Ontem, quem assistiu à posse do Ministro Fux na presidência do STF, ficou meio embasbacado com o discurso do Procurador Geral da Republica, a respeito dos méritos, das qualidades e da honra do novo chefe daquela casa. E foram tantos minutos laudatórios, de elogios, de hosanas, de panegíricos e de exaltações, que chegaram a causar enjoo. Fux, apesar de estar usando máscara, ficou completamente desnudado diante do país e das outras excelências. Um corolário de sucessos, méritos, honradez, prêmios condecorações, quase uma declaração de santidade. Ridículo! Isso tem efeito contrário sobre as massas...
Eu, que por coincidência, no momento em que a solenidade começou, estava lendo Gregorio de Mattos, ficava me perguntando: o que diria disso Gregorio de Mattos? E disso?.. E disso?...
Sinceramente, esse costume de queimar incenso e de bajular que nos é peculiar, tem colaborado com a condição nacional deplorável em que nos encontramos. Não tem sentido. É ridículo! Lembra a Nelson Rodrigues... Parece uma necessidade de compensar alguma coisa que nos falta. Queima o filme até de quem está sendo elogiado. Coloca o resto da manada contra ele, faz com que os que ficam na sombra pretendam envenenar suas raízes...
De onde nos vem essa necessidade?
Estou cada vez mais convicto de que, principalmente no curriculum das faculdades de Direito, é necessário e urgente incluir, do primeiro ao último ano, a cadeira de psicanálise. Freud! Bem mais Freud do que Padre Vieira e do que Beccaria...
Bem mais linguística do que latim! Bem mais antropologia do que teologia!
E por falar em Freud, o senhor procurador concluiu seus exagerados elogios, com uma impertinência ainda mais impertinente: dirigiu-se ao ministro Fux com a saudação popular judaica, Shalon! e com mais uma palavra complementar em iídich, que não consegui identificar.
Tudo bem, foi uma simpatia tropical a mais, mas ninguém sabe o que esse espontaneísmo pode ter causado no resto da corte e dos ministros, eles que, como nós, mesmo não sendo anti-semitas, passaram suas infâncias inteiras ouvindo de seus pais e avós católicos, que os judeus teriam sido os responsáveis pela crucificação de Cristo... e, principalmente o que pode ter causado na vice do Fux, a senhora Weber, que descende de uma erudita família alemã... (Lembram de Max Weber?) E sem falar que, nas paredes do ambiente onde transcorria aquele show, (contrariando as regras de um Estado laico), estava pendurado um crucifixo de quase meio metro...
Os judeus, que conhecem muito bem todas as armadilhas das quais seus ancestrais já foram vítimas e que costumam identificar anti-semitas até por telepatia, passaram a noite se perguntando se aquela intimidade fora de contexto e exagerada teria sido um sinal de adesão ou uma denúncia?
Boa, Bazzo! São uns canalhas como sempre em toda a história dos togados.
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