"O Rei está morto. Longa vida ao Rei!" OU: Somos todos monarquistas!...
Há umas duas semanas o mundo não fala em outra coisa que não seja das fofocas e dos fuxicos familiares no interior das alcovas do Palácio de Buckingham e da Monarquia Britânica. E a rainha aparece com seu chapéu e seu vestido amarelo de sempre. O filho da rainha se esquiva enquanto os príncipes não escondem o incômodo com as algemas. Já, os súditos, contratados e voluntários, arrastam malas, secam suores, coçam o saco, catam piolhos nos condes e nas condessas, nos duques e nas duquesas, e ninguém se envergonha com o fato de que ainda exista uma monarquia e uma monarca no mundo. Que ainda exista uma confraria, vinte ou trinta sujeitos, que acreditam ser enviados por Deus para fazer filantropia e adocicar a pílula da ralé. Inacreditável. E o mais curioso e paradoxal é que esse Circo Real, ao invés de causar indignação, pelo menos aos milhões dos fodidos suburbanos daquele próprio país, causa fascínio. O populacho perde o fôlego ao ver a trupe arrastando braceletes cravejados de diamantes e as escrituras das terras de sete ou oito países. Nostalgia feudal! Deslumbramento de subalternos, excitação de vira-latas! A ralé quer e faz de tudo para ver SUA MAGESTADE, a rainha, os condes, os príncipes e os bebês sagrados sendo amamentados, os cavalos inquietos, as carruagens, as xícaras com que bebericam chás as 5 da tarde... E a admiração pela corte e pela linhagem monárquica é tanta que muitos energúmenos gostariam até de ser as pedras dos jardins do Palácio de Buckingham para serem pisoteados por eles, enquanto gritam: Oh majestade! Somos todos monarquistas!
Com que sonham as galinhas? Com milho!
Um mistério! Um verdadeiro mistério! Um show de subserviência, de alienação e de caráter suburbano que vem de longe e que se a psicanálise não conseguir explicar, talvez, só mesmo os futuros estudos do DNA possam vir a fazê-lo...
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