"Onde houver uma mescla de religião e de barbárie, é sempre a religião a que triunfa; mas onde a mistura for de barbárie e de filosofia, é a barbárie que leva a melhor..."(Rivarol)
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De madrugada, enquanto rabisco o Segundo Capítulo de meu livro : VADEMECUM - O livro sagrado dos vagabundos, dois bêbados passam sob minha varanda e vão discutindo calorosamente sobre a situação do Afeganistão. Ficar do lado dos Estados Unidos ou do Talibã? Eis a questão? É mais ou menos como ter que optar entre o Lula e o Bolsonaro, respondia o outro. Mas nós, pelo menos temos uma alternativa, o Ciro, replicava o primeiro, entre uma convulsão e outra. O Ciro? Mas o Ciro já se deixou fotografar até com a Bíblia numa mão e a Constituição na outra. O que se poderia esperar dele?
A madrugada estava mais silenciosa do que um cemitério. Acompanhei aqui do alto aqueles dois pinguços que iam abraçados, sem muita convicção e em ziguezague. Sentaram no meio fio. Nova York ou Cabul? Insistiu um deles? Como resposta, o outro retirou meia garrafa de vinho do interior de um casacão de inverno e, entre risos e niilismos, deram três ou quatro goles antes de reiniciar a caminhada... Já quase desaparecendo na esquina de um prédio, um deles segurou o outro pelo ombro e bradou, em latim: Semel Malus semper presumitur malus! Ao que, entre gargalhadas, o outro traduziu: Quem te fez uma patifaria, repetirá a façanha... E seguiram, ébrios e perdidos para o fundo da noite...
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