domingo, 10 de outubro de 2021

Agora, os picaretas começam a culpar o vírus também pelos transtornos mentais...





"O encanto desta ciência é o desconhecido, o abismo, o impenetrável..."

Émile Boutroux


Depois de atribuirem a falência econômica, a falência sanitária, a falência educacional, moral, científica e até sexual à pandemia, agora os picaretas de plantão e os confrades internacionais, prevendo o retorno à 'normalidade', começaram a justificar-se e a culpabilizar o vírus (que ninguém sabe de onde veio, se é que realmente veio) também pelos transtornos mentais. Começam a aparecer resultados de pesquisas por todos os lados do planeta atribuindo à pandemia a responsabilidade pelo fracasso geral, incluindo aí as depressões e os desvarios. Tudo bem, por um  lado precisa-se negar que vivíamos adormecidos num mundo de Alice, sucateado e meia boca; e por outro, os pesquisadores precisam ganhar seu dinheiro, continuar indo de um continente a outro para tomar um cafezinho com seus confrades, trocar considerações e opiniões sobre a Bela Adormecida; ficar gravitando ao redor das mesmas bagatelas durante décadas e, por fim, republicar seus 'papers', às vezes, até nos mesmos periódicos ou 'magazines', apenas com um titulo mais transado... Tudo bem, me tranquiliza o Mendigo K., é a bela adormecida... a alienação em que estamos metidos, mas sempre que se vai falar sobre este assunto, é importante não esquecer que o mundo, durante séculos, já foi um Shangrilá de dementes... Mas agora, no inferno do confinamento, não se pode confundir tristeza com depressão...

 Sim, foi o vírus! A culpa é do vírus! 

Foi o confinamento; a ausência de conluios sociais; a falta de surubas. Foi o fechamento das universidades e dos shopings; o esvaziamento das igrejas e dos motéis; a qualidade da maconha, da cachaça e da  cocaína; a diminuição das churrascadas. Não se briga mais nos condomínios; não se passa as manhãs inteiras nas filas dos hospitais naquelas posturas incomodas implorando por uma consulta e testemunhando o calvário e o relicário de sofrimentos e de desilusões dos médicos e dos pacientes e, o mais prejudicial de tudo: não se vai mais ao trabalho. Sim, a servidão voluntária (mesmo nos absorvendo a vida), nos faz uma falta imensa e é ela, com certeza, que tem turbinado as estatísticas dos pesquisadores.

Lembram da frase: Arbeit macht frei? que os nazis escreviam na entrada dos Campos de Concentração? Por incrível que pareça, muita gente ainda continua acreditando que o trabalho liberta e que nos momentos críticos da vida é ele a nossa tábua de salvação. Daí se pode deduzir, fazendo um contraponto às pesquisas, que o transtorno mental é bem anterior ao vírus...

Além disso, se um sujeito de 30, 40, 50, 70, 80 anos se desequilibra e enlouquece por um confinamento de 2 anos, é porque realmente nunca esteve muito equilibrado e nunca foi muito 'normal'.

E depois, vamos admitir: a saúde mental nunca foi prioridade de governo nenhum e de sociedade nenhuma! Pelo contrário, foi sempre um tabu, com os 'loucos' sendo pisoteados e banidos... mesmo se sabendo que ao nosso redor tudo está espontaneamente organizado para desequilibrar o sujeito, para fragiliza-lo, cindi-lo e para submetê-lo. Acreditem: com os protocolos políticos, trabalhistas, burocráticos, religiosos, econômicos, familiares e morais vigentes, não é difícil fabricar um louco! E agora, com um vírus que tem um DNA próprio... E sobre assunto 'tão intimo',... nem sequer uma vaga inquietude... e sempre um silêncio religioso... 

E vão ver o orçamento dos Ministérios de Saúde nas últimas décadas, mundo a fora! Tentem encontrar um apoio psíquico - emocional aí em vossa cidade, aí em vosso país. Nada! Não há nada. A não ser um ou outro hospício funcionando nos moldes medievais dos Bîmâristâns; uma ou outra chácara de fanáticos esotéricos onde os doentes são confinados e onde se pode ler por todos os lados as bases terapêuticas daquele lugar: Ora et labora!... Ou, a não ser que tenham um bom dinheiro para frequentar um oráculo, para pagar um guru 3 X por semana e para comprar medicamentos que até hoje, como a ivermectina, não se sabe muito bem para que servem, como funcionam e nem mesmo se funcionam..

E não adianta iludir-se e querer dar uma de 'revolucionário', porque, como escreve Corinne Maier:"Nada se pode esperar de uma revolução, já que a humanidade não cessa de repetir os mesmos erros: a papelada, os chefes mais do que medíocres e, nos períodos um pouco mais quentes, quando as pessoas se enervam a sério, os patíbulos..."

Patíbulos! Que nome bizarro!




 






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