Lula, fazendo um discurso brilhante e relativamente subversivo lá na tal "Cúpula do Futuro", por falar um minuto a mais do que o permitido, e precisamente no auge, no clímax e na eminência do gozo de sua fala, teve seu microfone cortado e ficou falando às moscas.
E isso não foi apenas uma indelicadeza, como está resmungando por aí a turma de sempre, foi, simbolicamente, uma amostra de como essa gerontocracia cretina agirá no futuro. E digo 'no futuro', apenas para valer-me do título do evento, porque na realidade, o presente já está organizado como se fosse um imenso aprisco, onde a ração é tudo e onde a fala o texto e a expressão estão devidamente patrulhados e interditados. Ou não?
Sem perceber, Lula prosseguiu em sua fala, brilhante, mas teatral, quase messiânica e inócua, a mesma de cinquenta anos atrás, com mais três ou quatro frases... e a platéia de lacaios e de clows, aqueles representantes dinásticos, direta ou indiretamente responsáveis por parte das desgraças e misérias do mundo (reunida lá para, ironicamente, debater o futuro da humanidade), aplaudia e ria com o canto da boca, (uns) cagando para o que estava sendo dito e (outros) sem saber do que se tratava...
Para quem ouvia atentamente e entendia o palavrório do Lula... o corte de seu microfone, aquela agressiva interdição, no auge e nos momentos finais do discurso, tinha o mesmo significado, o mesmo sentido e causava a mesma frustração e desconforto irremediável de um coitus interruptos!
O Mendigo K, que assistiu aquela patifaria, lembrou da Domitila, aquela indígena boliviana dos anos 90, que tentando denunciar o horror vivido no interior das minas daquele país, era brutal e sistematicamente calada pela ditadura militar... Si me dejan hablar!
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