quarta-feira, 4 de março de 2020

E o Dr. Drauzio, travestido de padre, volta aos presídios...


"Come disse quella pecora del Petrarca: per far ricco un, por gli altri in povertate"
Benedeto Croce
(IN: Un paradiso abitato da diavoli, página 13)


O documentário que o Drauzio Varela exibiu num programa de televisão neste final de semana sobre a vida dos sujeitos Trans nos presídios brasileiros causou alvoroço, principalmente entre as donas de casa e entre os ex-seminaristas que agora comandam canais de opinião na internet. Uma compaixão artificial e fajuta tomou conta das cristandades em geral e o Varela, mais padre do que médico, teve seu momento apoteótico quando resolveu minimizar a solidão de uma das presas com um forte abraço que só não foi mais melancólico e comovente do que as aventuras e os abraços que São Francisco de Assis dispensava em seu trato com os mendigos. 
E a burguesia se estrebuchava em casa, nos sofás, vendo aquelas cenas de surrèalisme no interior de nossas penitenciárias medievais. Ora se identificando com os internos, ora com o entrevistador. Apenas uma ou outra, quase por milagre, se lembrava que a existência de cadeias, de presídios e de penitenciárias é algo que emporcalha a existência e que joga cal sobre a balela do Iluminismo. E mais: que  a cadeia é uma artimanha de vingança do Estado e do rebanho dominante, vingança que pode alterar o DNA até de uma pedra...
E o Dr. Drauzio ia singelo, de um pavilhão a outro, cultivando e granjeando simpatias e quase se desculpando por não ter levado algumas hóstias para aquela pobre gente aprisionada na mais terrível solidão e não apenas no horror dos presídios, mas no horror de um corpo que não reconhecem como seu. Um duplo horror. 
Outro momento paradoxal e apoteótico foi quando uma das mulheres entrevistadas declarou que a vida lá dentro dos muros era melhor que fora dos muros. E o nosso São Francisco de Assis, sabe-se lá por quê, nem se aprofundou nessa declaração verdadeiramente transcendente. 
Dentro dos muros os TRANS-SEXUAIS. 
Fora dos muros os TRANS-TORNADOS. 
Mas todo mundo dentro daquele inferno prisional até parecia "feliz" e transbordar cristianismo, afinal, os pastores e os filósofos estão sempre por lá disputando a turba e depois, os beatos se lembram, Cristo, segundo seus apóstolos, também teve o seu momento TRANS. Lembram da epistola do Novo Testamento onde Jesus é TRANS-figurado e se torna radiante no alto de uma montanha? 
E os agentes penitenciários, que só dominam a linguagem do cassetete, e que com a mão sobre o coldre, acompanhavam nosso São Francisco de Assis, diante de cada cela e de cada entrevistado (a), iam resmungando malignamente dois preconceitos e dois postulados: 
1. Cada alma tem o corpo que merece.  (Orígines)
2. Nada é mais burguês do que um sentimento... (Cioran).
E já na saída, quando o Dr. telefonava para alguém contando as maravilhas que havia registrado naquele antro, um carcereiro se aproximou e lhe disse: Mas, reverendo Drauzio, o que diferencia um homem de uma mulher não é a xota e nem os bagos, é o cérebro. E no cérebro, reverendo, como já vimos, as lobotomias e as  cingulutomias só serviram para aumentar o número de idiotas no mundo...



2 comentários:

  1. o "Suzy", "só" matou estrangulado uma criança porque a criança se recusara a comer o cu cagado e podre desse marmanjo o "Suzy". Olha, uma surra de chicote na bunda pra deixar em carne viva e esse travecão covarde e assassino nunca mais faria isto. E uma surra de chicote na bunda dos psiquiatras e psicólogos picaretas tambem, é claro.

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    1. Tua ideia é boa, mas te recomendo procurar um CAPS. Deve haver um próximo à tua casa.
      Att./Ezio

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