terça-feira, 12 de outubro de 2021

O CID 11... e a nova atrapalhada da OMS...






VELHICE - Um relógio em que as horas da tarde correm 
mais depressa do que as da manhã" (Anonimo)

"Os velhos são crianças que crescem para trás"(J.P)

Está causando indignação no mundo médico, principalmente entre os geriatras e gerontólogos e mesmo no mundo dos idosos laicos, uma proposta da OMS para, na publicação do CID 11, que passará a vigorar a partir de 2022, a velhice seja codificada (rotulada) como doença. 
Todo mundo está se perguntando o que está acontecendo com a OMS? Com essa grande família de compadres iluminados?
Depois das seguidas atrapalhadas com respeito à epidemia, ela que recentemente lançou o programa (meio lírico & demagógico, é verdade) Era da longevidade, é bizarro vir agora com essa proposta patética de alterar um código do CID (Código Internacional de Doenças), alteração que, de certa maneira, passaria a considerar as pessoas idosas (com mais de 60 anos) como pessoas doentes! Estariam delirando? Isso escandalizou meio mundo, e não apenas por questões clinicas e estatísticas, mas principalmente por questões éticas.
O que até os cachorros estão se perguntando é como foi que a OMS caiu na idiotice do idadismo? E se haveria, por trás e por debaixo disso algum interesse e alguma pressão mercantil das multinacionais de medicamentos. Das empresas negadoras da velhice, dos demagogos da juventude eterna e etc. Será? Bom, se alguém com mais de 60 anos passar a ser considerado um doente, então será necessário tratá-lo, não é  verdade? E se trata com quê? Ora, com remédios, com plásticas, com cosméticos, com pílulas, vitaminas, pomadas, novenas e outros truques que prometem retardar o envelhecimento e etc, e tudo sempre calculado em dólares... Às vezes em Euros, outras em Libras e até em Ienes... Não é verdade? E no atestado de óbito dos idosos, independente do motivo de sua morte, (se foi a beleza súbita e intempestiva da primavera; o zumbido melodramático de uma cigarra; um infarto fulminante ou o desabamento de uma coluna de concreto no meio de um terremoto) passaria a constar sempre o código correspondente à velhice. Que tal? O Mendigo K. que assistia a tudo com uma certa maledicência me indagou: Mas Bazzo, será que para o morto, todo esse onanismo 'semiótico' faz algum sentido e alguma diferença? Ah!, Se pelo menos pudéssemos invocar o Umberto Eco!!!
Nós, que já estamos na Faixa de Gaza, ouvimos com entusiasmo momentâneo a frase indignada do Dr. Alexandre Kalache: Queremos morrer velhos, mas não de velhice! E foi o mesmo Dr. Kalache que revelou, quase com ironia, que no atestado de óbito do Duke de Edimburgo, morto recentemente, a causa da morte já aparece como: velhice. (Se Stálin estivesse participando daquele fórum, com certeza diria: tudo isso é bobagem porque, de uma maneira ou de outra, no fim das contas, é sempre a morte que vence!)
No meio dessa desbundada da OMS e de seus resignados apóstolos pelo mundo a fora, com o CID 11 quase alterado e já quase indo para a gráfica, formou-se uma Audiência Pública ali no Congresso Nacional cujos debatedores, todos + ou - gerontofóbicos e especialistas no tema, deixaram bem claro que tal alteração é uma aberração que não tem sentido nenhum e que seria um retrocesso. Uma cachorrada burocrática e um ultraje para com os que já passaram o Cabo da Boa Esperança... 
Meu Deus! Como ficariam aqueles nossos acordos no Congresso de Viena em 1982? Ah! Viena! E as tratativas no Congresso de Madrid? 
Ah, e aquelas parrilladas! Ah!, e aquelas paellas valencianas... Temos que organizar outro, e com urgência, agora em Paris, para discutir a pertinência dessa alteração neste que é como um Catálogo de CEP, uma espécie de Kabala de todo profissional de saúde... Ah, Paris! Aquelas noitadas no Moulin Rouge! E o Mercado de pulgas de Clignancourt!
Mesmo que você ainda se considere um jovem cheio de vigor e de delírios e ainda disposto a tocar fogo ou a colocar uma bomba no mundo, convide sua bisavó e assistam. Nas entrelinhas da discussão aparecem também outras curiosidades... sobre a furada e a desventura hiperbólica em que estamos metidos...




 







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