sexta-feira, 24 de julho de 2020

A prisão que abalou Brasília!


"Se o trabalho do homem médio (e das donas de casa) exigisse a metade da agilidade mental e criatividade do trabalho da proprietária de um bordel comum, este homem (e estas donas de casa) estaria sempre a um milímetro de passar fome..."
H.L.Mencken

Nova prisão? Quem? De qual partido?
A cidade parou. Todo mundo, até os aposentados, os mendigos e os brochas, queriam saber em detalhes como foi a prisão da Pâmela Pantera (a prostituta encantadora que faturava alto aqui pelos apriscos da Republica!).  Dizem que cobrava 200 euros para uma noitada completa e regada à cocaína. Mas estas são noticias não confirmadas, vindas de uma mídia essencialmente feminina que, neste momento, também está atordoada com os dotes da Pâmela Pantera, com seu olhar até infanto-juvenil, para atiçar a tara pedófila dos clientes. Acostumada a passar temporadas na Ilha espanhola de Ibiza, será que a presa também frequentava a ilha de Lesbos, na Grécia? Curiosamente, na foto acima, que deve ter sido feita em uma de suas alcovas, pode-se ver, ao fundo, uma estatueta de Buda. Seria, além de tudo, budista? A velhinha que sempre encontro no mercado estava lá, me esperando, para comentar o fato. Seus olhinhos brilhavam, como se a presa fosse sua filha ou sua vizinha. A primeira coisa que me segredou foi que a primeira ação da moça, ao ser abordada pela polícia, foi ameaçar tirar a roupa. Não lhe disse nada, mas pensei: Caralho! Que fantástico! Esse gesto e essa intenção é transcendente! Faz desmoronar todos os pilares delirantes da Ordem, estabelecida a custa de mentiras e de chicotes. Pisoteia tudo o que se escreveu até hoje sobre filosofia, psicologismo, existencialismo. Foi um impulso autenticamente niilista da moça diante da Lei, da Autoridade, da Policia. Como se estivesse dizendo: Eu cago sobre toda a civilização! Sobre todos vocês, seus punheteiros de merda! Eu os conheço na intimidade! Sei o que fizeram ontem à noite e o que fizeram quando me viram, pela primeira vez, estampada nua na capa daquela revista...  A visão que vocês têm das mulheres é quase demencial! Frequentei grande parte das alcovas e dos gabinetes desta cidade, desse michê, que vocês chamam república... Temos quase a mesma idade! Sei de vocês, de vossos avós, pais, tios e chefes o que vocês nem imaginam! Sim, sobre vocês, sobre suas pobres famílias e sobre a república. Conheço o abismo que marca o teatro público do teatro íntimo. Sou puta, mas não sou burra! Poderia muito bem ser irmã de vocês, uma funcionária pública, a pastora de uma irmandade qualquer. Mas aprendi desde sempre, que o mundo é regido por sexo e drogas. Que a vida, em si, não basta! E tenho feito pelas outras mulheres e pelas multidões femininas silenciosas bem mais do que os professores de ética e de sociologia. O que é um corpo? O que é uma trepada? O que são as lambidas que essa pobre espécie tanto idealizou? O que é tudo isso diante da cadeia a que vocês, por obrigação de ofício, terão que me conduzir? Com que lógica? Com que sentido? Com que razão? Pensem! Me digam: Existirá algum prostíbulo, algum puteiro, que seja pior e mais aviltante do que uma cadeia??? Enquanto isso, enquanto vocês me prendem, vossas irmãs, mães e filhas e até esposas estão, neste exato momento, sendo escravizadas numa fabrica, num shopping, numa igreja ou num escritório...  Os mesmos antros miseráveis e geradores de misérias por onde passaram e foram pisoteadas e humilhadas também vossas avós... E tirem as mãos de sobre esses trabucos que levam na cintura! Eu os conheço muito bem e sei o que eles, na verdade, representam. Nada é mais significativo da alienação e da fragilidade masculina do que um trabuco na cintura. Sobre sexo, algemas, chicotes e moral, conheço em pormenores as aberrations republicanas... eu poderia dar aulas na USP e até na Paris VII, e não aos alunos, mas aos Mestres. Olhem bem nos meus olhos. Tirem os olhos de meus quadris, lembrem: eu não sou nem a irmã e nem a mãe de vocês! Para mim, ir para a cadeia é apenas mais um show. Sei o  que o judiciário inteiro estará falando e fantasiando nas próximas semanas. Sei o que pensará o advogado que, a estas horas, já está preparando meu habeas corpus... O alcaguete que me interrogará e o pastor que me levará um livro qualquer, com a demagogia de estar aplacando minha solidão... O mundo, meus carcereiros, ficou muito pequeno para mim! Sempre foi, mas agora o é ainda mais, um covil vagabundo! Uma pocilga! Vamos. Aqui está meu celular, mas não há nele nenhuma das informações que buscam! Sou puta, mas não sou burra e nem delatora...





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