Está todo mundo impressionado aqui em Brasília, com a notícia de que o pastor e Ministro da Educação teria solicitado a outros pastores, em troca de favores políticos, um quilo de ouro.
De quantos quilates? E o que faria com todo esse metal? Brincos? Colares? Pingentes? Alianças? A idéia seria religiosa? Fazer um Novo Pacto e uma Nova Aliança com os irmãos? Exclamam e se perguntam envergonhados, injuriados e decepcionados, não apenas os de sua seita, mas também os da seita anterior e os das outras (que são muitas!). Mas o fazem mais por amnésia, por moralismo e por ingenuidade, do que por outra coisa.
Pois está mais do que demonstrado que os deuses, mais do que quaisquer outros, têm uma tara especial por ouro. Adoram bajulações auríferas! Não acreditam? Visitem as igrejas de Minas Gerais, da Bahia, de Portugal, as de Toledo, na Espanha, as do Vaticano e até a Notre-Dame dos ciganos, em Chartres, etc, todas recheadas desse ordinário metal. Estatuetas e cruzes e altares cobertos por finas e delicadas camadas daquele que foi rapinado daqui, da Bolivia e do Peru, para o luxo e o deleite das divindades e de seus procuradores. E nem é necessário mencionar outra vez o esquisito Bezerro de ouro, engendrado com as doações de anéis, brincos e badulaques das beatas daqueles cafundós espiritualmente desnorteados... Sim, os deuses também são vidrados e têm paixão pelo vil metal.
Que o ministro e pastor tenha clandestinamente solicitado um lingote dourado, não é coisa de outro mundo. Ele, como ex-reitor de uma famosa universidade e homem honrado, sabe o que está fazendo. Afinal, dos Ministros que o antecederam neste século, quem e que se atreveria a atirar-lhe a primeira pedra? E depois, estamos ainda no meio de uma pandemia e de uma guerra... e o que é um quilo de ouro nestas circunstâncias? Principalmente quando sabemos, ele pode nos abrir os portais tanto da luxúria mais fantasiada como os do Paraíso mais idealizado. Sem falar das alcovas VIP da vida eterna. Não é verdade?
Muita gente crente e simplória está torcendo para que tudo isso não passe de outra grande calúnia, apesar de que, como evangelizadores e propagadores 'Da Palavra', os envolvidos não terão dificuldades alguma para explicar-se, já que devem conhecer além das parábolas clássicas, também aquilo que escreveu Albino Forjaz de Sampaio:
"Por dinheiro tudo se compra. As bênçãos das santas e o crânio dos heróis, a camisa de dormir da tua noiva e o rosário do teu confessor. Ciganas e écuyères, saltimbancos e mendigos, fidalgos e aguardente, trapeiros e sacerdotes, coveiros e apóstolos, santos e famintos, sultanas e cadelas, bobos e cortesãs, escravos e libertos, tudo isto é da sua corte. O próprio Deus, o próprio céu rende-se, quando se lhe mostra um punhado de ouro".
Enquanto isso, com a putaria comendo solta, nós, como o personagem de Shakespeare, vamos comendo raízes... Mas sem perder a fé e a ternura jamais...
Entrevistaram o Mendigo KY
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=yB_NsC5ZcLo