sábado, 9 de outubro de 2021

AS ARMAS... esses vigorosos 'símbolos fálicos'... e a hipocrisia geral...

"Numa tremenda crise de nervos, quando faz o gesto melodramático de rasgar o lenço, a mulher já tem em mente se ele é de cambraia ou de algodão, bordado ou liso, novo em folha ou muito usado. Se for de cambraia, bordado e novo, dificilmente o inutilizará..." P.




Na semana que passou o chamado Comitê de Direito das Crianças da Organização das Nações Unidas ONU, fez criticas e pediu punição ao Presidente Bolsonaro por este, como se fosse um representante de Herodes, ter aparecido com uma criança fantasiada de militar e exibindo uma arma de plástico.
Por coincidência, naquela mesma semana estourou o escândalo da pedofilia na França. Escândalo que acusava padres e educadores de instituições católicas de terem, nas últimas décadas, abusado sexualmente de 330 mil crianças. Fato sobre o qual, os doutores da ONU, defensores incontestes da infância, fecharam o bico e não deram um pio.
Outra coincidência: naquela semana também aconteceu a Feira de Armas de Moscou, onde o publico infantil era visivelmente predominante. Onde crianças entravam fascinadas nos tanques de guerra e com os olhinhos brilhando de maldade simulavam enviar granadas sobre suas escolas, sobre as casas das 'tias' e até na direção das galáxias...além de  manipularem metralhadoras e fuzis de todos os tipos e calibres. Os senhores da ONU, que adoram ficar excretando opiniões e sucedâneos da moral sobre o Terceiro mundo, silenciaram também diante desse "crime universal do Putin contra a infância".
Moral da história: eleitos para aqueles cargos ninguém sabe como e nem por quê, gostam de ficar fazendo demagogismo e pisoteando nações em desenvolvimento, ao mesmo tempo em que, por detrás dos bastidores, ficam de quatro para nações que seriam capazes de, a qualquer hora, e até por uma bagatela, despachar certeiramente um míssil sobre seus cornos...
E por falar em armas, o maior legado que trago de minha casa paterna, foi aprender a atirar. Morávamos num casarão de madeira, daqueles pintados de amarelo, com venezianas esverdeadas e de três andares onde, praticamente atrás de cada porta havia pendurada uma arma, e dos mais variados calibres. (A estas alturas, os lacanianos já começam a sentir comichão). Meu irmão, que era canhoto, sabia atirar como ninguém a ponto de com um revólver de qualquer calibre abater até uma borboleta no ar, em pleno ziguezague... Na escadaria que levava para o último andar (sotão), lembro que havia uma foto da Clara Petacci, (a Claretta) a última amante de Mussolini, com quem trocávamos olhares de malicia antes de subir para dormir...
Principalmente na primavera, lá pelas 10 horas da manhã, uns gaviões  soberbos e altaneiros costumavam pousar na galharia de uma peroba que havia a uns 80 metros da loja de meu pai. Quando o via lá, ele me indicava uma Winchester e me desafiava:
- Vamos ver como está tua pontaria...
Com uns 9 anos, com aquela espingarda em punho, a coronha apoiada no ombro direito eu me sentia transbordando de auto-estima e de amor próprio. A italianada me observava apreensiva enquanto eu a engatilhava com as duas mãos para, em seguida, encostado no umbral da porta, colocar o alvo no centro da mira e ficar por uns momentos admirando fascinado aquela máquina voadora perfeita, parente dos carcarás e com aqueles olhos e bico fulminantes. Meu coração palpitava mas, como minha cumplicidade era sempre com o gavião, no instante de puxar o gatilho eu o tirava de foco. Via a bala arrancar pedaços de casca do galho onde ele estava pousado e que ele alçava voo, meio indignado e soberbo, por sobre aquela selva intacta e imensa que ia dali até os limites del chaco paraguayo.
Meu pai ria como se tivesse entendido minha tramóia. Passava-me a mão carinhosamente pelos cabelos e decretava que eu, apesar de ter errado o alvo, estava condenado a ser um grande atirador.

Minha alegria era indisfarçável. Uma alegria que nem o circulo vicioso escolar, (aquele panteão de trambiques e de verbos) e nem as fábulas religiosas repetidas obsessiva e inutilmente pelas 'tias', me haviam propiciado...






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