quarta-feira, 29 de abril de 2020

Um réquien para nosso cachorro...


A morte é abominável!
 Dalai! Caralho! Acorda Dalai! Se liga! 
Já quase em coma, conseguiu levantar a cabeça e pedir-me socorro. Vacilei. 
Horas depois, com ele já fora do mundo, vendo-o lá
 sobre um tecido preto, balbuciei próximo a seus ouvidos esta frase de Vargas Vila: "Rogar! A quem? Indignar-se! Contra quê? Contra quem? A mesma mudez e a mesma solidão refletirão o gesto tanto daquele que dobra a cabeça e se ajoelha como daquele que, colérico, levanta os punhos no vazio e cospe contra o céu deserto. O mesmo horizonte inerte e impiedoso registrará a manifestação dessas duas larvas realizando o mesmo gesto de impotência, sozinhas, desesperadas e vencidas..."
Do fundo de meu sofrimento tinha a impressão que alguém regia a Quinta Sinfonia de Beethoven:





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