segunda-feira, 25 de outubro de 2021

TERRA DE CAVALOS... A arte de domesticar o populacho pela omissão...











 Nesta semana, um dos monopólios de comunicação exibiu uma série chamada Terra de Cavalos. Foi um documentário interessante e com imagens deslumbrantes sobre a existência desse fantástico quadrúpede no país.., mas uma reportagem muito limitada. Unidimensional! Sem gravidade!

O Mendigo K, que tem dois pangarés que sempre aparecem por aí atrelados a uma carroça feita com sucatas, estava indignado com a superficialidade e com a falta de conteúdo da matéria. Dizia: a omissão é uma forma sutil de censura e de educar para a pobreza e para o atraso. Se preocuparam apenas em mostrar o cavalo nas fazendas dos milionários; o cavalo como fetiche e instrumento de trabalho para um ou outro campônio; o amor da pequena burguesia por esse monstro domesticado; os negócios que o mercado desse animal agita: fábricas de arreios, de ferraduras, de rédeas, clinicas veterinárias... Tudo o que uma criança suburbana de 10 anos já sabe.., enquanto omitiam fatos bem mais transcendentes sobre esse animal...

Por exemplo, que fatos? Perguntou-lhe desafiadoramente um outro mendigo.

Por exemplo?  - Respondeu meio agressivo - 1. A relação dos ciganos com os cavalos e o fato de que os cavalos da monarquia portuguesa no Brasil eram todos adestrados por ciganos. 2. A importância dos cavalos na primeira e segunda guerras mundiais. Aliás, em todas as guerras. 3. O espanto dos nativos aqui da América, quando viram os espanhóis saindo das caravelas montados nesses 'monstros'. E poderiam, por que não?, até ter mencionado o cavalo Incitatus, aquele a quem Calígula conseguiu uma vaga como senador, no Senado romano. 4. Não mencionaram os cavalos como alimento e nem os mercadores que se infiltravam nos campos de batalha, na Europa, disputando os cavalos feridos ou já mortos, para seus negócios culinários. Aliás, a matéria não informou  nem mesmo que até hoje existem não apenas no Rio Grande do Sul, em Goiás e em Minas Gerais, mas também em Paris e Londres, açougues e restaurantes especializados em carne de cavalo. E nem que nossos jumentos (primos dos cavalos) são exportados aos milhares para a China, onde são banqueteados. Sobre este parente dos cavalos, poderiam ter mencionado, pelo menos, o Asno de Buridam! Quanta omissão! Teria sido por pudor? Que não tenham mencionado o cavalo em performances pornográficas com mulheres, (nos videos mais visitados da internet) é compreensível, mas bem que poderiam ter falado da escultura mais importante de Londres, lá no Arco de Mármore, aquela estupenda cabeça de cavalo... E até mesmo do Cavalo de Troia... Por quê não? O que seria da Eneida, da Iliada e mesmo do poeta Virgílio, se não fossem os cavalos?


E  quem é que não viu lá em San Petsburgo, a estátua de bronze de Pedro (O Grande), montado em seu cavalo? E que mais tarde foi quase substituída por Lênin, agora montado num tanque de guerra?

Fez um silêncio e arrematou: desse jeito, com os meios de comunicação investindo cada vez mais em superficialidades e em 'nivelar por baixo', privilegiando mais a forma do que o conteúdo, apenas para saciar e anestesiar as massas, já entorpecidas, estaremos colaborando para que a pobreza intelectual e o reino dos simplórios se agravem e se perpetuem... 

Enfim, me digam: quem é que já não está de saco cheio com toda essa babaquice rasteira e cotidiana? 

Mas, ao mesmo tempo, me digam: quem é que ainda não sabe que não adianta espernear? Por quê? Porque está tudo dominado e porque, como dizia Flaubert: Vivemos num mundo onde nos vestimos com roupas feitas. Pior para os que têm estatura superior à normal....






Um comentário:

  1. Prometer ressuscitar ao 3o dia e não cumprir seria estelionato ?!

    https://diariodegoias.com.br/pastor-promete-ressuscitar-e-viuva-se-nega-a-sepultar-o-corpo/

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