quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Flordelis...

"...A veces la amiga, cuando sufría apuros económicos, se dirigía al retrato del almirante: Ay, abuelo. Por que no robaste un poquito en Cuba? Mira a dónde nos ha llevado tu decencia!"
Maria Teresa León
(IN: Memoria de la melancolia, p. 78)



 Flordeliz, pelo menos aqui em Brasília, está sendo olhada com outros olhos depois que veio a publico sua declaração de que: "na noite em que seu marido foi assassinado, havia passeado com ele pelo calçadão e pelas areias de Copacabana, depois, foram para o carro, se deram umas mordidas e rumaram para uma rua mais ou menos deserta, onde namoraram.., ela sentou no capô do carro e treparam". Que maravilha! Isso vindo de uma pastora tem algo metafísico e especial... 

Dois pastores trepando sobre o capô de um carro, numa rua semi deserta, com uma fila de outros casais fazendo a mesma coisa... 

e com o mar lambendo libidinosamente as areias e se estrebuchando em desespero nas pedras... e o Cristo, petrificado lá no alto, em sua pose de indiferença, assistindo a tudo com o mesmo desprezo com que assiste, a  outros "amores", os tiroteios, às chacinas, a roubalheira, e tantas outras variações da putaria universal... Talvez, até ele já tenha concluído que naquela comilança dos pastores, poderia estar a única chance possível de iluminação e de transcendência!

Quem é que não gostaria de ter como correligionária uma deputada como aquela ou de frequentar uma igreja comandada por alguém como ela?   

Gostaria imensamente de saber o que sentiram os milhões e milhões de donas de casa, ocupadas há séculos apenas com as panelas, com as vassouras e com os varais, ao ouvirem a noticia. Elas que já não sentem o calor de um capô há décadas, nem mesmo em casa, com as luzes apagadas e sem a voz do Faustão emergindo das sombras...   Percebi que até a repórter que deu esta noticia, tremelicou a voz. De tesão ou de pudor?

Eu, que tenho aqui uma prateleira inteira de minha biblioteca só sobre mulheres, revolucionárias, intelectuais, poetas, místicas, estelionatarias, executivas, travestidas de Madre Tereza, farsantes, delirantes, perversas, professoras, feministas, carolas, santas, putas, loucas... não lembro de ter lido nenhuma declaração tão eloquente e sequer parecida com esta e mais, feita numa delegacia de policia! 

O Mendigo K., que estava na fila do Mac Donald, me perguntou: Bazzo, como não sentir uma simpatia especial por uma mulher como aquela? E afirmou que todos os de sua classe social (o lupemproletariado) está apostando em sua inocência e se convertendo...

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A propósito: com votos da esquerda, da direita, do centro e até do além, está praticamente "perdoada" a dívida das igrejas para com o Estado, no valor de 1 bilhão. Estaria havendo um ecumenismo entre as seitas partidárias? Mas... não éramos um Estado laico?

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