Vargas Vila
(IN: Horário reflexivo, vol. 26, p. XIX)
Depois da ministra da Saúde do Sri Lanka (a senhora Pavithra Wanniarachchi), que na semana passada defendeu o uso de uma poção mágica a base de noz moscada e mel para combater o coronavirus, (segundo ela, e seu feiticeiro, a ingestão dessa pasta, protegeria o sujeito do vírus para toda a vida); agora foi o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro que no último domingo apresentou aos venezuelanos o seu bálsamo para conter a epidemia: Umas gotinhas milagrosas, às quais deu até um nome que impressiona: Carvativir.
Charlatanismo metafísico! E não foi por acaso que seu pronunciamento televisivo foi feito num domingo, não é? Mas o mais curioso, é que muita gente que hoje está rindo desses receituários esdrúxulos e exóticos, também têm em casa suas gotinhas milagrosas para outros e litúrgicos fins, não é verdade? Quantos e quantos picaretas metafísicos, desde seus altares, púlpitos e tronos, fazem coisas semelhantes por aí, e até piores e mais delirantes, não só com a promessa de curar o corpo, mas principalmente a alma. E não só de garantir mais uns anos de vida, mas de assegurar a própria eternidade...
Quem é que não se lembra do charlatão Alejandro Abonutico que durante a Peste Negra na Itália, vendia pequenos poemas (oráculos, orações) para combater a peste? Bastava as famílias pregarem os "poemas" nas portas e janelas de suas casas para que a Peste não entrasse... Dio Mio!
Pode até ser exagero, mas isso me causa uma misteriosa vergonha...
Sinceramente, a pandemia veio mostrar-nos o quanto estamos imbecilizados e entalados na Idade Média e que, governados por esse tipo de gente, conseguir viver 40, 50, 60, 70, 80 anos tem sido um verdadeiro milagre... Sorte que ainda se pode ouvir a Sonata número 10, de Paganini...
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