sexta-feira, 18 de setembro de 2020

É bom que os bandidos saibam que não sou uma santa...


 Fiz um esforço imenso para assistir a entrevista que a Ministra Damaris concedeu ontem à noite a um canal de tv.

Acreditem: ela não é a beata bobinha e sexualmente congelada que os das seitas contrárias propagam. Tenho certeza que, se fosse necessário, daria um baile de perspicácia, de dialética e até de malandragem nos bobalhões delirantes, filósofos e sociólogos de plantão.

Para o evento, chegou até a vestir uma camisa vermelha e pintar-se os lábios de carmim. 

Falou sobre tudo, inclusive sobre a Damaris criança que foi abusada sexualmente e que teve uma visão transcendente do alto de uma goiabeira. Mas sem frescura e sem choradeira. Numa boa. Nem santa nem mártir! Como quem sabia muito bem quais eram as intenções do entrevistador e as fantasias dos espectadores... Não foi sectária, nem no campo religioso e nem no politico. Deixou nas entrelinhas que poderia, se fosse necessário, rodopiar num centro de Umbanda ou flertar num  bando de esquerda e até de encarar meia garrafa de vinho tinto, sem grandes problemas... Como mulher, deu a impressão de ser bem mais "mala" do que muitas donas de casa enrustidas e do que muitas feministas histéricas... Garantiu que transita bem entre a gerontocracia e que conhece a fronteira entre a política e a religião, que sempre defendeu um Estado laico e, quase sedutoramente, mandou um recado: é bom que os bandidos saibam que não sou santa. 

Alguma coisa nela, não sei se num gesto ou num olhar, parece denunciar que sabe que: o ódio da esquerda aos de direita e dos da direita aos da esquerda não é ódio, é rivalidade. Já que os dois bandos vivem empenhados em conduzir sozinhos o rebanho... e em tosquiá-lo... Em outras palavras: que os néscios se estimam entre si...

Mas o principal da entrevista foi nos últimos momentos, quando o entrevistador indagou-lhe sobre suas pretensões políticas futuras:  o senado? o STF? Ou a vice-presidência da república?

Ela, com uma coreografia de pastora mas, sem esconder as subtilezas de uma vaidosa balzaquiana, deu uma resposta mais do que metafísica: nada disso! Gostaria de ser uma astronauta... de ir para o Espaço... E de  ficar por lá mesmo...

Admirei a Ministra!

Já era madrugada, os galos já estavam quase cantando... voltei a ler Emma Goldman.

5 comentários:

  1. Admirei a ministra!?? Que papo é esse?? Por mais que essa frase ficou ali no presente/passado...
    Só for pra admirar alguém que seja o Gagarin!

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  2. A Damares é seu prazer imorredouro. Às vezes, meu caro, você não enxerga a desobediência, tão fulgorosaàs às suas vistas.

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    1. Parabéns. Sabe muito dela... Eu por exemplo nunca vi essa meliante na minha vida, não sei nada dela... Só me aparenta que não raspa a chana desde o tempo da discoteca, tipo barba de bode da vera fishcer coroa na Playboy... mas só acho

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  3. A Damares é seu prazer imorredouro. Eu até entendo, haja vista a sua perspectiva culpabisista. Às vezes, meu caro, você não enxerga a desobediência única e fêmea, tão fulgorosaàs às suas vistas.

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