E o número de mortos não para de crescer. Parece que não há mais o que se possa fazer!. E, quase mais terrível do que essa mortandade toda, é o cabotino silêncio nacional. Há uma paralisia esotérica no ar. Uma discussão interminável entre palhaços, alguns histrionismos perfumados a soldo e por ofício, desde seus esconderijos, e nada mais. Sim, quase por vício e por merchandise... Onde se meteram os movimentos sociais e os partidos? Todos calados e paralisados diante do horror. Mais de 3 mil cadáveres, todos os dias. Sim, é compreensível, já não comovem mais ninguém. Onde estão os heróicos partidos? Os heróicos sindicatos? Os heróicos delirantes de turno que vieram fazendo teatro e demagogia por décadas? E as Universidades? Por que baixaram as lonas? Como conseguirão encarar seus alunos no porvir?
Ah!, apenas discussões entre palhaços! Frases mal pronunciadas! O horror dos hospitais e dos cemitérios... Só a passividade social nos une. Uma sociedade de Barnabés! O rebanho está fatigado. Passivo e sob uma mortalha... Desde sua miopia não quer compreender que a miragem que tremula diante de si e que o confunde é a de um cemitério. Todo mundo inebriado em seus próprios resmungos estéreis e a espera por um milagre, por uma anunciação, ou que Godot aparecendo na esquina interrompa o desastre. Um fracasso que comprometerá gravemente mesmo àqueles que sobreviverem. Uma república ajoelhada, que restringiu seu 'gesto revolucionário' ao histérico bater de panelas nas varandas para, no dia seguinte, em desespero, colocar a cabeça quase que voluntariamente sob a lâmina da guilhotina. Inércia. O que aconteceu com as massas? O que acontece com os responsáveis por essa chacina? 3 mil mortos todos os dias e o silêncio. E muitos, por falta de ar. Respirar! Como deve ser melancólico ouvir um moribundo pedindo ar. Deixando a vida por falta de ar... E não poder sequer abrir-lhe uma janela... Quem é, afinal, que verdadeiramente está pisoteando o Contrato Social?
Mesmo no meio desse horror e dessa passividade de ovelhas, não para justificar-se, mas para sair da inércia, é importante lembrar que "freqüentemente nem os criminosos estão à altura de seus atos: eles o diminuem ou o caluniam..."
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