sábado, 19 de março de 2022

Caminha... e a arte de escrever... O prazer do texto...

Nesta última semana dediquei-me a ler os livros do Edimílson Caminha. Quem quiser 'tomar gosto pela leitura'; saber o que aconteceu culturalmente no país nos últimos 50 anos e aprender a escrever, deveria fazer o mesmo.

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Fiquei sabendo, por exemplo:

1. Que Clarisse Lispector era ucraniana. Não sei se de Kiev, mas ucraniana. E que participou, na Colômbia, do Primeiro Congresso Mundial de Bruxaria, em 1975.

2. Que Darcy Ribeiro, ao receber o título de Dr. Honoris Causa da Sorbonne, conclamou em seu discurso: "Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei..."

3. Que, para Nelson Rodrigues, o então famoso arcebispo de Olinda, Dom Hélder Câmara, só se lembrava de que existia céu quando queria saber se ia chover.

4. Que o verso que muitos gostam de recitar achando que é de Borges: (se pudesse viver novamente minha vida, / na próxima trataria de cometer mais erros...) não é de autoria de Borges. E que uma das músicas preferidas do autor da História Universal da Infamia era a de Pink Floyd: Another brick in the wall. 

5. Que o grande Olivier Sacks, autor de O homem que confundiu sua mulher com um chapéu, ouviu da mãe, ao sabê-lo homossexual: "Você é uma abominação, quisera que nunca tivesse nascido", e que em 1973 decidiu por uma rigorosa abstinência sexual que durou 35 anos.

6. Que na festa de coroação do Papa Clemente VI (1342), o cardápio incluiu, entre outras coisas, 1500 galos capões.

7. Que ouviu de Raquel de Queiroz: "Se quero escrever, por exemplo, que um sertanejo cospe fora o chiclete e diz que vai à zona, tenho de saber se, no sertão daquele tempo, as pessoas mascavam chiclete e chamavam de zona o lugar das prostitutas".

8. Que a frase: "Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar para a história", atribuída a Getulio Vargas, antes de dar-se um tiro, havia sido escrita dez dias antes, não por ele, mas por José Soares Maciel Filho. Enfim, que a existência de ghost writer, induz o mundo ao niilismo bem mais do que todas as obras de Dostoiévski, juntas... 

e outras maravilhas...





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