sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

A importância das janelas...

Praticamente um ano enjaulados! 

Que esta miséria e este horror sirvam para entender que as cadeias, as penitenciárias, os calabouços, os hospícios, toda essa parafernália estúpida de uma sociedade e de um Estado vingativos deve ser banida do mundo. E que enjaular um sujeito, seja ele um homem ou um rato, (pelo motivo que for), é uma cretinice abominável.  Mas, não quero aprofundar-me sobre este assunto porque, como dizia Jerome K. Jerome: "Não vou despejar sobre você tudo o que sei porque não quero encharcá-lo de conhecimento..."

Nestes meses todos, tenho sido salvo pelas janelas. Ir à janela é a  oitava maravilha do mundo! Não há tristeza e fúria que não se apazigue... Nesta manhã, por exemplo, ao abrir a vidraça e ao sentir além do sol e do vento in natura, o cheiro de uma queimada, foi um alívio e um bálsamo! Ervas queimando nos arredores da república! Ou seria a própria república? O cerrado em chamas ou seria simplesmente o fogaréu ali sob um viaduto, ao redor do qual quatro ou cinco indigentes fumam maconha enquanto outros ainda jazem num sono tão profundo como se estivessem em coma?

Quem já leu a obra de João do Rio (A alma encantadora das ruas), encontrou lá, nas crônicas da vida no Rio de Janeiro do século passado, relatos curiosos sobre a relação dos cariocas daqueles tempos com as janelas.

"O carioca vive à janela. Não é certa classe; são todas as classes. Há um bairro elegante, o único em que há menos gente às janelas. Mesmo assim, trinta por cento das casas nas ruas mais caras, mais cheias de villas em amplos parques, haverá desde manhã cedo gente às janelas.(...) Pela manhã, ao acordar, o dono da casa, a senhora, os filhos, os criados, os agregados, só têm uma vontade: a janela. Para quê? Nem eles mesmos sabem..."(p. 10)



Um comentário:

  1. Espero não contrair o vírus mas o fato é que desde o início da pandemia eu não deixei de sair à rua um dia sequer. Sorte ou não a vida é apenas agora! "Cuidado" com as generalizações...

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