domingo, 13 de setembro de 2020

A volta às aulas e as brochuras didáticas...


"L'ange de l'apocalypse ne dit pas: il n'y a plus de temps, mais: il n'y a plus de délai..." (O anjo do apocalipse não diz: "não há mais tempo", mas: "não há mais limite de tempo")

Cioran




 Nos corredores das chamadas Câmaras Legislativas, Ministérios e até entre os taxistas, não se fala em outra coisa a não ser na tal VOLTA ÀS AULAS. Evidentemente, essa pressão e esse lobby não é por amor ao conhecimento e muito menos pensando no porvir dos milhões e milhões de crianças e de adolescentes que, para escaparem ao vírus, estão há uns seis meses trancafiados em casa, em pleno onanismo, enchendo o saco de seus pais e a espera de que a ciência, com seus magos, alquimistas e vivaldinos interrompa a hibernação e coloque de vez uma bota sobre o vírus e sobre a pandemia. O que incomoda a esses testas-de-ferro do comércio planetário é a queda do PIB relacionada aos produtos que essa imensa população mundial (futuros padres, advogados, militares e burocratas) indo às aulas, consome. Tênis, mochila, lápis, uniforme, merenda, água, transporte, papel (higiênico), brochuras didáticas, réguas, alugueis, salário das "tias", impostos e etc....  E já que mencionei as brochuras didáticas, para não ser repetitivo, vou ficando por aqui...  

Está na cara que os chefões anônimos estão usando a plebe e as crianças para aplacar a voracidade do vírus enquanto eles, refugiados nos confins de suas ilhas ou no alto de suas coberturas, assistem entediados aos funerais coletivos... Ou, neste  festival de horrores, você já viu as exéquias de alguns deles?

Enquanto isso, as escolas (com seu staff amador, seus chicotes, seus muros, cercas, sirenes, porteiros e cadeados, inspetores, câmeras, crucifixos e bedéis), que na sua maioria já tinham um perfil e um aspecto de FEBENS e de penitenciárias, estão aproveitando, umas, para se acomodarem na condição de refugio de homeless e de ratos e outras, para ruírem de vez.

Em síntese: se tudo (antes da pandemia) já estava no limite da embromação e da mediocridade, imaginem como deverá ser a volta... Um dia, será necessário que alguém peça desculpas a essas crianças... Mas aí, já será tarde...

Um comentário:

  1. Mesmo passando o resto da vida nos desculpando com essas crianças nunca mereceremos tal perdão.

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