sexta-feira, 15 de outubro de 2021

RIO DE JANEIRO - A fé em Cristo e a esperança nos ossos...

"O período da conferência que precede 

o 'flash' do fotógrafo, é um parágrafo perdido..."

M. L. Descotte


No dia em que o monumento de concreto do Cristo no Rio de Janeiro faz 90 anos, a pequena burguesia animista comemora. Diz ficar arrepiada; faz festa; agradece por estar viva, por ter recebido graças e milagres; pelos portões do Bangú 8 ainda resistirem; pela rua das Marrecas ainda existir (à noite); pelas bacalhoadas portuguesas da Cinelândia terem sobrevivido; pela garota de Ipanema continuar com 17 anos; pelo mar ainda não ter exigido de volta a parte dos aterros que lhe cabe e, mais do que tudo, pela salvação de sua alma. Penso involuntariamente em Roma, que se deixou seduzir pela religião de uma colônia...

Se fosse possível fazer o concreto chorar os gigolôs messiânicos não deixariam de fazer correr pelos olhos do redentor duas copiosas lágrimas, mesmo intuindo que o Cristo, depois de ter assistido a toda aquela putaria durante 90 anos, estaria mais disposto a dar uma imensa gargalhada...

Enquanto isso, não longe dali, em Petrópolis, para uma multidão de outro pedegree, mas ainda tão ou até mais animista (que se reune ao redor de um caminhão do Mercado Extra), a preocupação e a comemoração é de outra natureza, não é (como se vê) aos pés do Nazareno, nem com a purificação da alma e muito menos com a doação do espírito, mas sim com os pés de galinha e com a doação de ossos... Hipérboles tropicais!   


EM TEMPO: 

Observem que na foto há também uma família tradicional de cachorros, meia desnorteada, mas que marcou presença. O que deveria estar pensando com essa invasão em seu território? Luta de classes? 

Lula Lá! 

Bolsonaro de novo! 

Queremos a volta do Fernando Henrique!

Sarney outra vez!

Somos Sebastianistas! Queremos e exigimos a volta de Dom Sebastião... Aquele da batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos... 

E.., por detrás dos bastidores, quando o circo baixa as lonas, eis que estão todos fumando no mesmo cachimbo... Que teatro para idiotas! 



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