Noticias de Madagascar... E o CASO SILVIO ALMEIDA?

"La critica destruye la mentira de las palabras con otras palabras que, apenas pronunciadas, se congelan y se convierten de nuevo en máscaras..."

Carlos Fuentes

(IN: Cuerpos y Ofrendas)

Minha correspondente de Madagascar, que já defendeu uma brilhante tese sobre a Inquisição e o Malleus Maleficarum, enviou-me uma longa carta, querendo saber notícias do caso. E o SÍLVIO ALMEIDA? E as mulheres que teriam sido abusadas? e a Justiça? E as conclusões?

É importante, - diz ela - que para a sobrevivência do desejo, da libido, do tesão e da saúde mental dos homens e das mulheres, não se permita que o assunto se dê por terminado, apenas com a demonização de uns e com a santificação de outros. Principalmente em assuntos que envolvam sexo, poder e dinheiro, não se pode ficar roendo sempre o mesmo osso e insistir no simplismo babaca e vira-lata de: comigo é 8 ou 80! Porque qualquer idiota sabe que entre o 8 e o 80 existem outros 72 números. Me entende? E essa história de silenciar sobre os fatos (por pudor ou por malandragem), o tal SEGREDO DE JUSTIÇA, a manutenção do caso sob sigilo (depois que já aniquilaram com os envolvidos), isso foi uma tática dos inquisidores cristãos do passado e das recentes ditaduras latino americanas que resultaram no desaparecimento de milhares de presos políticos no Chile, na Argentina, na Bolívia, e aqui no Brasil... Sim, toda aquela merda falsificada está até hoje sob "segredo de justiça". Ou não?

Saber tudo, Bazzo! Agora é necessário saber tudo! E em detalhes, mesmo que sejam eróticos. Como é que se deu o assédio! Foi com as mãos ou com a língua? A mão esquerda ou a direita? Em pé ou na horizontal? Com gozo ou sem gozo? Depois de uma garrafa de Veuve Clicquot ou de meia garrafa de cachaça? Num avião, indo para as ilhas gregas, nas cachoeiras de Pirinópolis, ou na garagem dos Ministérios? Em troca de um DAS VI ou de uma promessa de noivado?

 É importante - insistia ela - que esse caso não fique só na esfera das tetas, das coxas e dos genitais (pois isso é um engodo e uma obsessão de impotentes e de frigidas), mas que se aproveite para entender a psicopatia estrutural não apenas dos envolvidos, mas também do serviço público e de seus atores. Dessa confraria de compadres, de amigos, de sócios, de correligionários, de invejosos, de amantes, de parentes,  de cúmplices e de dinastias que, de cinco em cinco anos se substituem nos subterrâneos e nos gabinetes da suposta república que, na verdade, funciona ainda como uma reacionária e caduca monarquia.... 

Por hoje, é só. Aguardo notícias.

Por aqui, muito sol e muito mar! Terminando de ler Carlos Fuentes à sombra de um baobá (a árvore da vida).