E o Congresso Nacional continua na mesma
lengalenga. Nada, absolutamente nada objetivo, real, prático, para acontecer
amanhã de manhã. Só metafísica. Só lero-lero! Artimanhas, mentiras históricas.
Até os supostos avanços “sociais” dos últimos cinquenta anos, foram todos forjados
pelo capitalismo predador e pela indústria que precisou manter viva a plebe e
"socializar" sua produção de porcarias. Nada, absolutamente nada se
deve à política e muito menos à politicagem... Propagandas fraudulentas. Filosofia
da miséria. Doações! Sucateamento de tudo. Leis pra lá e leis pra cá. Feudos!
Seitas! Tropas! Confrarias! Emendas, portarias, projetos, ante projetos, militância,
apatia, fusão de partidos. Fusão de órgãos, novos ministérios... Previsões
futuristas. Charlatanismos de todas as ordens! Novas divisões da bolada. E ninguém sai. Mudam as siglas, as
máscaras, os discursos, as concepções ideológicas, os paletós, as chefias, as
amantes, os assuntos, as brilhantinas, mas todo mundo continua lá. Há sujeitos
que já estão divagando dentro daquelas paredes há mais de quarenta anos, sem terem agregado
absolutamente nada a lugar nenhum. Se elegem e se reelegem quantas vezes
querem, sempre dando bananas e pirulitos a seus eleitores, essa massa de
milhões e milhões de pobres coitados que nunca conseguiram curar-se das torturas
do estômago, nem da mentirada dos coronéis e nem dessa espécie de simbiose
maligna onde uns precisam alimentar as vísceras e os outros o ego... E não se
iludam, eles continuarão aí durante os próximos 500 anos, pois já iniciaram
seus filhos, netos, bisnetos, sobrinhos, enteados, puxa-sacos de toda ordem...
Lembrem-se: a força dessa gente, como a das víboras, apesar da fala mansa e
"humanista", está no rabo e o veneno nos dentes. Viuvez irracional!
Torpe voracidade! O cérebro danificado por tanto tempo de despiste e de
traquinagens... Estranha e doentia insistência em permanecer numa condição
terceiro mundista...
Ah.., e saber que se poderia decidir esse incomodo até por sorteio...
Sim, já que acreditam tanto na importância quase sagrada da trupe parlamentar, a cada
cinco anos se poderia elege-la por sorteio. Seria a única maneira de colocar um
ponto final nesse circo, de desbancar esse gueto e de impedir que
outros malandrins se instalem por lá... Além do que, teríamos a oportunidade de
ver no Congresso Nacional, finalmente, seres verdadeiramente bizarros como, por
exemplo, um sapateiro, um cigano, o comerciante da esquina, uma mocinha da
vida, um barbeiro, uma freira, um gladiador, um trapezista, uma enfermeira, um
poeta de fim de noite, um criador de cabras, um carcereiro de presídio, uma
bibliotecária... Cada um, escravo de sua narrativa e a sua maneira tendo, por fim, o direito de, pelo menos por cinco anos, também exercer sobre nós sua crueldade inocente...
(Ilustração El Roto)
Como diz um amigo meu: tudo culpa do nosso povo bovino...
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