"Há cento e noventa anos possuíam os portugueses esta terra e não haviam ainda construído as suas pontes..."
Padre Vieira
(na Oração a S. Gonçalo)
Desde os tempos das caravelas lusitanas; de Gregorio de Matos e da Irmã Dulce, a Bahia tem nos brindado com fatos antropológicos fascinantes. Na semana passada, foi um turista, não se sabe se português ou árabe (o DNA é o mesmo) que, estando hospedado em Salvador, no hotel Monte Pascoal, na Barra, passou a jogar dinheiro pela janela. Uns 15 mil reais em notas de 100 e de 50. Dizem que as notas iam planando e ziguezagueando pela Avenida Oceânica, no meio da brisa salgada do mar; umas se perdiam sobre as marquises corroídas pela maresia, outras eram arrastadas pelo vento até pousarem delicadamente sobre os carrinhos e os panelões ferventes dos acarajés... e dos potes abertos do Vatapá... A rua, segundo os jornais, ficou entulhada de gente de todos os pedigrees e o dia inteiro. As baianas do Caruru desligaram os fogareiros, os guias de dinamarquesas abobalhadas, voyeurs & centenas dos vadios-errantes (aqueles descritos por Flaubert), correram para a lateral do hotel e passaram o dia gritando, dançando, invocando seus orixás, com os olhos cravados na janela do anônimo Robin Hood, esperando que o surto reiniciasse...
Depois das imagens (2017) daquele apartamento/bunker lotado de dinheiro, e agora dessa chuva misteriosa, Salvador entrou para o radar dos que só pensam na buena-dicha, na buena-fortuna e na tal prosperidade... muita gente, só por curiosidade e por consolo, até voltou a ler a História da Riqueza do homem, do Leo Huberman...
Mientras tanto en Bolívia
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=rlyHHG6ayf0