas questões demográficas: (a proliferação desordenada de gente no mundo, com suas consequentes epidemias!) Observe  - me dizia ele - como os argumentos 'políticos' dos intrigantes masculinos são sempre pessoais, mesquinhos, afrescalhados, estéticos, imorais, neuróticos e destrutivos (ao invés de teóricos) e fundamentados mais sobre as palafitas da inveja do que sobre outra coisa; e que as querelas entre bandos de mulheres sustentam-se basicamente sobre a lógica do comadrio e, frequentemente, camufladas na malandragem de Safo... 

Pode até ser verdade, - lhe contesto - mas isso não vem ao caso. O que é terrivelmente brochante é ver que os dois lados pensam da mesma forma, que foram iniciados nas mesmas igrejas, que mamaram nas mesmas tetas, que têm as mesmas crenças, que não sabem escrever meia página, que têm os mesmos desejos, ideais, vícios ordinários e a mesma "formação" intelectual e que se dirigem a um mesmo deus fictício, só que por vias e rezas aparentemente diferentes. Que enquanto um lado não consegue se livrar da lenga-lenga marxista, (Durkheim, Weber e Marx, gente que têm ereções quando lê o 18 Brumário) o outro, faz apologia e é refém das idiotices ditas liberalistas (Keynes, Hayek, Friedman, e tem ereções quando lê O evangelho segundo Allan Kardec). No fundo, ambos sabujos e subalternos que anseiam, uns, por um Estado proletário (pelo chicote dos pobres e do lupemproletariado) outros, pela catalepsia de um Estado platônico, cretino, vigarista, místico e quase monárquico (o chicote vaselinado da burguesia). Enfim: que tudo é um vaivém ciclotímico/demagógico em busca de um fuhrer, de fábulas e de embustes 'republicanos' para disputar as chaves dos cofres, as sinecuras estatais, as mamatas e, claro, para manter, por um lado, um bando de cretinos e de indigentes ajoelhados e submissos e por outro, os parentes, mamando e bem alimentados. Pura malandragem da mesma gente e das mesmas famílias que infestaram o país de estádios de futebol, de cadeias, de hospícios, de seitas, de capelinhas, de curandeiros, de velhacos, de shoppings, de canaviais, de plantadores de soja, de ordenhadores de vacas e de michês e que nos trouxeram até aqui sem estradas de ferro, sem Saneamento Básico, sem serviços de "Excelência", sem dignidade e, pior, comendo pimentões recheados e impregnados de inseticidas...