Foi lá na colina de Montmartre, em Paris (1554), que sete ou oito
aventureiros - comandados pelo basco Inácio de Loyola - engendraram os
estatutos daquilo que viria ser conhecida por Companhia de Jesus ou,
jesuitismo, cuja doutrina e cuja militância estavam sustentadas e baseadas
sobre três pilares: castidade, pobreza e "disciplina como a dos
cadáveres", que foi logo aprovada pelo papa de então, Paulo III. Aliás, a
obediência ao papa nos protocolos daquela entidade era incondicional,
inclusive, é desse fanático basco a conhecida frase: "acredito que o
branco que eu vejo é negro, se a hierarquia da igreja o tiver determinado".
E foi com esse fanatismo e com esse rigor que se espalharam pelo mundo,
"catequizando", com os olhos voltados principalmente para o ensino
básico. Bem antes de Freud essa milícia já devia pensar: nos deem os
primeiros dez anos de vida de uma criança e podem ficar com o resto.
Estiveram em Lhassa, no Tibete; no Ceilão; no Congo; em Portugal; no Paraguai,
na América latina inteira e, claro, aqui no Brasil onde, de um extremo a outro
do país, as escolas eram comandadas por eles, até que marques de Pombal
obrigou-os a cair fora.
Bem antes de Fulgêncio e de Fidel (1720-1767) esse braço
militante do Vaticano, também passou por aquela ilha, fazendo por lá grandes
negócios, adquirindo imóveis, latifúndios "latifúndio jesuítico",
engenhos de açúcar, escolas etc. etc. Na lista de bens desses apóstolos da
castidade e da pobreza constam, entre outras coisas, 12 fazendas de gado e de
criação de porcos (hacienda Puercos gordos y Guaiquiba), e também grandes
criações de cavalos. Um dos investimentos mais importantes dos jesuítas nos
arredores de Havana foi a construção do engenho San Ignácio (nome do fundador
da militância) ao qual estavam vinculados 230 escravos. Uma curiosidade: o
engenho San Ignácio e o latifúndio de Puercos Gordos, num determinado momento
foram administrados nada mais nada menos que pelo futuro corsário Antonio
Rocabruna. Blábláblá......
Todas essas informações (e muito mais) estão nas 96
páginas do livreto Los Jesuitas en Cuba hasta 1767, escrito por Pedro M.
Pruna, e publicado pelo Editorial de Ciências Sociales. La Habana, 1991.
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