Lina Furlan
Nada de novo!
A ironia e o sarcasmo (e até o eventual uso das cadeiras), que era o que havia de melhor nos tais monólogos, foi interditado. Coagidos por uma suposta civilidade, o blá,blá,blá do debate ficou ainda mais maquiado e ainda pior. O lero-lero ficou ainda mais mole, mais pastoral e mais messiânico. Só a turma da mídia parecia verdadeiramente febril e excitada. Um pelotão de jornalistas, com seus smart fones, com suas câmeras, suas frases decoradas e com as perguntas do chefe de redação na ponta da língua... Quase tudo transcorreu naquele bon-ton de um grêmio estudantil, quando os estudantes sabem que a megera da direção está ouvindo tudo nos bastidores. E nenhuma palavra sobre o Flavio de Carvalho e nem sobre as espumas murmurantes do Rio Tietê... Que teimosia e que pobreza!
A única coisa que salvou aquele teatro melancolicamente burocrático e farsesco foi a Tábata, com seu Pretinho Básico (da Chanel).
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EM TEMPO: Uma das candidatas (Maria Helena) insistia em denunciar o alto número de aspones que parasitam os governos, tanto os municipais, como os estaduais e os federais. O Mendigo K, ao ouví-la, ia resmungando:
- Ela esquece que ainda somos simulacros de monarquias! Precisava saber que Maria Antonieta lá na França, com 14 anos "já tinha à sua disposição: 16 criadas de quarto, recrutadas das fileiras da alta burguesia local; uma centena de criados para administrar suas finanças e cuidar de sua casa; 200 criados para supervisionar os serviços de suas refeições; um pequeno quadro de sacerdotes para atender às suas necessidades espirituais; seis cavalariços; nove porteiros; dois médicos, quatro cirurgiões; um relojoeiro; um tapeceiro; 18 lacaios; um mestre de esgrima e dois areeiros...". Apesar de todas essas frescuras e benesses, vinte anos mais tarde, a ruivinha austríaca perdeu a cabeça na guilhotina...
E completou: e depois, fingem não entender as origens da recente trapaça do Macron!
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