"Se dan palmadas en la espalda y sonríen con muecas amistosas; tienen que engañarse unos a otros para no degollarse mutuamente..."
Wilhelm Reich
Esta causando indignação e pânico a notícia sistemática de que já não há mais leitos em algumas UTIS, para pacientes afetados pelo coronavírus.
O mendigo K, que já trabalhou mais de vinte anos em mais de um hospital de referência, com as duas mãos no bolso retrucava a uma senhora que se queixava :
Mas, senhora! Durante mais de vinte anos assisti na porta dos hospitais onde trabalhei, lá pelas 6 ou 7 da manhã, pessoas que chegavam visivelmente alquebradas, em desespero e implorando por uma ajuda, sendo orientadas pelas recepcionistas e médicos a VOLTAREM 3 ou 4 meses depois, e não para serem atendidas, mas apenas para tentar marcar uma consulta.
Sabe o que é isso?
E não estávamos em clima de epidemia. E eram velhinhos mijando nas calças, crianças ardendo em febre, índios com dor de dente, diabéticos entrando em coma, maníaco-depressivos em desespero, pessoas em pânico e que, muitas vezes, haviam saído de suas casas lá no interior de Goiás, de Minas Gerais e até da Bahia, ainda antes das quatro da manhã para buscarem socorro...
Sabe o que é isso?
E o judiciário, o executivo, o legislativo, a OAB, a OMS e o Núncio apostólico... ninguém dizia nada.
Os governos (de todas as bandeiras) se fechavam em seus castelos, iam tratar-se em clinicas para milionários, faziam demagogia, colocavam a culpa no PIB, na inflação, na superpopulação, nos estados vizinhos que enviavam seus pacientes para cá... E eu assistia aqueles pacientes recuando em silêncio. Cada um com sua dor, e que nem se atreviam a reclamar, porque, no principio da fila, havia sempre um guarda, em pé, com as mãos nas costas, assistindo a tudo e nas paredes estava impressa a Lei que proibia o desacato a funcionários... Até hoje me pergunto: o que é que fazia aqueles doentes reprimirem a fúria que eu lia em seus olhos?
E os profissionais de saúde que eram obrigados a fazer aquele papel terrível e abominável, também adoeciam rapidamente. Ninguém opta por uma profissão dessas, impunemente! E os tais pacientes, quase nunca mais voltavam... Me entende?
Então, minha senhora, caia na real! Essa miséria e essa canalhice vem de longe!
Está é a realidade muito bem descrita por você, Bazzo. Imagino também o sofrimento do mendigo K.
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