O teatro e o escândalo que o mundo assistiu nos últimos dias com a saída de Messi (um jogador de futebol) de Barcelona para Paris, e o valor de seu salário mensal, coloca definitivamente uma pedra sobre toda e qualquer masturbação ilusória de racionalidade e de civilidade no mundo.
Como é possível que chegamos a esse nível de imbecilidade? E, com uma aberração dessas, não adianta o planeta ficar cacarejando sobre vacinas, sobre imunidade, sobre ciência, saúde, sobre democracia, sobre humanismo, sobre intelectualismo, sobre igualdade racial, sexual, espiritual, celestial e outras baboseiras... Não adianta ficar cinicamente inaugurando novas penitenciárias, novos manicômios e novas catedrais...
O salário do Messi, (18 milhões mensais) num planeta parasitado por uma gigantesca maioria de fodidos e de miseráveis, com a periferia das grandes cidades habitada por gente mergulhada numa desgraceira sem fim e que vive literalmente na coprofagia.., é uma prova de que somos uma espécie cretina, retardada, fixada num estágio juvenil esquizoide; cruel; demagoga; fanfarrona; burra; despirocada e mitomana.
Salário anual do gênio da bola: $: 18 milhões mensais.
Preço do Tomógrafo computadorizado que ficou encaixotado por dez anos aqui no principal hospital da cidade, enquanto muita gente era comida pelo câncer: $: 3 milhões.
Salário do casal de lésbicas que na semana passada, lá no RS, colocou o filho de uma delas, um menino de 3 anos, numa mala, e o jogou num rio: menos de $: 3 mil... (O crime é cinematográfico. Penso no mIto de Moisés abandonado dentro de um cesto de papiro às margens do rio Nilo e também em Rômulo e Remo vagando pelas correntezas do Tibre... Será que essas loucas sabiam alguma coisa sobre isso?)
Salário mensal dos especialistas do SUS: $: 5784,00
Aposentadoria de 90% dos velhotes: $: 1.700,00.
Bah! E diante de uma irracionalidade destas, nem precisa ser um terrorista delirante, Stalinista, Bakuninista, membro do PCC ou pertencer à Camorra para sentir uma chispa de vergonha irradiada na cara...Quê canalhice! Quê atraso! Quê incultura! Quê apatia de pés-de-chinelo! Quê obscurantismo! Quê espetáculo de asnos e de brochas! Decididamente, je ne suis pas ton frere!
Como diria Campos de Carvalho: "Sinto asco das coisas mas ao mesmo tempo certa piedade, é como se Tudo e Eu fizemos parte de um só mundo, perdido e sem esperança, porém inocente. Mas isto não me impede de urinar sobre o que deva ser urinado, muito pelo contrário..."
Enquanto cuspo labaredas sobre o mundo, (mas sem perder a ternura jamás), ali na casa de esquina, numa janela invadida por musgos e trepadeiras, uma moça de origem misteriosa se espreguiça ao sol, olha alienada para o movimento da rua e vai cantarolando Una notte a Napoli...
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